Notícia
Capital garantido é insuficiente
Todos os depósitos têm de garantir o capital inicial. Analise a aplicação antes de subscrever e descarte aquelas que rendem muito, mas apenas em cenários improváveis
16 de Julho de 2012 às 09:31
Os produtos financeiros complexos surpreenderam muitos investidores que perderam dinheiro investido em instrumentos que acreditavam ser seguros. Muitos deles eram depósitos, tradicionalmente vistos como soluções de capital garantido. Porém, até novembro de 2008, os depósitos bancários não tinham de oferecer obrigatoriamente a garantia de devolução do capital inicial. Só nesse ano é que a designação "depósito" foi vedada aos produtos que não garantem o capital, algo que sempre defendemos. Todavia, essa novidade não trouxe mais vantagens aos produtos financeiros complexos que assumem a forma de depósito. Apenas limitou o risco.
Depósitos duais em extinção
Enfrentando a obrigatoriedade de garantir o capital, os depósitos duais ficaram ameaçados de extinção. Os duais dividem o património dos subscritores em duas aplicações distintas: regra geral, um depósito a prazo tradicional e um fundo de investimento. A taxa atrativa do depósito serve muitas vezes de isco para atrair investidores para os fundos, uma técnica ardilosa e perigosa que denunciámos em muitas ocasiões. Como a maioria dos fundos de investimento não garante o capital, a emissão de depósitos duais sofreu um forte revés.
A contrariar a extinção, o Barclays inovou: lançou depósitos que têm diferentes maturidades de reembolso. Por exemplo, um depósito pode reembolsar 25% do capital inicial no final de cada trimestre. Na prática, os clientes do banco estão a constituir vários depósitos tradicionais através de uma só subscrição. Um dos problemas destes produtos é que a taxa-base, ainda que possa ser atrativa, é aplicada a apenas uma parte do capital durante todo o período. Isto permite ao banco anunciar taxas de juro superiores sem que tal se reflita em mais euros na conta do aforrador. Estes produtos oferecidos pelo Barclays têm ainda outro aspeto negativo: obrigam o aforrador a ter outros produtos bancários, como a domiciliação do ordenado ou um cartão de crédito.
Indexados raramente compensam
Os depósitos indexados são a versão mais comum entre os produtos financeiros complexos de capital garantido. O rendimento destes depósitos depende da evolução de um ativo subjacente (cabaz de ações, índice, matérias-primas, entre outros). Contudo, a dependência nem sempre é direta: há casos em que a subida do ativo de referência é irrelevante (1% ou 30% gera o mesmo rendimento). Um aforrador menos atento pode pensar que está verdadeiramente a apostar nesses ativos quando, na prática, não é bem assim. O caso vivido relatado ao lado é exemplificativo.
Ainda que a garantia de capital seja algo que atrai os investidores, bem como o rendimento potencial máximo, por norma estes produtos não são interessantes. A Proteste Investe avalia estes depósitos indexados através da simulação de cenários futuros, com base em indicadores como a taxa de crescimento e a volatilidade dos ativos. Ao fazermos milhares de simulações, obtemos milhares de resultados futuros. Calculando a média destes resultados, obtemos o valor esperado do rendimento do depósito. Este número, por norma, é inferior à taxa de juro oferecida pelos melhores depósitos tradicionais. Por esse motivo, é preferível pôr as poupanças nestas ofertas bancárias do que apostar em cenários com pouca probabilidade de ocorrência. Conheça os melhores depósitos a prazo no quadro ao lado, ou no nosso portal financeiro, em deco.proteste.pt/investe/ melhores-depositos-a-prazo.
Os cálculos da avaliação dos depósitos indexados permitem aferir a probabilidade de receber o rendimento máximo anunciado. As estatísticas dos últimos produtos avaliados pelos nossos analistas apontam para uma probabilidade inferior a 5% para receber o juro máximo. Isso quer dizer que, probabilisticamente, é preciso que os bancos lancem mais de 100 produtos deste tipo para que 5 paguem o rendimento máximo.
Risco elevado de não receber juros
Antes de aplicar o seu dinheiro, é essencial que o investidor perceba o que está a comprar, mesmo que o capital esteja garantido pela instituição financeira. O risco mais comum nestas circunstâncias é de não receber juros. Quando não se é remunerado, na prática perde-se dinheiro: ele poderia estar a render num depósito a prazo tradicional. Entre os últimos produtos analisados por nós, calculamos que a probabilidade de não pagarem qualquer juro ou apenas um valor mínimo supera os 50 por cento. A hipótese de ter rendimento nulo é bem real. Antes de subscrever um depósito, leia muito bem o que está a adquirir. Os prospetos informativos têm de conter toda a informação relevante, nomeadamente se está protegido pelo Fundo de Garantia de Depósitos, que cobre até 100 mil euros por depositante. Como a análise deste tipo de produtos não é fácil e exige cálculos complexos, envie-nos o prospeto para o analisarmos na PROTESTE INVESTE.
Juros mínimos devido a um pormenor
Mesmo que a seleção dos ativos subjacentes do depósito seja acertada, a taxa de juro final pode ser reduzida.
A leitora G.L., de Setúbal, subscreveu o Depósito a Prazo Rendimento 10 do Banco Santander Totta cujo rendimento dependia da valorização de um cabaz de 10 ações. O prospeto dizia que o juro não podia "ser inferior a 0,75% do valor de constituição nem superior a 16,5%". No período em causa, o cabaz valorizou, em média, 38,5 por cento. Mas o produto só pagou 0,75% de juros, o que surpreendeu a nossa subscritora. Apesar de o produto ter "corrido bem", havia um pormenor: a limitação de 16,5% aplicava-se a cada um dos 10 ativos subjacentes e o mínimo ao cabaz final. A apreciação de 322% das ações da Apple foi substituída nas contas
por 16,5%, ao passo que a desvalorização de 36,6% dos títulos da RWE penalizou na sua totalidade. O ganho médio de 38,5% transformou-se num recuo de 2,2% e o produto pagou o mínimo garantido. A seleção dos ativos subjacentes revelou-se boa, mas uma questão técnica acabou por tornar o produto mau. Isto reforça a necessidade de uma leitura atenta a todos os pormenores dos documentos dos produtos financeiros complexos, mesmo os que garantem o capital.
Depósitos duais em extinção
A contrariar a extinção, o Barclays inovou: lançou depósitos que têm diferentes maturidades de reembolso. Por exemplo, um depósito pode reembolsar 25% do capital inicial no final de cada trimestre. Na prática, os clientes do banco estão a constituir vários depósitos tradicionais através de uma só subscrição. Um dos problemas destes produtos é que a taxa-base, ainda que possa ser atrativa, é aplicada a apenas uma parte do capital durante todo o período. Isto permite ao banco anunciar taxas de juro superiores sem que tal se reflita em mais euros na conta do aforrador. Estes produtos oferecidos pelo Barclays têm ainda outro aspeto negativo: obrigam o aforrador a ter outros produtos bancários, como a domiciliação do ordenado ou um cartão de crédito.
Indexados raramente compensam
Os depósitos indexados são a versão mais comum entre os produtos financeiros complexos de capital garantido. O rendimento destes depósitos depende da evolução de um ativo subjacente (cabaz de ações, índice, matérias-primas, entre outros). Contudo, a dependência nem sempre é direta: há casos em que a subida do ativo de referência é irrelevante (1% ou 30% gera o mesmo rendimento). Um aforrador menos atento pode pensar que está verdadeiramente a apostar nesses ativos quando, na prática, não é bem assim. O caso vivido relatado ao lado é exemplificativo.
Ainda que a garantia de capital seja algo que atrai os investidores, bem como o rendimento potencial máximo, por norma estes produtos não são interessantes. A Proteste Investe avalia estes depósitos indexados através da simulação de cenários futuros, com base em indicadores como a taxa de crescimento e a volatilidade dos ativos. Ao fazermos milhares de simulações, obtemos milhares de resultados futuros. Calculando a média destes resultados, obtemos o valor esperado do rendimento do depósito. Este número, por norma, é inferior à taxa de juro oferecida pelos melhores depósitos tradicionais. Por esse motivo, é preferível pôr as poupanças nestas ofertas bancárias do que apostar em cenários com pouca probabilidade de ocorrência. Conheça os melhores depósitos a prazo no quadro ao lado, ou no nosso portal financeiro, em deco.proteste.pt/investe/ melhores-depositos-a-prazo.
Os cálculos da avaliação dos depósitos indexados permitem aferir a probabilidade de receber o rendimento máximo anunciado. As estatísticas dos últimos produtos avaliados pelos nossos analistas apontam para uma probabilidade inferior a 5% para receber o juro máximo. Isso quer dizer que, probabilisticamente, é preciso que os bancos lancem mais de 100 produtos deste tipo para que 5 paguem o rendimento máximo.
Risco elevado de não receber juros
Antes de aplicar o seu dinheiro, é essencial que o investidor perceba o que está a comprar, mesmo que o capital esteja garantido pela instituição financeira. O risco mais comum nestas circunstâncias é de não receber juros. Quando não se é remunerado, na prática perde-se dinheiro: ele poderia estar a render num depósito a prazo tradicional. Entre os últimos produtos analisados por nós, calculamos que a probabilidade de não pagarem qualquer juro ou apenas um valor mínimo supera os 50 por cento. A hipótese de ter rendimento nulo é bem real. Antes de subscrever um depósito, leia muito bem o que está a adquirir. Os prospetos informativos têm de conter toda a informação relevante, nomeadamente se está protegido pelo Fundo de Garantia de Depósitos, que cobre até 100 mil euros por depositante. Como a análise deste tipo de produtos não é fácil e exige cálculos complexos, envie-nos o prospeto para o analisarmos na PROTESTE INVESTE.
Juros mínimos devido a um pormenor
Mesmo que a seleção dos ativos subjacentes do depósito seja acertada, a taxa de juro final pode ser reduzida.
A leitora G.L., de Setúbal, subscreveu o Depósito a Prazo Rendimento 10 do Banco Santander Totta cujo rendimento dependia da valorização de um cabaz de 10 ações. O prospeto dizia que o juro não podia "ser inferior a 0,75% do valor de constituição nem superior a 16,5%". No período em causa, o cabaz valorizou, em média, 38,5 por cento. Mas o produto só pagou 0,75% de juros, o que surpreendeu a nossa subscritora. Apesar de o produto ter "corrido bem", havia um pormenor: a limitação de 16,5% aplicava-se a cada um dos 10 ativos subjacentes e o mínimo ao cabaz final. A apreciação de 322% das ações da Apple foi substituída nas contas
por 16,5%, ao passo que a desvalorização de 36,6% dos títulos da RWE penalizou na sua totalidade. O ganho médio de 38,5% transformou-se num recuo de 2,2% e o produto pagou o mínimo garantido. A seleção dos ativos subjacentes revelou-se boa, mas uma questão técnica acabou por tornar o produto mau. Isto reforça a necessidade de uma leitura atenta a todos os pormenores dos documentos dos produtos financeiros complexos, mesmo os que garantem o capital.