Notícia
Jogos Olímpicos: que ações levam as medalhas?
Para as grandes empresas envolvidas no Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro, o impacto será mínimo. Os Jogos são um evento pontual e os investidores olham além destas semanas de espetáculo desportivo. Para os intervenientes de menor dimensão são uma oportunidade para assinar alguns bons contratos.
16 de Agosto de 2016 às 10:23
AB InBev (112,00 euros)
Com 18,5% das suas receitas no Brasil (antes da fusão com a SABMiller), a cervejeira belgo-brasileira pode desfrutar de maiores volumes vendidos durante o período dos Jogos. Mas o efeito será provavelmente temporário e está já incorporado. No primeiro trimestre de 2016, a AB InBev registou um declínio de 8,5% nos volumes vendidos domesticamente, mas também noutros mercados. A possível fusão com a SABMiller não irá resolver todos os problemas.
Conselho: a ação está cara para comprar. Mantenha.
Accor Hotels (35,73 euros)
Maior grupo hoteleiro no Brasil (com 7% das receitas), a empresa abriu seis novos hotéis para capitalizar o movimento dos Jogos e o desenvolvimento da classe média. Este último efeito tem sido, no entanto, afetado pela crise económica, pesando sobre os resultados da empresa. Terminados os Jogos, a Accorhotels deverá rentabilizar os investimentos feitos no país, mas tem ainda um longo caminho a percorrer.
Conselho: a ação não está atrativa, apesar da queda de cotação. Mantenha.
Adidas (146,80 euros)
Ao longo dos próximos cinco anos, o principal desafio para a Adidas será assegurar uma trajetória positiva para a sua rentabilidade operacional (menos de metade da Nike) e a necessidade de entrar na guerra de marketing com os seus concorrentes, entre os quais... a Nike. A implementação do plano estratégico, redefinido em março de 2015 (foco urbano, menos modelos, e-commerce) terá de ser irrepreensível, após os lucros dececionantes que apresentou em 2013 e 2014. A empresa também deverá desinvestir nalguns produtos (TaylorMade Golf e Reebok). O grosso deste trabalho irá recair em grande parte em 2017 e sobre os ombros de uma nova administração.
Conselho: depois da forte subida de dois anos, as possíveis melhorias parecem bem integradas na cotação sem deixar muito espaço para eventuais erros. Venda.
Atos (88,38 euros)
O grupo francês de serviços de informática é um dos principais parceiros tecnológicos dos Jogos. Além da conceção e funcionamento dos sistemas de gestão e administração dos Jogos (creditações, inscrições, etc.), a Atos forneceu também a componente de tecnologias de informação (TI) dedicada à divulgação de informações. O contrato, que incluiu os Jogos desde Salt Lake City, em 2002, tem pouco peso no volume de negócios que foi 10,7 mil milhões de euros em 2015. Na organização de uns Jogos, o orçamento de TI está estimado em 500 milhões de euros para os Jogos de verão e 300 milhões de euros para os Jogos do inverno, montantes que a Atos partilha com os outros intervenientes. Os Jogos Olímpicos são acima de tudo e principalmente uma montra mundial para a marca.
Conselho: com a chegada do atual CEO, a empresa recuperou o seu brilho. A cotação quase que quintuplicou desde 2008 e já reflete o valor da empresa. Mantenha.
Cisco (31,04 dólares)
Nos Jogos, a Cisco fornece e assegura a gestão de equipamentos para redes e servidores nos vários locais destinados à imprensa. Destinado principalmente a profissionais, a Cisco conta com este evento para melhorar a notoriedade. O impacto direto dos Jogos Olímpicos sobre os resultados deste ano será insignificante, tendo em conta a escala deste gigante global.
Conselho: o grupo colhe neste momento os frutos de uma restruturação bem conduzida. Apesar da subida da cotação em mais de 25% desde o nosso conselho de compra, a ação mantém potencial. Compre.
Comcast (67,39 dólares)
Os Jogos Olímpicos serão um grande evento para a norte-americana Comcast que detém a rede de televisão NBC e prevê 6000 horas de emissão relacionada com os Jogos. Através deste evento, a Comcast vai tentar chegar a um público mais jovem e que se está a afastar da televisão tradicional. As transmissões serão igualmente divulgadas nas redes sociais e aplicações móveis, gerando maiores receitas publicitárias. O grupo tem investido fortemente nos últimos anos para introduzir uma oferta tecnológica competitiva visando resistir à concorrência de grupos como a Amazon, Netflix ou Apple.
Conselho: desde o início do ano, e com bons resultados, a cotação da Comcast subiu 19% e está agora corretamente avaliada. Mantenha.
GOL (17,66 dólares)
A companhia aérea low-cost brasileira enfrenta um elevado nível de endividamento, herdado do período de crescimento económico e de baixas receitas por lugar. A crise económica afeta os viajantes da classe média num setor penalizado por sobrecapacidade. A GOL acumula perdas há já vários anos.
Conselho: ação muito arriscada para se aventurar. Fique afastado.
Nike (55,85 dólares)
O crescimento desacelerou para a empresa líder em equipamentos desportivos, seguindo o mesmo destino dos seus concorrentes (incluindo a Adidas e Under Armour). Mas a longo prazo, impulsionado por grandes fluxos regulares de dinheiro, permanece algum otimismo: o poder do marketing, especialmente durante os grandes eventos desportivos (Jogos Olímpicos, etc.), a eficiência do processo produtivo e o potencial de crescimento nos mercados emergentes deve permitir ao grupo manter a liderança na indústria. No entanto, não será fácil atingir a meta anunciada de 50 mil milhões de dólares de receitas em 2020 (contra 32,4 mil milhões em 2016).
Conselho: à cotação atual, uma deceção na evolução do negócio será muito sancionada em bolsa. Venda a ação pois está muito cara.
Samsung Electronics (1 561 000 won)
A Coreia do Sul pretende utilizar o Rio como uma montra do seu know-how. Irá equipar 12.500 atletas com o seu smartphone Galaxy S7 especial Jogos Olímpicos. A Samsung espera que os desportistas tirem fotos e que partilhem o seu dia a dia com resto do mundo através deste modelo.
Alguns eventos (cerimónia de abertura e de encerramento) e algumas modalidades (basquetebol, atletismo, etc.) também poderão ser vistos a partir de novos ângulos através de aparelhos Samsung e apenas para assinantes da NBC. Esta estratégia de marketing terá um impacto mínimo sobre o grupo que deverá, como os seus concorrentes, enfrentar uma desaceleração do mercado de smartphones (+14% em 2015, mas apenas +7% em 2016) e uma pressão sobre os preços.
Conselho: a Samsung procura novos vetores de crescimento para os smartphones como a integração com os veículos móveis e entre objetos conectados. A cotação está ao nível mais elevado dos últimos anos. Mantenha.
Technogym (3,72 euros)
Esta empresa italiana, que produz equipamentos de topo de gama de fitness (tapetes de corrida, equipamentos de musculação), assinou um contrato significativo por ocasião dos Jogos. A Technogym enviou 1.200 máquinas para equipar o centro de treino da aldeia olímpica e espera torná-lo num expositor para prosseguir a sua expansão neste setor em crescimento - bem-estar e exercício físico. Esta estratégia será financiada pelo encaixe financeiro conseguido com a bem sucedida entrada em bolsa, concluída em maio de 2016.
Conselho: à cotação atual, a ação não está atrativa. Fique afastado.
Este artigo foi redigido ao abrigo do novo acordo ortográfico.
Com 18,5% das suas receitas no Brasil (antes da fusão com a SABMiller), a cervejeira belgo-brasileira pode desfrutar de maiores volumes vendidos durante o período dos Jogos. Mas o efeito será provavelmente temporário e está já incorporado. No primeiro trimestre de 2016, a AB InBev registou um declínio de 8,5% nos volumes vendidos domesticamente, mas também noutros mercados. A possível fusão com a SABMiller não irá resolver todos os problemas.
Conselho: a ação está cara para comprar. Mantenha.
Accor Hotels (35,73 euros)
Maior grupo hoteleiro no Brasil (com 7% das receitas), a empresa abriu seis novos hotéis para capitalizar o movimento dos Jogos e o desenvolvimento da classe média. Este último efeito tem sido, no entanto, afetado pela crise económica, pesando sobre os resultados da empresa. Terminados os Jogos, a Accorhotels deverá rentabilizar os investimentos feitos no país, mas tem ainda um longo caminho a percorrer.
Conselho: a ação não está atrativa, apesar da queda de cotação. Mantenha.
Adidas (146,80 euros)
Ao longo dos próximos cinco anos, o principal desafio para a Adidas será assegurar uma trajetória positiva para a sua rentabilidade operacional (menos de metade da Nike) e a necessidade de entrar na guerra de marketing com os seus concorrentes, entre os quais... a Nike. A implementação do plano estratégico, redefinido em março de 2015 (foco urbano, menos modelos, e-commerce) terá de ser irrepreensível, após os lucros dececionantes que apresentou em 2013 e 2014. A empresa também deverá desinvestir nalguns produtos (TaylorMade Golf e Reebok). O grosso deste trabalho irá recair em grande parte em 2017 e sobre os ombros de uma nova administração.
Conselho: depois da forte subida de dois anos, as possíveis melhorias parecem bem integradas na cotação sem deixar muito espaço para eventuais erros. Venda.
Atos (88,38 euros)
O grupo francês de serviços de informática é um dos principais parceiros tecnológicos dos Jogos. Além da conceção e funcionamento dos sistemas de gestão e administração dos Jogos (creditações, inscrições, etc.), a Atos forneceu também a componente de tecnologias de informação (TI) dedicada à divulgação de informações. O contrato, que incluiu os Jogos desde Salt Lake City, em 2002, tem pouco peso no volume de negócios que foi 10,7 mil milhões de euros em 2015. Na organização de uns Jogos, o orçamento de TI está estimado em 500 milhões de euros para os Jogos de verão e 300 milhões de euros para os Jogos do inverno, montantes que a Atos partilha com os outros intervenientes. Os Jogos Olímpicos são acima de tudo e principalmente uma montra mundial para a marca.
Conselho: com a chegada do atual CEO, a empresa recuperou o seu brilho. A cotação quase que quintuplicou desde 2008 e já reflete o valor da empresa. Mantenha.
Cisco (31,04 dólares)
Nos Jogos, a Cisco fornece e assegura a gestão de equipamentos para redes e servidores nos vários locais destinados à imprensa. Destinado principalmente a profissionais, a Cisco conta com este evento para melhorar a notoriedade. O impacto direto dos Jogos Olímpicos sobre os resultados deste ano será insignificante, tendo em conta a escala deste gigante global.
Conselho: o grupo colhe neste momento os frutos de uma restruturação bem conduzida. Apesar da subida da cotação em mais de 25% desde o nosso conselho de compra, a ação mantém potencial. Compre.
Comcast (67,39 dólares)
Os Jogos Olímpicos serão um grande evento para a norte-americana Comcast que detém a rede de televisão NBC e prevê 6000 horas de emissão relacionada com os Jogos. Através deste evento, a Comcast vai tentar chegar a um público mais jovem e que se está a afastar da televisão tradicional. As transmissões serão igualmente divulgadas nas redes sociais e aplicações móveis, gerando maiores receitas publicitárias. O grupo tem investido fortemente nos últimos anos para introduzir uma oferta tecnológica competitiva visando resistir à concorrência de grupos como a Amazon, Netflix ou Apple.
Conselho: desde o início do ano, e com bons resultados, a cotação da Comcast subiu 19% e está agora corretamente avaliada. Mantenha.
GOL (17,66 dólares)
A companhia aérea low-cost brasileira enfrenta um elevado nível de endividamento, herdado do período de crescimento económico e de baixas receitas por lugar. A crise económica afeta os viajantes da classe média num setor penalizado por sobrecapacidade. A GOL acumula perdas há já vários anos.
Conselho: ação muito arriscada para se aventurar. Fique afastado.
Nike (55,85 dólares)
O crescimento desacelerou para a empresa líder em equipamentos desportivos, seguindo o mesmo destino dos seus concorrentes (incluindo a Adidas e Under Armour). Mas a longo prazo, impulsionado por grandes fluxos regulares de dinheiro, permanece algum otimismo: o poder do marketing, especialmente durante os grandes eventos desportivos (Jogos Olímpicos, etc.), a eficiência do processo produtivo e o potencial de crescimento nos mercados emergentes deve permitir ao grupo manter a liderança na indústria. No entanto, não será fácil atingir a meta anunciada de 50 mil milhões de dólares de receitas em 2020 (contra 32,4 mil milhões em 2016).
Conselho: à cotação atual, uma deceção na evolução do negócio será muito sancionada em bolsa. Venda a ação pois está muito cara.
Samsung Electronics (1 561 000 won)
A Coreia do Sul pretende utilizar o Rio como uma montra do seu know-how. Irá equipar 12.500 atletas com o seu smartphone Galaxy S7 especial Jogos Olímpicos. A Samsung espera que os desportistas tirem fotos e que partilhem o seu dia a dia com resto do mundo através deste modelo.
Alguns eventos (cerimónia de abertura e de encerramento) e algumas modalidades (basquetebol, atletismo, etc.) também poderão ser vistos a partir de novos ângulos através de aparelhos Samsung e apenas para assinantes da NBC. Esta estratégia de marketing terá um impacto mínimo sobre o grupo que deverá, como os seus concorrentes, enfrentar uma desaceleração do mercado de smartphones (+14% em 2015, mas apenas +7% em 2016) e uma pressão sobre os preços.
Conselho: a Samsung procura novos vetores de crescimento para os smartphones como a integração com os veículos móveis e entre objetos conectados. A cotação está ao nível mais elevado dos últimos anos. Mantenha.
Technogym (3,72 euros)
Esta empresa italiana, que produz equipamentos de topo de gama de fitness (tapetes de corrida, equipamentos de musculação), assinou um contrato significativo por ocasião dos Jogos. A Technogym enviou 1.200 máquinas para equipar o centro de treino da aldeia olímpica e espera torná-lo num expositor para prosseguir a sua expansão neste setor em crescimento - bem-estar e exercício físico. Esta estratégia será financiada pelo encaixe financeiro conseguido com a bem sucedida entrada em bolsa, concluída em maio de 2016.
Conselho: à cotação atual, a ação não está atrativa. Fique afastado.
Este artigo foi redigido ao abrigo do novo acordo ortográfico.