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STCP carregou mais 74% de prejuízos em 2019
A Sociedade de Transportes Coletivos do Porto, cujos trabalhadores estão hoje em greve, fechou o último exercício com um prejuízo de 3,2 milhões de euros, uma evolução negativa de 1,4 milhões face ao ano anterior, apesar de as receitas terem aumentado 3,4% para 49,5 milhões.
O maior operador de transportes públicos da Área Metropolitana do Porto encerrou o ano de 2019 com o EBITDA recorrente positivo de 3,5 milhões de euros, o que traduz uma melhoria de 1,5 milhões em relação ao registado no ano anterior, enquanto o resultado operacional corrente, apesar de negativo em 1,2 milhões de euros, representou uma evolução positiva homóloga em 521 mil euros.
Apesar de tudo, a Sociedade de Transportes Coletivos do Porto (STCP) acabou por encerrar o exercício de 2019 com um resultado líquido negativo de 3,2 milhões de euros, mais 74% do que os prejuízos de 1,8 milhões de euros registados em 2018, de acordo com um comunicado da empresa, cuja assembleia geral aprovou, esta terça-feira, 30 de junho, as contas individuais e consolidadas da transportadora relativas ao último exercício.
Em termos de receita, a STCP atingiu um valor de 49,5 milhões de euros, representando assim um aumento de 3,4% face a 2018. "Esta tendência de crescimento verifica-se pelo quarto ano consecutivo", enfatiza a empresa.
No ano passado, a STCP transportou um total de 76,7 milhões de passageiros, o que corresponde a um crescimento de 4,5% (3,3 milhões) quando comparado com o ano anterior.
"Este crescimento explica-se essencialmente pela disponibilização das novas tarifas sociais, a partir de 1 de abril, no âmbito do Programa de Apoio à Redução do Tarifário dos Transportes Públicos (PART), que incentivaram a procura do transporte público e pelo aumento do cumprimento do serviço previsto", justifica a STCP.
O investimento da empresa em 2019 foi de 16,3 milhões de euros, mais 1,6 milhões do que no ano anterior, com 81% do valor a ser aplicado na aquisição de novos autocarros e 16% na construção do novo posto de abastecimento de gás natural na Estação de Recolha de Francos e a instalação de postos de carregamento de energia elétrica.
No âmbito do programa de renovação da sua frota, iniciado em 2018, no final do ano passado a STCP tinha rececionado 15 autocarros elétricos, a totalidade da encomenda, e 94 autocarros a gás natural, completando 109 novos autocarros (58%) do total dos 188 previstos para a primeira fase de renovação da frota de autocarros da empresa, que conta com o cofinanciamento, a título não reembolsável, do POSEUR Portugal 2020 - Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos.
No final de 2019, a STCP tinha 1.289 trabalhadores, mais 18 (dos quais 10 motoristas e dois guarda-freios) do que um ano antes.
De resto, a STCP lembra que o ano de 2019 ficou marcado pela manifestação pelas partes interessadas, Estado Português, Área Metropolitana do Porto, municípios servidos pela rede de transporte da empresa - Gondomar, Maia, Matosinhos, Porto, Valongo e Vila Nova de Gaia – e STCP, de proceder à Intermunicipalização da STCP.
"A concretização da expressão desta vontade verificou-se em 28 de agosto de 2019, com a celebração do memorando de entendimento sobre a intermunicipalização da STCP, e com a publicação do Decreto-Lei nº 151/2019, de 11 de outubro, que opera a intermunicipalização da STCP, entretanto adiada pelo Decreto-Lei nº 175/2019, de 27 de dezembro", ressalva o maior operador de transportes públicos da Área Metropolitana do Porto.
Sindicatos garantem que não há autocarros a circular no Grande Porto
Os trabalhadores da STCP estão hoje em greve para reivindicar melhores condições laborais, o que levou já a empresa a alertar para eventuais perturbações no serviço.
"Os trabalhadores da STCP estão cansados de promessas e indignados com a falta de reconhecimento por parte das várias tutelas da empresa que nunca mostraram recetividade e vontade de promover uma negociação séria, indo ao encontro da mais elementar justiça social, revendo as remunerações, as carreiras profissionais e os horários, melhorando assim as condições em que trabalham os cerca de 1.200 funcionários", referiram, em comunicado, quatro estruturais sindicais.
A STCP avisou os utilizadores da "possibilidade de ocorrência de perturbações de serviço" a partir das 00:00 desta terça-feira até às 02:00 de 1 de julho.
"Não foram estabelecidos pelo Tribunal Arbitral quaisquer serviços mínimos, quer para a operação de autocarros, quer para a operação de carros elétricos, pelo que a empresa não poderá garantir o cumprimento do serviço em qualquer uma das 73 linhas da rede STCP", acrescentou.
Garantindo que houve uma adesão de 100% dos trabalhadores à greve, os sindicatos afiançam que hoje não há autocarros a circular no Grande Porto.