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Galamba quer reunir-se com Drahi para "aferir o grau de compromisso" da Altice

O ministro das Infraestruturas, João Galamba, pretende reunir-se com o dono da Altice, Patrick Drahi, para debater temas "estratégicos", como a rede 5G e os centros de dados.

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17 de Agosto de 2023 às 17:38
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O ministro das Infraestruturas, João Galamba, quer reunir-se com Patrick Drahi, maior acionista do grupo Altice, para aferir o grau de compromisso da operadora de telecomunicações no país. 

"Numa altura de investimentos importantes, e temos mantido este diálogo com todas as empresas, é importante aferir o grau de compromisso da Altice", disse aos jornalistas, em declarações à margem de uma visita às oficinas da CP em Contumil.

O responsável pela tutela do setor das telecomunicações afirmou que já tem marcada uma reunião com a CEO e "chairwoman" da Altice Portugal, Ana Figueiredo - como é habitual -, mas que considera "importante" o contacto com Drahi "face às mudanças recentemente conhecidas e tendo em conta os desafios estratégicos importantes, nomeadamente o 5G e os centros de dados", uma vez que "o investimento da empresa nessas áreas no país é determinante".

A intenção de reunir com Drahi foi transmitida na reunião com os sindicatos da Altice, que decorreu na quarta-feira, confirmou Galamba, garantindo que o Governo está a "acompanhar a atividade" da operadora de telecomunicações.

A preocupação em aferir o grau de compromisso da Altice com o país surge numa altura em que a empresa prepara a venda do centro de dados na Covilhã - um dos maiores em Portugal -, com o objetivo de tentar reduzir a montanha de dívida. E a gestão da Altice Internacional tem confiança de que tal acontecerá "nas próximas semanas", como confirmou numa conferência virtual com os investidores em dívida. 

O ministro das Infraestruturas disse ainda que o Governo apresentará "brevemente a estratégia nacional para a conetividade, que é muito centrada em investimentos nos centros de dados".

Questionado sobre se teme que a Operação Picoas, que suspeita de fraude fiscal por parte de altos cargos da operadora, influencie os projetos em curso, disse que "essa é a preocupação dos trabalhadores". "Esperamos que não, [a Altice] é uma empresa que transcende este ou aquele gestor".

Nacionalizar a antiga PT foi uma das opções mencionadas pelos sindicatos da Frente Sindical na reunião com o governante, mas que, diz, está totalmente fora de hipótese. "Compreendemos a posição dos trabalhadores mas também temos a nossa posição de que em setores que operam em áreas concorrenciais o Estado não é o melhor gestor, porque o enquadramento legal europeu coloca fortes constrangimentos à atividade acionista do Estado em empresas que operem em concorrência", rematou.

Os sindicatos têm procurado esclarecimentos junto da administração da Altice Portugal desde que foi conhecida a investigação a uma série de negócios feitos enquanto Alexandre Fonseca era CEO da operadora. A Comissão de Trabalhadores da Meo divulgou hoje, numa nota enviada ao Negócios, que "tomou medidas junto da DGERT e da ACT", devido à ausência de cooperação por parte da administração da Altice Portugal.

"Face à falta de resposta, a CT sentiu-se obrigada a recorrer a medidas legais. Hoje foi submetida uma exposição à Direção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho (DGERT) e solicitada intervenção inspetiva à Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT). O objetivo principal da CT é garantir o respeito pelos seus direitos e responsabilizar a administração pela sua recusa em colaborar", refere.
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