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Frasquilho: "Nunca a Comissão Europeia nos disse que tínhamos de cortar salários" na TAP
O antigo chairman da TAP reconheceu que o plano de reestruturação apresentado a Bruxelas foi "conservador", considerando ser disso exemplo o facto de ter atingido em 2022 os resultados apenas previstos para 2025.
Miguel Frasquilho, presidente do conselho de administração da TAP entre 2017 e 2021, confirmou esta quinta-feira na comissão parlamentar de inquérito à TAP que no âmbito do plano de reestruturação da companhia, apresentado na sequência da crise provocada pela pandemia, "a Comissão Europeia nunca nos disse que tínhamos de cortar salários".
O responsável foi confrontado com as declarações feitas nesta comissão pelo presidente do Sindicato nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC). Ricardo Penarróias, que entregou no Parlamento documentação para demonstrar que os cortes realizados não partiram da Comissão Europeia, que delineou o plano em conjunto com o Governo, mas sim por "vontade de [o Executivo] ser bom aluno".
O antigo chairman afirmou aos deputados que pelas informações que lhe foram sendo transmitidas pelo Governo, que era quem estava a negociar com Bruxelas, que "nunca a Comissão Europeia nos disse nada sobre o corte de salários, mas tínhamos metas para a redução da massa salarial".
Miguel Frasquilho admitiu que "fizemos um plano de reestruturação com uma postura cautelosa e prudente".
Reconhecendo que "o que aconteceu em 2020 e 2021 não foi a tragédia que podia ter sido", o antigo chairman afirmou que "hoje posso concluir que fomos conservadores no plano", dando como exemplo o facto de em 2022 a TAP ter atingido os resultados previstos atingir em 2025.
"Era um mundo de incerteza e dificuldades, gostaríamos de nunca ter implementado um plano com esta dimensão e consequências, mas entre ter uma postura mais conservadora e acomodar perspetivas que tínhamos ou ter algo menos temerário e não vermos aprovado o plano fomos pela primeira opção", disse.
Ainda na sua intervenção inicial, Miguel Frasquilho considerou que em 2020 o objetivo era salvar a TAP "não havia alternativa". "Não se tratou de qualquer opção ideológica, mas de uma emergência que permitiu salvar milhares de postos de trabalhos".
"Excluindo a opção de aumentar o endividamento, recorrendo a financiamento pura e simples – e o grupo TAP estava em falência técnica no final 2019 - a nossa primeira opção foi recorrer ao auxílio dos acionistas privados. Infelizmente a resposta foi negativa", frisou ainda.