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Presidente da CP diz que só conseguirá renovar a frota com indústria ferroviária nacional
Nos próximos 20 anos a CP vai precisar de mais de 250 comboios de 100 metros apenas para manter a oferta atual, afirmou Nuno Freitas, para quem a "bazuca" europeia é a "grande oportunidade de voltarmos a ter indústria ferroviária em Portugal".
O presidente da CP, Nuno Freitas, afirmou esta terça-feira no "Portugal Railway Summit 2021", que se realizou online, que a empresa de transporte ferroviário vai precisar nos próximos 20 anos de mais de 250 comboios de 100 metros "para apenas manter a oferta que existe atualmente".
O responsável salientou que "praticamente todo o material circulante que circula hoje em Portugal ou foi construído ou foi montado em Portugal" e que isso "não é por acaso". É que um comboio de 100 metros custa 10 milhões euros e um comboio de alta velocidade pode custar 25 a 35 milhões, apontou.
"É muito caro", frisou Nuno Freitas, para afirmar que "a única forma que temos de poder fazer renovação de frota e apostar na ferrovia é fazermos alguma coisa no país com integração da nossa economia".
O responsável disse ainda que dentro de 20 anos a maioria da frota da CP terá mais de 40 anos, e a grande maioria mais de 50 anos, e que a empresa vai precisar de ter mais de mil carruagens.
Tendo em conta estas necessidades, salientou que a "bazuca" europeia está fortemente orientada para o transporte ferroviário e para toda a Europa para afirmar que "os fabricantes vão ter falta de capacidade e vão ter de investir em fábricas novas e esta é uma grande oportunidade de voltarmos a ter indústria ferroviária em Portugal".
"Em Portugal há negócio, temos mão de obra qualificada mais barata do que na Europa central, estamos a construir um pólo industrial, com escola de formação, a dois quilómetros de um porto de mar e a dois quilómetros de um aeroporto internacional", salientou, acrescentando que a CP "vai fazer tudo ao seu alcance" para que volte a haver um cluster ferroviário relevante em Portugal.
Nuno Freitas disse ainda que o investimento que a empresa tem feito na recuperação de material circulante foi de cerca de 6,5 milhões de euros, frisando que "se estes veículos fossem comprados novos hoje, mesmo levando em consideração a sua antiguidade, custariam entre 70 e 80 milhões de euros".