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Seguros: Duas rodas e pouca cobertura

Não é fácil proteger a sua moto em caso de acidente. As seguradoras reservam as coberturas de danos próprios para os "bons clientes"

20 de Julho de 2015 às 11:23
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Roubos, incêndios do motor ou despistes de motociclos não são facilmente cobertos por um contrato de seguro. Se quer ampliar a proteção da sua moto para lá da obrigatória responsabilidade civil perante terceiros, saiba que a maioria das seguradoras impõe vários requisitos. Entre os mais comuns está a contratação de outras apólices ou o pagamento de franquias elevadas, que podem chegar aos 20 por cento. Quer isto dizer que, em caso de sinistro, o valor correspondente a 20% do prejuízo ficará sempre a cargo do cliente e a seguradora só suportará o restante.

Se comprou uma moto com recurso a leasing, terá de contratar um seguro com coberturas de danos próprios. Mas, nesse caso, não deverá ter dificuldades em subscrevê-lo, uma vez que a generalidade das locadoras tem acordo com uma companhia e disponibiliza uma apólice com estas coberturas. Já se a compra foi feita com capitais próprios ou com recurso a outro tipo de financiamento e é sua intenção proteger os danos na moto resultantes de um sinistro da sua responsabilidade, então, terá de procurar uma seguradora que aceite subscrever um seguro de danos próprios. E não há muitas que o façam. Na OK! Teleseguros encontra a "porta" aberta, embora sujeita a uma franquia de 8 por cento. Na Allianz e na Liberty, a franquia sobe até aos 20% e na Seguros Continente está fixa em 500 euros.

Esta informação foi recolhida no levantamento da oferta de seguros para automóveis e motos que fizemos em fevereiro. As seguradoras Allianz, Generali, Liberty, Mapfre, Seguros Continente e OK! Teleseguros enviaram-nos todos os dados sobre os seus produtos. A Novo Banco e a Popular Seguros participaram também no estudo, mas não dispõem de oferta para motas.

A esta pesquisa adicionámos informação sobre os seguros para motos da Logo, da N Seguros e da Tranquilidade, que conseguimos obter nos respetivos portais. A maioria destas seguradoras admite que só aceita a contratação de coberturas de danos próprios a motociclistas que já tenham subscrito outros produtos e, ainda assim, mediante uma análise do seu perfil de risco.

Idade do condutor e da moto influenciam prémio
Só nos primeiros três meses deste ano foram vendidas cerca de 3000 motos em Portugal. No ano passado venderam-se mais de 15 mil. Todas estão sujeitas à obrigatoriedade de contratação de um seguro de responsabilidade civil, que garanta o pagamento de indemnizações a terceiros até ao limite de 1 milhão de euros por prejuízos materiais e de 5 milhões por danos corporais.

Esta apólice é igual em todas as seguradoras. E, não dispondo de informações sobre como será a qualidade do serviço prestado em caso de acidente, é natural que o consumidor baseie a sua escolha apenas no preço. Este varia em função da idade do condutor, da sua experiência, do seu histórico de acidentes, da idade do veículo e da região do País em que habitualmente circula.

No quadro em cima, encontra quatro cenários para um condutor de 30 anos, que circule na zona de Lisboa, com carta há dez anos e sem acidentes no currículo. Pedimos às várias companhias simulações para os quatro modelos de motos mais vendidos em 2014 em cada segmento (até 250 cc; 250 a 500 cc; 500 a 750 cc e acima de 750 cc). Para cada uma delas, apresentamos as Escolhas Acertadas para o pacote mais simples, apenas com a cobertura obrigatória de responsabilidade civil e assistência em viagem. Pedimos também simulações para pacotes mais completos, que adicionam à versão simples as coberturas de danos próprios para choque, colisão e capotamento, furto ou roubo e incêndio, raio e explosão.

É precisamente no pacote com danos próprios que a poupança anual é mais relevante. Se optar pelas nossas Escolhas Acertadas para motos com cilindradas mais elevadas, poupa até 177 euros por ano face à média dos preços praticados pelas seguradoras que participaram nosso estudo. Já para cilindradas até 750 cc, o protocolo que negociámos com a OK! Teleseguros pode ser mais vantajoso. Além de prever um desconto mínimo de 10% no prémio anual, garante um contrato redigido com linguagem simplificada, sem cláusulas lesivas ou de interpretação ambígua. A aceitação do seguro para motos usadas está, contudo, sujeita a análise pela companhia. A Allianz é uma das opções mais baratas para motociclos de baixa cilindrada. Mas assume uma política muito restritiva, só aceitando coberturas de danos próprios a clientes que já tenham três apólices "não vida" na companhia (por exemplo, casa, carro e saúde) e que queiram segurar motociclos novos ou comprados com recurso a financiamento, sem histórico de acidentes.

À terceira tem de ser de vez
Se o seu currículo na estrada conta com acidentes de que é responsável, será certamente mais difícil a missão de encontrar uma seguradora que aceite cobrir a sua moto. A generalidade das companhias considera que os condutores de motociclos estão muito expostos ao risco de acidente e o historial com um sinistro só vem acentuar estes argumentos. Ainda assim, o seguro de responsabilidade civil é obrigatório e não pode circular sem ele. Por isso, tal como acontece com o seguro automóvel, se lhe for negada a contratação do seguro em várias companhias, pode reunir três declarações de recusa e apresentá-las junto da Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (www.asf.com/pt). Nestes casos, o supervisor encarrega-se de nomear uma dessas três companhias para fazer o seguro.


Este artigo foi redigido ao abrigo do novo acordo ortográfico.

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