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Ex-presidente da CP: “Na ferrovia estamos ao nível da Roménia e da Bulgária”

Despachado pelo Governo antes do fim do mandato, Carlos Nogueira diz que “a CP não é uma empresa, é uma organização indefinida”, e avisa: “Vamos demorar 10 anos a recuperar para bons níveis de pontualidade, regularidade e fiabilidade.”

Carlos Nogueira, ex-presidente da CP (à direita, na foto). Lusa
27 de Julho de 2019 às 13:18
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Afastado da presidência da CP antes do fim do mandato, Carlos Nogueira diz que deixou a empresa com "tudo por fazer". Em entrevista ao Expresso, faz um retrato dramático da situação da Comboios de Portugal.

 

"Se se continuar a manter o foco e o investimento no setor ferroviário vamos demorar dez anos, pelo menos, a recuperar para bons níveis de pontualidade, regularidade e fiabilidade, mas ainda assim estaremos longe dos países desenvolvidos - estamos a anos-luz de Espanha", alertou o gestor.

 

"Estamos ao nível da Roménia e da Bulgária, que é um nível baixíssimo", rematou.

 

De quem é a responsabilidade do desinvestimento na ferrovia? "Dos sucessivos governos", respondeu Nogueira, que lamentou as sucessivas mudanças na companhia. "Não se pode andar no faz e desfaz. A CP não é uma empresa, é uma organização indefinida. Porque tem um acionista que muda de acordo com o ciclo político, o que é bom, porque estamos em democracia, mas esses ciclos políticos alteram profundamente a estratégia da CP", considerou.

 

Chegou à CP em junho de 2017, mas o seu mandato foi interrompido abruptamente por decisão do Governo, que o substituiu por Nuno Freitas.

 

Nogueira confirmou que foi demitido. "Falando claro, eu não me demiti. A minha forma de estar não se compagina com deixar coisas a meio. Estava preparado para chegar ao final do mandato", disse.

 

Admitiu que foi "surpreendido" com a sua substituição por Freitas, até porque, garantiu, não tinha "divergências estratégicas com o Ministério das Infraestruturas sobre a recuperação do material circulante", como foi então noticiado, afiançando "concordar na íntegra" com a estratégia delineada pelo ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos.

 

"Tenho a consciência tranquila de que ao longo destes dois anos fiz o melhor que podia e sabia, com uma dedicação integral para garantir a robustez e a sustentabilidade da CP", afirmou.

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