Notícia
Anacom propõe redução até 55% dos preços da Fibroglobal
O regulador considera que os preços cobrados pela Fibroglobal “são muito elevados” e propôs ao Governo a redução entre 24% e 55% dos valores praticados.
A Anacom anunciou esta segunda-feira, 23 de Outubro, que concluiu a análise aos preços das ofertas grossistas praticados pela Fibroglobal, empresa que construiu uma rede de fibra nas zonas rurais do centro do país e Açores com recurso a mais de 40 milhões de euros de fundos públicos.
A conclusão do regulador segue em linha com as queixas da Nos e da Vodafone, tendo considerado que os valores "são muito elevados, pelo que propõe ao Governo a redução dos preços praticados por aquela empresa entre 24% e 55%, consoante o tipo de acesso", de acordo com o comunicado emito pela entidade liderada por João Cadete de Matos (na foto).
Na análise que fez, a Anacom "verificou também os preços das ofertas grossistas da DSTelecom (que explora a rede de alta velocidade rural na zona Norte do País, Alentejo e Algarve), tendo concluído que os preços praticados pela Fibroglobal (Zona Centro do País e Açores) são substancialmente superiores".
No mesmo comunicado, o regulador relembra que este facto motivou queixas da Nos e da Vodafone, que consideram que a oferta da Fibroglobal não lhes permite oferecer, com rentabilidade positiva, serviços triple-play no mercado de retalho, nomeadamente no segmento residencial.
No que toca à DST, a Anacom "não recebeu quaisquer reclamações dos operadores que utilizam a rede desta empresa que indiciassem a existência de preços discriminatórios ou não razoáveis, além de que existem diferentes operadores que subscrevem a oferta da DST".
A Meo, comprada pela Altice em Junho de 2015, é a única operadora que utiliza a rede da Fibroglobal, sendo também accionista desta infra-estrutura. Aliás, no final do ano passado a Visabeira vendeu os 95% que detinha na Fibroglobal à sociedade luxemburguesa JMO, gerida por José Monteiro, que segundo o Público terá ligações a fornecedoras da Altice.
No mesmo relatório que a Anacom enviou ao Executivo, relembra ainda que "de acordo com o estabelecido nos contratos celebrados com a Fibroglobal e com a DST, a existência de sobrefinanciamentos deverá ser verificada a cada 5 anos de duração dos contratos".
Visto que esse prazo já terminou, a Anacom propôs também ao Governo "que peça informação para que se possa avaliar a situação. Caso se verifiquem situações de sobrefinanciamento haverá lugar ao accionamento do mecanismo de reembolso". E explica que "nos termos dos contratos, a atribuição de financiamento público configura um sobrefinanciamento caso o lucro decorrente da exploração da rede de alta velocidade seja superior à média registada no sector".
Além das recomendações que enviou ao Governo, a Anacom remeteu também à Autoridade da Concorrência "o conjunto de informações e questões sobre a Fibroglobal de que tomou conhecimento, com vista a serem analisadas por aquela Autoridade. Uma iniciativa levada a cabo no âmbito do dever de cooperação em matérias relacionadas com a aplicação do regime jurídico da concorrência no sector das comunicações electrónicas e no âmbito do dever de participação de factos susceptíveis de serem qualificados como práticas restritivas da concorrência", detalha a Anacom.