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Uma nova corrida ao "Ouro Verde"

A aposta de empresários espanhóis no Alentejo mostrou que o investimento no azeite pode ser bastante rentável

15 de Dezembro de 2010 às 08:00
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Portugal foi o último país a ter autorização para plantar olival com benefícios comunitários. Mas foi só há cerca de um par de anos que se concretizou o Plano de Dinamização da Fileira Oleícola, que deveria ter sido dinamizado entre 2000 e 2006.

Nos primeiros anos em que vigorou, a sua execução foi muito baixa. Chegou mesmo a temer-se que a quota concedida a Portugal, que autorizava a plantação de 30.000 novos hectares de olival com direito a ajudas à produção, não fosse atingida. A situação inverteu-se completamente a partir de 2003, principalmente devido à alteração da Política Agrícola Comum (PAC) e ao fim das ajudas directas, e à disponibilidade de água da albufeira do Alqueva. Esta situação também contribuiu para o interesse de empresários espanhóis em investir em olival no Alentejo. A entrada destes, além de ter servido de "motor" ao investimento na olivicultura, contribuiu de forma marcada para a evolução do sector, com a introdução de novas técnicas e melhorias tecnológicas.

A actual plantação intensiva e super intensiva do olival, em linhas, facilita o maneio da cultura, principalmente as operações mecânicas de poda e colheita, que podem penalizar fortemente os seus custos. A introdução da rega contribui, não só para o aumento da produção, mas também para que não haja grandes oscilações nela devido à variação das condições atmosféricas ao longo do ano.

Ou seja, os olivicultores produzem hoje mais, com custos mais baixos. Para além disso, a área de olival cresceu muito e ainda hoje está a aumentar. O impacto no consumo foi lógico: o preço do azeite baixou. Mas a evolução não ficou apenas por aqui, pois também chegou ao lagar. A melhoria da qualidade e limpeza da azeitona que entra nos lagares e os avanços tecnológicos nesta área, também contribuíram para a melhoria qualitativa do produto final. Exemplo dessa evolução foi a atribuição, em 2009, de quatro dos 11 Prémios Mário Solinas, promovidos pelo COI, a produtores de azeite portugueses - a Casa Agrícola Rebordo Madeira (CARM), de Almendra, a Quinta da Fonte, de Mirandela, e a Sociedade Agrícola do Monte Novo e Figueirinha, de Beja.

Para João Cortez Lobão, proprietário da Herdade Maria da Guarda, em Serpa, "o olival é base de um produto em grande crescimento, de consumo no mundo inteiro, o azeite, que, sendo uma 'commodity', pode ser negociada em quantidades grandes". Este empresário já investiu sete milhões de euros no negócio e tem, neste momento, plantadas 600 mil oliveiras com menos de três anos, em cerca 500 hectares. Correspondem a 800 km de linhas de oliveiras plantadas em sebe. Planeia investir mais sete milhões de euros na construção de lagar e na compra de mais terra na região. Está a lançar a sua marca, Lagaretta, mas vende a maior parte do que produz a granel, principalmente para Itália.

O Grupo Sovena, que comercializa as marcas Oliveira da Serra e Andorinha, tem uma presença muito forte em Espanha e é actualmente um dos principais operadores a nível mundial no sector dos azeites. Deu, este ano, início à construção de um lagar e comprou o Projecto Terra ao Grupo alimentar espanhol SOS. A operação elevou a área de exploração agrícola desta empresa nacional, que tem 1000 hectares em Espanha e outros tantos em Marrocos, a um total de 12 mil hectares. A Sovena criou, assim, aquele que é considerado o maior olival do mundo, o que lhe permitiu aumentar a sua auto-suficiência e integrar mais a cadeia de valor - produção, transformação e embalamento.

O olival em Portugal desenvolveu-se fundamentalmente no Alentejo nos últimos anos, embora haja investimentos de alguma monta em Trás-os-Montes, Ribatejo e em algumas zonas da Beira, mas com menor expressão. Mas a quantidade de azeitona produzida em território nacional ainda não chega para colmatar as necessidades de consumo nacionais.

Segundo Mariana Matos, secretária geral da Casa do Azeite, já estamos relativamente próximos disso. E dentro de dois a três anos Portugal será um país auto-suficiente, garante.

Clique aqui para visualizar o quadro: Países do Mediterrâneo dominam o planeta do azeite


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