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O sonho americano servido ao almoço

Com escritórios em Lisboa e Seattle, um dos desafios diários de Daniela Braga, co-fundadora e CEO da DefinedCrowd é gerir a diferença horária.

DR
03 de Novembro de 2016 às 22:30
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"É um bocadinho de loucos. Quase não há tempo para mais nada. Num dia típico acordo às 6:30 ou 7:00,  falo com pessoas na Europa  para aproveitar o fuso horário. Entre as 7:30 e as 8:00 levo a minha filha à escola. E às 8:00 já estou a falar com a equipa em Portugal".

A vida era bem mais pacata antes de fundar a DefinedCrowd, uma empresa que desenvolve tecnologia de processamento de linguagem, ou como Daniela Braga gosta de simplificar: põe os robôs a falar.

A portuense, nascida em 1978,  começou por licenciar-se em Língua e Literatura Portuguesa na Universidade do Porto, seguiu-se um mestrado na Universidade do Minho e um doutoramento em Síntese da Fala, na Universidade da Corunha, terminado em 2008. Sempre com distinção, como assinala no perfil no LinkedIn: na universidade foi considerada por duas vezes a melhor aluna do curso. As teses valeram-lhe vários prémios.

Era investigadora na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, na área da síntese de fala, quando a Microsoft foi buscá-la, em 2006, para liderar uma equipa de "texto para fala" no âmbito dos produtos de software da empresa.

A decisão não foi fácil. "Não estava convencida em desistir da minha vida académica". Hoje não tem dúvidas de que saiu na altura certa: "A academia estraga as pessoas", costuma dizer, sem querer ser ingrata com o que o ensino lhe deu.

Esteve sete anos na Microsoft, quatro deles com base em Portugal, depois na sede em Redmond, com um ano de permeio na China. Em Setembro 2013, pouco mais de um ano depois de ter regressado do Oriente, decidiu sair do gigante do software, desiludida com o esforço dispendido a lidar com a "politics" da casa.

Com as grandes tecnológicas a apostar nos assistentes pessoais virtuais – A Apple lança a Siri e a IBM o Watson em 2011 – o processamento de linguagem natural entra numa fase de grande expansão. "O mercado começou a estar muito bom para a minha área", conta Daniela Braga.

Teve várias propostas de emprego, mas decidiu ficar em Seattle, "uma cidade vibrante do ponto de vista cultural e tecnológico, a meca do ‘machine learning’". Em meados de 2014 empregou-se numa empresa local, a VoiceBox Technologies, e começou a dar aulas  de Linguística Computacional na Universidade de Washington. Foi aí que  começou a nascer a ideia de criar a sua própria start-up, aproveitando os seus conhecimentos singulares na área.

Um almoço decisivo

O sonho cumpriu-se no ano seguinte, depois de um  almoço que mudaria a sua vida.  A co-fundadora da DefinedCrowd, que já não está na empresa, combinou um encontro com uns amigos empreendedores. Sem um produto acabado para mostrar, levaram uma apresentação em "powerpoint". Saíram de lá com um investimento 200 mil dólares.

Em Dezembro de 2015 nascia a DefinedCrowd. Seguiu-se uma candidatura bem sucedida ao programa de aceleração da Microsoft e uma ronda de investimento de 1,1 milhões que aliou a Portugal Ventures e um grupo de "business angels" de Seattle, a nomes como a Amazon e a Sony.



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