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Sem corrida aos certificados, lucros dos CTT encolhem para 45,5 milhões

A menor atratividade da dívida pública no retalho teve impacto nas contas da empresa de correios. Coube ao Expresso e Encomendas destacar-se pela positiva nas contas dos CTT, passando a ser o negócio que mais resultados gera para a empresa liderada por João Bento.

As receitas dos CTT aumentaram 9,1% no primeiro semestre.
Bruno Colaço
20 de Março de 2025 às 17:39
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Os CTT obtiveram um resultado líquido de 45,5 milhões de euros no ano passado, uma redução de quase 25% face ao exercício homólogo. Esta quebra traduz, em grande medida, pela menor procura por títulos de dívida pública no retalho, através dos certificados de aforro, o que acabou por ofuscar o crescimento registado no segmento do Expresso e Encomendas.

A empresa liderada por João Bento obteve "em 2024 um resultado líquido consolidado atribuível a detentores de capital do grupo CTT de 45,5 milhões de euros (-15 milhões face a 2023)", refere no comunicado enviado à CMVM em que revela que será proposto um payout de 52%, com um dividendo de 17 cêntimos por ação. "A evolução do resultado líquido consolidado foi influenciada pelo decréscimo do EBIT recorrente, assim como pela evolução do imposto sobre o rendimento", acrescenta.

O EBIT recorrente situou-se em 85,1 milhões de euros, encolhendo em 2,7%, "refletindo o forte crescimento do Expresso e Encomendas (+82,9%), do Banco CTT (+26,2%), mas penalizado pelos decréscimos nos Serviços Financeiros e Retalho (-60,6%) e no Correio e Outros (-22,0%)", diz a empresa, salientando que "os CTT cumpriram o seu compromisso de alcançar um EBIT recorrente entre os 80/90 milhões de euros".

A quebra no EBIT, impactando nos resultados líquidos, é visível no Banco e Serviços Financeiros, segmento que registou um resultado de 40,8 milhões de euros. Enquanto "o Banco CTT atingiu os 26,6 milhões, com uma expansão de 26,2%", os Serviços Financeiros apresentaram uma quebra de mais de 60%.

Esta forte quebra reflete "o menor volume de colocações de dívida pública nos primeiros nove meses do ano, o qual normalizou no quarto trimestre de 2024", dizem os CTT. No ano anterior tinha havido uma corrida aos certificados de aforro, com os portugueses a aplicarem muitas poupanças nestes títulos, muitos deles adquiridos através dos CTT. Em 2024, e já depois da descida das taxas, houve uma quebra nas colocações.

Expresso ganha força

O segmento da Logística atingiu "um EBIT recorrente de 44,3 milhões de euros (+46,4%), tendo este desempenho sido impulsionado pelo Expresso e Encomendas, o qual alcançou 36,1 milhões", dizem os CTT, salientando o crescimento de 82,9% face ao mesmo período do ano passado.

O Expresso e Encomendas foi, pela primeira vez no ano completo, "o negócio que mais contribuiu para o EBIT recorrente", mas também "foi, em 2024 e pela primeira vez, o negócio que mais contribuiu para as receitas do grupo CTT, ultrapassando o segmento de Correio e Outros". Assim, o "Expresso e Encomendas já representa 43% dos rendimentos operacionais dos CTT".

"Os rendimentos operacionais dos CTT atingiram os 1.107,3 milhões de euros em 2024, mais 122,1 milhões (+12,4%) comparativamente com 2023, refletindo o crescimento de Expresso e Encomendas (+138,4 milhões de euros; +40,6%), a recuperação do Correio e Outros (+3,8%), a estabilidade do Banco CTT (+1,1%) e o decréscimo significativo dos Serviços Financeiros e Retalho (-55,7%)", diz a empresa.

Os CTT salientam que as receitas do grupo foram sustentadas "pela forte alavancagem operacional resultante do expressivo aumento de tráfego (mais de 141 milhões de objetos entregues) e de receita". É um crescimento "fruto da crescente adoção do e-commerce e do ganho de quota de mercado, a qual reflete os investimentos feitos na expansão e capacidade da rede", diz, lembrando que no final de 2024 anunciou a "compra da empresa espanhola Cacesa e uma parceria com a DHL".

Correios beneficiaram com as eleições

Em 2024, o EBIT recorrente de Correio e Outros registou uma diminuição para 8,2 milhões de euros penalizado pela inflação de custos. "Os rendimentos operacionais atingiram 470,6 milhões de euros no ano de 2024 (3,8%), com um crescimento significativo no quarto trimestre do ano (+5,5%)", dizem os CTT.

"Este crescimento decorreu fundamentalmente do desempenho da receita do correio endereçado (+2,6%), das soluções empresariais (+14,0%) e dos pagamentos (+10,4%)", dizem os CTT, salientando que em 2024 "o negócio de correio beneficiou do tráfego gerado pelas eleições legislativas em março". Este ano há novamente legislativas, marcadas para 18 de maio.

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