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"A APDC deixou de ser independente e passou a ser comandada pelos 3 operadores", diz Anacom

O líder do regulador das comunicações respondia a uma questão do deputado Paulo Moniz, do PSD, na audição da Comissão de Economia, Obras Públicas, Planeamento e Habitação, sobre o que explica a ausência do regulador naquele que é o maior fórum do setor. 

João Cadete de Matos, presidente da Anacom, aponta para 5 euros o valor da tarifa social da internet.
Paulo Calado
Sílvia Abreu silviaabreu@negocios.pt 05 de Julho de 2023 às 19:38
O presidente da Anacom, João Cadete de Matos, afirmou esta quarta-feira que a Associação Portuguesa para o Desenvolvimento das Comunicações (APDC) "deixou de ser uma associação independente e passou a ser comandada pelos três operadores", fazendo referência à Nos, Vodafone e Altice. 

O líder do regulador das comunicações respondia a uma questão do deputado Paulo Moniz, do PSD, na audição da Comissão de Economia, Obras Públicas, Planeamento e Habitação, sobre o que explica a ausência do regulador naquele que é o maior fórum do setor e que este ano decorreu a 9 e 10 de maio

"A Anacom aprecia e está disponível para participar e colaborar com todas as instituições. Não foi a Anacom que decidiu não participar. O que aconteceu, e tive oportunidade de dizer ao presidente da APDC, Rogério Carapuça, foi que considerava uma situação grave o facto de a APDC ter como vice-presidentes [representantes de] os três operadores", vincou.

João Cadete de Matos criticou ainda a "atitude inédita" da associação liderada por Rogério Carapuça durante o leilão do 5G - que gerou forte contestação dos três principais operadores de telecomunicações. 
"Teve uma atitude inédita que foi em pleno processo 5G emitir um comunicado a favor dos três operadores", disse, acrescentando que isto só "revela a necessidade de termos padrões éticos nas organizações em Portugal".

 
As críticas chegaram também à Associação dos Operadores de Comunicações Eletrónicas (Apritel), que acusou de durante meses contestar os dados sobre os preços das telecomunicações, mas que no mês em que os preços subiram à luz da inflação (em quase 8%) se manteve em silêncio. " A tentativa de confundir e iludir a realidade não é aceitável. O país tem de acreditar nas autoridades públicas", reforçou.

Anacom "não se deixou condicionar apesar das pressões"

A pouco mais de um mês do fim do seu mandato, Cadete de Matos assume ter sido alvo de pressões e de difamações, mas garante que a Anacom e o seu presidente não se deixaram condicionar. "Posso dizer com satisfação que isso aconteceu e que foi importante que quem teve responsabilidade no Governo e na Presidência tivesse respeito pela independência do regulador", afirmou.

"A origem é sempre de quem tem interesse, de quem tem a ganhar ou a perder. A meio do mandato, houve um pedido ao Governo para que demitisse o presidente da Anacom", revelou, deixando de seguida um alerta: "Quando não se captura o regulador, tenta-se capturar quem pode ter influência no regulador. Isso acontece tanto em Portugal como noutros países, o que é necessário é que o poder politico também não seja condicionado".

Notícia atualizada às 20h12
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