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Governos manipulam Facebook e Twitter

Os Governos de todo o mundo estão a recrutar "soldados cibernéticos" que manipulam o Facebook, o Twitter e outras redes sociais para direccionar a opinião pública, disseminar desinformação e minar críticos, segundo um novo relatório da Universidade de Oxford.


Os gigantes tecnológicos dos EUA (Facebook, Amazon, Apple, Netflix e Google) foram responsáveis por uma subida do Nasdaq até 29% em 2017, até ao momento, e o retorno dos FAANG cifrou-se em mais de 50%, em termos médios. Na nossa opinião, não se trata de uma mera recorrência da bolha dot-com verificada no final da década de 1990. Ao contrário dessa experiência — durante a qual os analistas imaginaram novas formas de valorizar empresas que não passavam de ideias — as empresas que lideram actualmente o sector são reais e apresentam fluxos de caixa tangíveis. Estamos em crer que a inovação tecnológica é um tema estrutural que poderá acrescentar 1% -1,5% ao crescimento potencial do PIB mundial nos próximos 10-15 anos.
Reuters
22 de Julho de 2017 às 12:00
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Num estudo em que amplia as evidências cada vez maiores sobre esforços promovidos por governos para utilizar ferramentas online para influenciar a política, os investigadores descobriram que 29 países utilizam as redes sociais para orientar opiniões, tanto localmente quanto do público estrangeiro. As tácticas são empregadas por regimes autoritários, mas também por governos eleitos democraticamente, segundo os autores.

 

"As redes sociais tornam as campanhas de propaganda muito mais fortes e possivelmente mais efectivas do que antes", disse Samantha Bradshaw, autora principal do relatório e investigadora do Projecto de Pesquisa de Propaganda Computacional da Oxford. "Eu acho que as pessoas não percebem o quanto os governos estão a usar essas ferramentas para chegar até elas. Trata-se de algo muito mais escondido."

 

O comportamento online dos grupos apoiados pelo governo varia amplamente, desde comentários em posts no Facebook e no Twitter até o foco individual em pessoas.

Jornalistas são assediados por grupos governamentais no México e na Rússia, e na Arábia Saudita soldados cibernéticos inundam as mensagens negativas sobre o regime publicadas no Twitter com conteúdo e hashtags não relacionados, para que os posts ofensivos sejam mais difíceis de encontrar. Na República Checa é mais provável que o governo partilhe um trabalho de "fact-checking" em resposta a algo que considere impreciso, segundo o relatório.

 

Os governos também utilizam contas falsas para mascarar a origem do material. Na Sérvia, contas falsas são usadas para promover a agenda do governo e no Vietnam bloggers disseminam informações favoráveis. Enquanto isso, responsáveis governamentais na Argentina, no México, nas Filipinas, na Rússia, na Turquia, na Venezuela e noutras partes do mundo utilizam softwares de automação - conhecidos como "bots" -- para propagar posts nas redes sociais de uma maneira que imita utilizadores reais.

 

"Os soldados cibernéticos são um fenómeno omnipresente e global", disse o relatório publicado pelo grupo, que estuda como as ferramentas digitais são usadas para manipular a opinião pública.

 

A propaganda é uma arte obscura usada há tempos pelos governos, mas as ferramentas digitais estão a tornar as técnicas mais sofisticadas, segundo Bradshaw. A investigadora diz que nos últimos anos os governos perceberam a forma como os activistas têm utilizado as redes sociais para disseminar uma mensagem e construir apoio e estão a adoptar alguns métodos semelhantes. Ferramentas online como softwares de análise de dados permitem que os governos adaptem uma mensagem de forma mais efectiva a grupos específicos de pessoas, maximizando o seu impacto.

 

Bradshaw afirmou que apesar de a Rússia e os regimes autoritários receberem a maior parte da atenção sobre a manipulação das redes sociais, as democracias ocidentais têm usado técnicas similares. No Reino Unido, o Exército Britânico criou a 77ª Brigada em 2015 em parte para realizar operações psicológicas usando redes sociais. Bradshaw disse que os governos democráticos não são transparentes em relação aos esforços de propaganda digital.

"Eles estão a utilizar as mesmas ferramentas e técnicas que os regimes autoritários", diz Bradshaw. "Talvez os motivos sejam diferentes, mas isso é difícil de afirmar sem transparência."

 

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