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Pandemia leva Grupo Pestana a convocar obrigacionistas para alterar condições de emissão

O Grupo Pestana convocou os detentores das obrigações emitidas no ano passado para uma assembleia-geral em setembro para abdicarem de duas das condições de rácios de endividamento. A proposta deve-se ao impacto da pandemia no EBITDA do grupo hoteleiro.

05 de Agosto de 2020 às 18:51
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O Grupo Pestana convocou esta quarta-feira os detentores de obrigações referentes à emissão realizada no ano passado, num montante global de 60 milhões de euros, para uma assembleia-geral a realizar a 9 de setembro. O objetivo é que os obrigacionistas aceitem que o grupo hoteleiro fique dispensado das condições previstas na emissão relativa aos rácios de endividamento face ao EBITDA.

Em comunicado enviado à Bolsa do Luxemburgo, onde as obrigações são negociadas, o grupo hoteleiro apresenta como ponto único da ordem de trabalhos a autorização para que os obrigacionistas permitam que os rácios de endividamento face ao EBITDA previstos na oferta pública de subscrição sejam ignorados este ano e em 2021.

A emissão destas obrigações "verdes", no valor de 60 milhões de euros, tem uma taxa de juro fixa de 2,5% e uma maturidade até 2025. A emissão, realizada a 23 de setembro do ano passado, é composta por 600 obrigações, com um valor unitário de 100 mil euros.

Entre as condições da emissão estavam os seguintes "covenants" (garantias dadas pelo emissor): "um rácio Total Net Financial Debt (Dívida Financeira Líquida) / EBITDA igual ou inferior a 4,5 vezes e um rácio EBITDA / Net Interest Expense (Encargos líquidos com juros) igual ou superior a 2 vezes". 

São estes dois rácios que agora o grupo hoteleiro pretende ser dispensado de cumprir em 2020 e 2021.

No comunicado, é referido que "a atividade hoteleira teve uma redução, no primeiro semestre de 2020, de 58,5% (3,9 milhões de hóspedes comparativamente a 9,4 milhões de hóspedes no período homólogo) em Portugal e de 62,35% (42,3 milhões de hóspedes nos primeiros cinco meses de 2020 comparativamente a 112,3 milhões de hóspedes no período homólogo) em Espanha, dois dos principais mercados em que opera o Grupo Pestana".

"Como é conhecimento do público em geral a atividade turística em Portugal foi afetada de forma significativa pela pandemia Covid19, levando ao encerramento temporário da maioria dos hotéis no mercado no segundo trimestre 2020. Uma parte significativa dos hotéis já reabriu entretanto, embora a procura por parte dos clientes ainda esteja condicionada pelo seu nível de confiança e do controlo da pandemia e pelas limitações existentes no transporte aéreo. Desta forma a recuperação, que por agora assenta no mercado regional ibérico, apresenta ainda um grau de volatilidade elevado no futuro próximo", indica ao Negócios Pedro Fino, CFO do Grupo Pestana.

O responsável frisa que o grupo pretende "cumprir de forma integral" as responsabilidades da emissão obrigacionista.

"Esta emissão previa a monitorização regular de alguns "covenants", sendo 2 deles relacionados com o valor de EBITDA e que estavam dimensionados para o normal desenrolar das operações do grupo", acrescenta Pedro Fino.

Contudo, "atendendo à situação excecional e elevada incerteza provocadas pela crise pandémica, que provocarão por certo no ano 2020 e provavelmente 2021 uma erosão significativa do EBITDA, e apesar de não antever dificuldades no cumprimento das respetivas responsabilidades financeiras face à estrutura de autonomia financeira devidamente dimensionada para o efeito, o Grupo Pestana decidiu, de forma tranquila e transparente para com os seus investidores/obrigacionistas e pelos meios próprios para o efeito, solicitar atempadamente um pedido de "waiver" dispensando a monitorização destas 2 "covenants" específicas relacionadas com o EBITDA para estes 2 anos", conclui.


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