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Empresas ferroviárias alertam que "portagens" em Sines podem pôr mais 60 mil camiões na estrada por ano

A Associação Portuguesa de Empresas Ferroviárias diz-se preocupada com a intenção do porto de Sines de cobrar uma taxa de 95,5 euros a cada comboio que entra, considerando que contraria os objetivos da descarbonização  e o investimento no corredor internacional Sul.

A ligação ferroviária direta entre Sines e Elvas/Caia vai reduzir em cerca de 3h30 o tempo de trajeto.
João Cortesão
25 de Outubro de 2023 às 13:08
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O diretor executivo da Associação Portuguesa das Empresas Ferroviárias (APEF), Miguel Rebelo de Sousa,  alertou esta quarta-feira no Parlamento para o risco de a introdução de uma "portagem" a cada comboio que entra no porto de Sines poder resultar "em mais 50 a 60 mil camiões na estrada por ano".

O responsável salientou aos deputados que de acordo com os cálculos feitos pela Administração do Porto de Sines (APS) relativamente a esta taxa "está a assumir que há cerca de 5.500 comboios que entram ‘one way’  no porto de Sines" e que "se começarmos a aumentar o transporte rodoviário por substituição do ferroviário estaremos a contribuir para mais cerca de 30 a 40 camiões por cada comboio de mercadorias que deixa de entrar", disse.


Assumindo a APS que nos cálculos para o novo valor – 95,5 euros por comboio – considera uma taxa de utilização de 60% do transporte ferroviário atual,  Miguel Rebelo de Sousa alertou que se isso significa que o porto de Sines está a considerar que vai perder 40%  do transporte ferroviário, ou seja, perder 2.200 a 2.200  comboios "one way" para a rodovia, o que significa é que "estamos a pôr mais 50 a 60 mil camiões na estrada por ano". Algo que "não vai ao encontro dos objetivos de descarbonização dos transportes, nem ao investimento que o Estado fez no corredor internacional sul."


O diretor executivo da associação, que representa operadores ferroviários de mercadorias, disse ainda ter sido surpreendido pela posição da APS, "porque não contribui para o objetivo de descarbonização dos transportes e para a competitividade da ferrovia" que, frisou, emite menos nove vezes emissões do que transporte rodoviário, em termos médios". 


Frisando que o transporte rodoviário não vai ter um custo associado ao acesso ao porto de Sines, Miguel Rebelo de Sousa sublinhou que "não faz sentido esta taxa ser atribuída em exclusividade à ferrovia, ou que seja atribuída de todo". E defendeu que a taxa "seja abolida".


Como assegurou, os operadores ferroviários "não vão absorver estes custos" e há "risco que os clientes escolham outras alternativas, quer ao transporte  ferroviário quer ao porto de Sines".


"O preço ao final do dia é o mais importante para o transporte de mercadorias", disse, admitindo que "se os clientes sentirem que o facto de estarem a ser impostos taxas e custos que tiram competitividade a Sines face a outros portos têm legitimidade para mudarem para outros portos nacionais. Mas podem ter a mesma vontade de mudar para outro porto da Península Ibérica".


Sobre a possibilidade de outros portos nacionais virem a aplicar a mesma "portagem" à ferrovia, Miguel Rebelo de Sousa afirmou que "até agora não houve mais nenhum a anunciar uma taxa semelhante", mas que "a  partir do momento em que a taxa esteja em vigor em Sines, outros portos podem entender que têm ali uma fonte de receita".

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