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Os tubarões, o A330 e os estádios de futebol do Web Summit

Passear entre leões, nadar com tubarões e comandar a transmissão de um jogo de futebol com as mãos. Estas foram algumas das experiências de realidade virtual e aumentada em destaque no Web Summit

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Passear entre leões, nadar com tubarões e comandar a transmissão de um jogo de futebol com as mãos. Estas foram algumas das experiências de realidade virtual e aumentada em destaque no Web Summit.

 

Nadar no meio de tubarões. Assistir in loco, e em 360 graus, a alguns dos principais momentos da História. E voar num A330neo da Airbus. Estas foram algumas das experiências a que os visitantes do Web Summit puderam ter acesso.  Através do mundo virtual, claro.   

 

A Discovery e a TAP foram dois dos stands que disponibilizaram experiências através da tecnologia de realidade virtual que nos últimos anos tem dado grandes saltos. Enquanto em 1999 os cenários do filme Matrix não passavam de uma ilusão criada por Hollywood hoje já é possível ter experiências completamente imersivas sem sair do sofá.

 

Esta tecnologia tem sido utilizada maioritariamente pela indústria de videojogos, estando ainda numa fase muito inicial, como explicou Shawn Layden, "chairman" da Sony Interactive Entertainment, dona da Playstation.  E começou agora a entrar nos estúdios de Hollywood.

 

O facto de ainda não estar completamente disseminada, de ainda não ser de fácil acesso a todos os consumidores, justifica as filas à volta do stand da Discovery.

 

O canal internacional de televisão tinha dois óculos de realidade virtual para  demonstrar a nova aplicação mobile que permite entrar na História Mundial e nos mais diversos cenários da natureza. A maioria das pessoas que esperava ansiosamente na fila na manhã de quinta-feira tinha curiosidade por experimentar pela primeira vez uns óculos de realidade virtual, contaram ao Negócios. Depois de experimentarem, quase todas diziam a mesma coisa: "espectacular".

 

Num outro pavilhão, outro stand, o da Nos, juntava vários curiosos em fila de espera para experimentar soluções de realidade aumentada. Esta tecnologia, ao contrário da virtual, não é imersiva. Não permite entrar em mundos virtuais ao estilo de Matrix.  Funciona com hologramas permitindo controlar informação virtual mas com noção e visão do mundo físico, ao estilo de Minority Report.

 

A operadora aproveitou o palco do Web Summit para demonstrar a solução que está a desenvolver em parceria com a portuguesa IT People que tem como objectivo ver televisão em qualquer lado, de forma personalizada e sem comandos físicos.

 

Uma das experiências disponíveis no espaço da operadora estava relacionada com futebol. Depois de colocar os óculos da Microsoft, os HoloLens, é criado um holograma com o jogo de futebol que está ser transmitido na televisão. Esta imagem virtual pode depois ser transportada apenas com movimentos das mãos e literalmente no ar. A tecnologia em causa permite também criar uma maquete do estádio, que depois através dos movimentos das mãos pode ser transportada para qualquer lado, e manusear de forma a escolher os ângulos das câmaras que o espectador quer ver. Além disso, também permite seleccionar vários tipos de informações e dados sobre o jogo que está a decorrer.

 

A procura pela experimentação desta solução no stand da Nos, que a partir do segundo dia teve que ‘abrir as portas’ uma hora mais cedo para conseguir responder aos pedidos, não era só de curiosos que queriam experimentar a tecnologia pela primeira vez. Mas também de muitos investidores que estavam à procura de soluções semelhantes para aplicar noutros sectores, relataram ao Negócios alguns dos presentes.

 

Nuno Silva, responsável da área de inovação da IT People, explicou ao Negócios que o objectivo desta parceria com a Nos é colocar esta solução no mercado dentro de dois a quatro anos. E que as aplicações práticas desta solução de realidade aumentada, área na qual a empresa começou a trabalhar há cerca de seis anos, são infinitas.

 

"Nós fazemos vários projectos na área do Turismo, com museus". A tecnologia de realidade aumentada permite que depois de um visitante de um museu apontar um smartphone ou tablet para uma obra de arte apareça um guia virtual a contar a história da obra de arte. "Ou seja, estamos a complementar a realidade com conhecimento", apontou.

"Não acredito nos seres catatónicos. Não acredito no ser que se senta numa cadeira, com soro,  e está completamente imersivo. Acredito no ser humano natural em que vive no seu mundo, precisa do mundo natural, físico. E complementa o seu mundo com conhecimento, como acontece na realidade aumentada. Estou a olhar para o mundo real e estou a complementá-lo com conhecimento virtual. Mas continuo a ser humano." Nuno Silva, responsável da área de inovação da IT People

 

O futuro da realidade virtual e aumentada

 

Estas tecnologias começaram a ser faladas há vários anos. Mas só nos últimos tempos tem sido possível começar a ver soluções concretas.

 

No campo da realidade virtual, a sua aplicação tem sido maioritariamente nos videojogos estando agora também a começar a dar os primeiros passos na indústria cinematográfica. Até porque, como explicaram vários especialistas durante o Web Summit, é uma tecnologia que envolve largos montantes de investimento, não estando ao alcance de qualquer empresa.

 

Por isso, o papel das start-ups está relacionado com soluções extra para aplicar esta tecnologia, como é o caso da Xeno Gaming, que criou uma plataforma para ajudar a implementação de jogos. Lilly Blasse, directora de marketing da start-up, explicou ao Negócios que a maioria das empresas criadoras de jogos que procuram a "cloud" da Xeno Gaming são de formato tradicional, até porque os de realidade virtual são mais para as grandes empresas, devido aos custos.

 

Já Maureen Fan, co-fundadora da Baobad Studios, que desenvolve filmes de animação com recurso a realidade virtual, confessou que "ainda estamos todos a experimentar esta tecnologia. Ninguém sabe bem onde isto poderá chegar".

 

No entanto, já despertou o interesse de Hollywood. A strat-up, que até há pouco tempo tinha pouco mais de 20 trabalhadores, está a desenvolver projectos para grandes estúdios como Century Fox, Dreamworks ou Pixar.

 

Já Ebbe Alterberg, CEO da Linden Lab, criadora do jogo Second Life, sublinhou que a realidade virtual é o foco da empresa. Mas diz que "é muito difícil criar estas experiências. Só as grandes empresas conseguem".

 

Apesar de sublinhar que esta tecnologia ainda está numa fase "muito inicial" acredita que as aplicações futuras são variadas, não passando só pelos jogos. Como aplicar a realidade virtual ao segmento empresarial? Ebbe Altberg exlicou: No futuro em vez das tradicionais conference calls, onde ninguém vê as reacções dos outros, os intervenientes podem criar o seu avatar e deste modo saber para onde os outros estão a olhar, se se estão a mexer, etc, contou.

 

Para chegar a este ponto todos admitem que ainda são precisos muitos anos e aperfeiçoar esta tecnologia como por exemplo na questão de "causar náuseas". 

 

Por isso, Nuno Silva acredita "mais na realidade aumentada do que na realidade virtual. Porquê? "Não acredito nos seres catatónicos. Não acredito no ser que se senta numa cadeira, com soro,  e está completamente imersivo. Acredito no ser humano natural em que vive no seu mundo, precisa do mundo natural, físico. E complementa o seu mundo com conhecimento, como acontece na realidade aumentada. Estou a olhar para o mundo real e estou a complementá-lo com conhecimento virtual. Mas continuo a ser humano", contou.

O Negócios andou à procura de experiências de realidade aumentada e virtual no Web Summit
O Negócios andou à procura de experiências de realidade aumentada e virtual no Web Summit Miguel Baltazar

 

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