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Tripulantes da TAP querem reavaliar plano de reestruturação antes de seguir para Bruxelas
Há mais um sindicato a pedir a suspensão do processo na companhia aérea, acusando o Governo e a Comissão Europeia de se preparem para “desenhar uma TAP que no fim do processo será novamente vendida a preço de saldo”.
O Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC) defende que o plano de reestruturação da TAP deve ser discutido e reavaliado antes de ser enviado para a Comissão Europeia, alegando que "não é com processos em tribunal e atitudes avulsas que se consegue reverter este dramático" processo.
"A reavaliação das premissas do plano de reestruturação terá de ser feita antes do seu envio para Bruxelas, sob pena de Portugal perder mais uma peça fundamental da [sua] soberania. O Governo e Bruxelas preparam-se para ‘desenhar’ uma TAP que no fim do processo será novamente vendida a preço de saldo", denuncia.
O plano de reestruturação elaborado pela consultora Boston Consulting Group (BCG), no âmbito do apoio estatal de até 1.200 milhões de euros, tem de ser entregue à Comissão Europeia até 10 de dezembro.
Num comunicado divulgado esta segunda-feira, 7 de dezembro, a estrutura que representa os tripulantes da companhia aérea repete alguns dos argumentos já usados pelo Sindicato dos Pilotos de Aviação Civil (SPAC), que apelara ao Governo para negociar com Bruxelas o adiamento da apresentação do plano, alegando que está baseado em previsões de mercado "completamente desatualizadas".
Desde logo, critica o facto de o projeto apresentado pelo conselho de administração ter como referência para os próximos anos aquela que era a dimensão da TAP no período 2006-2007. Contrapõe que é uma situação "conjuntural" e que "o ajustamento não deve ser feito tendo por base uma realidade transitória, mais reduzida em resultado dos efeitos da pandemia, mas numa perspetiva pré-covid onde o setor mundial operava".
Por outro lado, o SNPVAC repete que "o principal problema da TAP é o seu desequilíbrio financeiro provocado pela renovação e expansão da frota nos últimos anos e, sobretudo, pela necessidade de compensar o impacto negativo da pandemia nas receitas da companhia", pelo que a reestruturação deve antes "enfrentar esta situação através de uma capitalização que permita que a empresa possa atuar no mercado de forma autónoma, sem ajuda pública".
"Não existe nenhuma possibilidade de resolver o desequilíbrio financeiro da TAP com cortes de custos com pessoal", acrescenta.
No plano político, e já depois de receber "luz verde" da Comissão Europeia, a ideia do Governo é levar este plano de reestruturação a debate e a votos no Parlamento. Como explicou Luís Marques Mendes, que adiantou a informação no domingo à noite, isto vai "obrigar os partidos a tomarem posição" e acarretar uma "consequência séria: se o plano for chumbado no Parlamento, acaba a TAP".