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Federação de Táxis acusa Governo de faltar à "palavra dada"

O presidente da Federação do Táxi acusou hoje o Governo de faltar à "palavra dada" no decreto que regula a actividade das plataformas de transportes como a Uber, adiantando que as associações vão reunir-se para analisar o documento.

Bruno Simões
26 de Setembro de 2016 às 09:48
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Carlos Ramos disse à agência Lusa que a Federação Portuguesa do Táxi e a Associação Nacional dos Transportadores Rodoviários em Automóveis Ligeiros (ANTRAL) vão reunir-se hoje de manhã para analisar e tomar uma posição conjunta sobre o documento.

 

O ministro do Ambiente, João Matos Fernandes revelou a vários jornais que o Governo tem pronto o decreto-lei que regula a actividade das plataformas electrónicas de transporte de passageiros, como a Uber ou a Cabify, e que o diploma segue esta semana para os parceiros do sector, para um período de consulta pública.

 

Segundo revelam hoje os jornais Público, Diário de Notícias e Negócios, o diploma do Governo passa a exigir aos motoristas das plataformas electrónicas formação inicial no mínimo de 30 horas e um título de condução específico.

 

Contactado hoje pela agência Lusa, o presidente da Federação do Táxi mostrou-se insatisfeito com algumas questões do projecto.

 

"Apesar de ainda não ter lido o projecto, e numa primeira abordagem, o que posso dizer é que o Governo está a falsear, não está a cumprir com a palavra dada", acusou.

 

Carlos Ramos recordou que, no parlamento, o ministro prometeu que "qualquer operador que se instalasse em Portugal" teria de cumprir "com as regras e com as exigências que são feitas aos táxis".

 

"Outra das falhas do diploma agora conhecido é a formação. Queremos que o ministro esclareça porque é que só está a exigir 30 horas de formação (aos motoristas das plataformas). Os táxis têm de fazer 125", sublinhou.

 

O responsável considerou necessário que o Governo venha esclarecer como é que os contingentes vão trabalhar "debaixo destas plataformas".

 

"Temos de saber se tem limite, se não tem limite, se são nove milhões de potenciais de viaturas. O Governo diz que o mercado é que alimenta as plataformas. Se eu tenho o meu carrinho e desde que cumpra as 30 horas de formação e tenha a licença, então não há problema. Qualquer um pode trabalhar", argumentou.

 

Sobre os contingentes, Carlos Ramos defendeu que as câmaras municipais devem ter algo a dizer.

 

"Não acredito que a Câmara de Lisboa aceite que centenas milhares de viaturas do país venham trabalhar para a cidade. As plataformas ganham é dinheiro em Lisboa, Porto e Faro, e é preciso esclarecer esta questão", sustentou.

 

Carlos Ramos recordou também que a Federação sempre propôs que o contingente de viaturas para alimentar estas plataformas deveria ser o sector do táxi e não o do mercado como diz o Governo.

 

"Assim, as associações vão reunir-se hoje de manhã para analisar o documento, mas para já mantemos o protesto marcado para dia 10 de Outubro", concluiu.

 

O presidente da federação disse ainda estranhar que o Governo anuncie este projecto dois dias antes da apresentação pelo PCP de uma lei sobre o assunto.

 

"Na quarta-feira vai ser discutido no Parlamento uma lei do PCP sobre a ilegalização dessas viaturas e o Governo está a atentar antecipar-se politicamente à questão", concluiu.

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