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Media vs Adblock: Quem está a ganhar a batalha?
Os bloqueadores de anúncios têm ganho popularidade entre os leitores de notícias. Mas as empresas de media têm implementado estratégias de defesa. No Web Summit a Bloomberg e o FT explicaram o ponto de situação desta guerra.
No ano passado o sector dos media começou a registar melhorias da forte queda das receitas do mercado publicitário. Porém, a indústria não demorou muito a ter outra dor de cabeça: os bloqueadores de anúncios.
Estes softwares fazem as delícias de milhões e milhões de utilizadores em todo o mundo, permitindo filtrar anúncios que por vezes tornam as páginas mais lentas. No entanto, são um dos principais desafios para os sites noticiosos com conteúdos abertos, que temem que a sua principal fonte de receitas desapareça.
O AdBlock Plus é o um dos softwares gratuitos e de fácil instalação mais populares com mais de 50 milhões de utilizadores em todo o mundo. E recusa assumir o papel de vilão: "O que queremos é dar a oportunidade aos consumidores de decidirem o que querem ver", explicou Till Faida, fundador e CEO da empresa no Web Summit esta quarta-feira, 9 de Novembro.
Justin Smith, presidente executivo da Bloomberg, relembrou é normal o aparecimento de novos tipos de tecnologia de tempos a tempos. Mas está confiante que os "players" do sector "vão encontrar soluções".
Já a responsável pela área de produto e informação do Financial Times, Cait O’Riordan, sublinhou que "as receitas dos media deveriam vir através do pagamento dos leitores para terem acesso aos conteúdos". E sublinhou que é neste caminho que o sector deve pensar.
Para Cait O’Riordan os bloqueadores a anúncios só vierem "acelerar" os passos dos media neste caminho e também em direcção a uma maior preocupação com a privacidade dos consumidores. Mas esclarece que o foco da preocupação dos media em relacionar-se com os consumidores tem de ser "servir melhor jornalismo".
"É um dos grandes desafios que enfrentamos. Mas mais do que nunca o que fazemos é muito importante", acrescentou a responsável do FT.
O fundador do Adblock referiu-se depois aos modelos de negócio actuais dos media, em que as receitas provêm da publicidade ou das assinaturas dos leitores.
Para o responsável, "cabe aos consumidores decidirem" e, o aparecimento destes softwares veio provar que há espaço para vídeos publicitários, mas "com maior qualidade", ou seja, que vão ao encontro do que os consumidores querem ver melhorando a sua experiência enquanto utilizadores.
Uma afirmação que não foi muito bem recebida pela responsável do FT: "Pensar que não pensamos na experiência dos utilizadores é condescendente. Não é fácil para ninguém neste meio tirar dinheiro da publicidade", como os números das receitas publicitárias comprovam, sustentou.
Em resposta, o fundador do AdBlock Plus comentou que devido à queda das receitas e do interesse dos consumidores por publicidade o marketing nos sites ficou mais agressivo, com outro tipo de publicidades como os conteúdos patrocinados.
Uma opinião refutada de imediato pelo CEO da Bloomberg: "Isso não é verdade. O content marketing está a aumentar o valor da publicidade".
Mas a luta para contornar os efeitos negativos do bloqueadores de anúncios não passa apenas pelas palavras dos media e das empresas donas destes softwares. O assunto já chegou a Bruxelas.
Depois de os media terem lançado mensagens a pedir para os consumidores desactivarem estes softwares em nome do "jornalismo de qualidade", a Comissão Europeia veio alertar que os sites podem estar a infringir as leis europeias de protecção de dados uma vez que detectam que o leitor tem um software instalado.