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Adeus PIB

Oitenta anos passados sobre a introdução do PIB como medida de análise do crescimento económico dos países, são várias as vozes que defendem uma nova métrica para avaliar o progresso social das nações. Académicos como Michael Porter ou Nicolas Stern e laureados com o Nobel da Economia, como Joseph Stiglitz e Amayrta Sen, são apenas alguns dos que contribuíram para o Índice de Progresso Social, lançado este mês e no qual Portugal ocupa uma honrosa 22ª posição

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Comemorou-se, a 4 de Janeiro do corrente ano, o 80º aniversário do Produto Interno Bruto enquanto medida de análise do crescimento económico dos países. Criado pelo economista norte-americano Simon Kuznets, a pedido do 73º Congresso norte-americano, com o propósito de avaliar a actividade económica dos Estados Unidos no auge da Grande Depressão, o relatório que viria a ser intitulado “O Rendimento Nacional 1929-1932”, chegou ao Senado a 4 de Janeiro de 1934. O relatório em causa viria a representar a primeira análise que um Estado faria da sua actividade económica em termos holísticos. Desde a sua introdução, que o Produto Interno Bruto, globalmente conhecido como PIB, assumiu uma autoridade inquestionável e sem rival enquanto medida de análise do progresso de um país.


Todavia e como nada é estático e muito menos o mundo, nos últimos anos - e, em particular, desde a última Grande Recessão -, têm sido várias as vozes que defendem que o velhinho PIB não serve para quantificar, nem para definir, o progresso dos países para além dos seus indicadores económicos puros.


Em 2009, e no seguimento do ano terrível de 2008, o Conselho para a Filantropia e Investimento Social, constituído por um conjunto de académicos, líderes empresariais e empreendedores sociais propôs, no âmbito do Fórum Económico Global, a criação de um novo índice, inspirado no Índice da Competitividade Global, para estimular a concorrência entre nações de forma a inspirá-las para a melhoria das suas condições ambientais e de inovação social.


O repto foi lançado por Thomas Bishop, o responsável pela filial da revista Economist em Nova Iorque. Em Abril de 2013, e com uma metodologia criada por Michael Porter, em representação da Harvard Business School e por Scott Stern, do MIT, a primeira versão beta do novo Índice de Progresso Social (SPI, na sigla em inglês) era publicada, pelo Social Progress Imperative, uma organização não-governamental norte-americana, e lançada oficialmente no 10º Fórum Anual da Skoll Foundation. Cobrindo apenas 50 países, o novo IPS consistiu num esforço inovador para avaliar o quão bem (ou mal) os países serviam os seus cidadãos no que respeitava às suas necessidades não económicas.


Com metodologia revista e refinada não só pelos dois prestigiados académicos acima citados, mas por um leque variado de especialistas, e com a preciosa ajuda, em termos conceptuais, dos dois laureados com o Nobel da Economia, Joseph Stiglitz e Amayrta Sen, em conjunto com o economista francês Jean-Paul Fitoussi, o novo Índice de Progresso Social 2014 foi formalmente apresentado e divulgado a 3 de Abril último, no Fórum Mundial da Skoll, desta feita integrando já 132 países, avaliados de acordo com 54 indicadores no que respeita aos resultados sociais e ambientais das nações em causa.


Concebido para avaliar directamente o progresso social das nações, independentemente do seu desenvolvimento económico, o IPS incorpora quatro princípios por excelência:


- Indicadores exclusivamente sociais e ambientais, com o objectivo de avaliar o progresso social de uma forma imediata, sem recorrer aos valores económicos;


- Resultados e não outputs, na medida em que a pretensão do índice é avaliar os resultados que interessam verdadeiramente para a vida das pessoas;


- Exequibilidade, enquanto ferramenta prática e com especificidades suficientes para ajudar os líderes governamentais, empresariais e da sociedade civil a compararem a performance das diferentes nações e a implementarem políticas e programas que darão origem a um progresso social mais célere;


- Relevância para todos os países, visto que o Índice visa criar uma estrutura para a avaliação holística do progresso social que abrange a “saúde” das sociedades em todos os níveis de desenvolvimento.

 

 

Portugal e Estados Unidos partilham o mesmo “patamar” do IPS
De acordo com os criadores do Índice, a definição de progresso social consiste na capacidade de uma sociedade satisfazer as necessidades básicas dos seus cidadãos, estabelecendo os componentes necessários que permitam a estes, bem como às comunidades onde estão inseridos, melhorar e manter a qualidade das suas vidas, ao mesmo tempo que cria as condições fundamentais para que todos os indivíduos possam atingir o seu potencial.


Dividido em três grandes áreas – Necessidades Humanas Básicas, Fundamentos do Bem-Estar e Oportunidades - o Índice de Progresso Social prova, nas palavras de Michael Porter, um dos seus principais dinamizadores, que “apesar de um PIB per capita mais elevado estar correlacionado com o progresso social, esta correlação está longe de ser automática”. Porter acrescenta que “para níveis similares de PIB, percebemos que vários países, de que é exemplo a Nova Zelândia, que é a 1ª no ranking, atingem níveis muito mais elevados de progresso social”.

 

 

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