Notícia
"A APDC deixou de ser independente e passou a ser comandada pelos 3 operadores", diz Anacom
O líder do regulador das comunicações respondia a uma questão do deputado Paulo Moniz, do PSD, na audição da Comissão de Economia, Obras Públicas, Planeamento e Habitação, sobre o que explica a ausência do regulador naquele que é o maior fórum do setor.
O líder do regulador das comunicações respondia a uma questão do deputado Paulo Moniz, do PSD, na audição da Comissão de Economia, Obras Públicas, Planeamento e Habitação, sobre o que explica a ausência do regulador naquele que é o maior fórum do setor e que este ano decorreu a 9 e 10 de maio.
João Cadete de Matos criticou ainda a "atitude inédita" da associação liderada por Rogério Carapuça durante o leilão do 5G - que gerou forte contestação dos três principais operadores de telecomunicações. "Teve uma atitude inédita que foi em pleno processo 5G emitir um comunicado a favor dos três operadores", disse, acrescentando que isto só "revela a necessidade de termos padrões éticos nas organizações em Portugal".
As críticas chegaram também à Associação dos Operadores de Comunicações Eletrónicas (Apritel), que acusou de durante meses contestar os dados sobre os preços das telecomunicações, mas que no mês em que os preços subiram à luz da inflação (em quase 8%) se manteve em silêncio. " A tentativa de confundir e iludir a realidade não é aceitável. O país tem de acreditar nas autoridades públicas", reforçou.
Anacom "não se deixou condicionar apesar das pressões"
A pouco mais de um mês do fim do seu mandato, Cadete de Matos assume ter sido alvo de pressões e de difamações, mas garante que a Anacom e o seu presidente não se deixaram condicionar. "Posso dizer com satisfação que isso aconteceu e que foi importante que quem teve responsabilidade no Governo e na Presidência tivesse respeito pela independência do regulador", afirmou.
"A origem é sempre de quem tem interesse, de quem tem a ganhar ou a perder. A meio do mandato, houve um pedido ao Governo para que demitisse o presidente da Anacom", revelou, deixando de seguida um alerta: "Quando não se captura o regulador, tenta-se capturar quem pode ter influência no regulador. Isso acontece tanto em Portugal como noutros países, o que é necessário é que o poder politico também não seja condicionado".