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Economistas e engenheiros defendem aeroporto em Alcochete

Ordens rejeitam soluções duais e para já escolhem Alcochete, mas estão abertas a considerar Santarém quando forem conhecidos mais dados sobre esta localização.

As companhias aéreas reviram em baixa a sua operação para este inverno e vão voar a 20% da sua capacidade.
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29 de Setembro de 2022 às 18:38
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Alcochete é, para já, a localização recomendada pelas Ordens dos Economistas e dos Engenheiros para a construção do novo aeroporto de Lisboa.

As duas organizações não rejeitam, no entanto, a solução Santarém, mostrando disponibilidade para estudá-la mais a fundo quando houver informação adicional sobre essa proposta.

As ordens representativas das duas classes profissionais uniram-se para tomar uma posição conjunta sobre a localização da nova infraestrutura, e desde logo criticam as soluções duais, que dizem não ser eficazes nem contribuir para o desenvolvimento do país.

Entrevistado pelo Negócios, o bastonário dos economistas considera que as soluções duais podem justificar-se apenas no curto prazo. António Mendonça lembra no entanto que estas opções podem ser úteis se implementadas de forma transitória, mesmo que a decisão seja a de construir uma infraestrutura única.

O bastonário da Ordem dos Engenheiros, Fernando Almeida Santos, acrescenta outro argumento contra as soluções duais. "Dou um exemplo de forma anedótica mas realista: se formos para uma solução com um aeroporto de cada lado do Tejo, se um deles não comportar aviões de grande porte e alguém vem, por exemplo, de Estocolmo para o Brasil com escala em Lisboa, vai demorar mais tempo em trânsito de um terminal para o outro do que demorou a chegar da Suécia", explica, concluindo que tal "não faz sentido".

Três das cinco soluções são duais

Esta posição significa, desde logo, a rejeição de três das cinco soluções que estão hoje em cima da mesa: a que prevê que a Portela continue como infraestrutura principal e o Montijo como complementar; a que determina que serão estas as duas localizações, mas com papéis inversos; e finalmente a que mantém a Portela como aeroporto principal, e Santarém como secundário.

Para as duas ordens sobram, assim, duas soluções: Alcochete e Santarém. E como sobre esta ainda há pouca informação, as organizações, para já, recomendam a localização a sul do Tejo, até porque Alcochete já foi alvo de vários estudos. "Alcochete tem o melhor conjunto de efeitos na economia", sustenta António Mendonça. Esta solução não lhe é estranha: era ministro das Obras Públicas em 2009, quando esta foi a opção escolhida pelo governo que integrava – dois anos depois, com a queda do executivo liderado por José Sócrates e o resgate da troika, a obra acabou por não ir para a frente.

Santarém tem outra desvantagem à partida: os 80 quilómetros de distância da capital. O bastonário dos engenheiros sublinha a comparação com Madrid, cujo aeroporto principal está a menos de 20 km da cidade.

"Espero que não seja apenas mais uma temporada da novela"

Isto não significa, no entanto, uma rejeição definitiva da solução que prevê a construção do aeroporto na capital ribatejana. "Já passaram muitos anos e temos de estar abertos a discutir em profundidade outras possibilidades, como Santarém e Alverca, embora estas opções pareçam extemporâneas", afirma António Mendonça. Também Fernando Almeida Santos garante abertura para analisar outras soluções.

O bastonário dos economistas deixa ainda um alerta: "O risco de uma má decisão pode ser pior que o de uma não decisão". E por isso diz esperar que o capítulo que agora se inicia "não seja apenas mais uma temporada da novela a que temos assistido".

Ordens integram comissão técnica

As duas Ordens fazem parte da comissão técnica que vai analisar as várias opções e que também inclui presidentes de entidades como os municípios envolvidos nas soluções que já estão em cima da mesa, o Conselho Nacional do Ambiente, a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo, o Conselho de Reitores, o Conselho Superior dos Institutos Politécnicos, o Laboratório Nacional de Engenharia Civil e um magistrado judicial jubilado.

Haverá também personalidades designadas pela Academia das Ciências de Lisboa, pela Confederação Portuguesa das Associações de Defesa do Ambiente, pelo Turismo de Portugal e pelo Turismo de Lisboa e Vale do Tejo.
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