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YouTube: "Só no 2.º trimestre 'deitámos abaixo' 4 milhões de canais e 4,4 milhões de vídeos"

Na sua primeira entrevista como responsável pelo YouTube na Europa, Médio Oriente e África, Pedro Pina fala da singularidade dos portugueses nesta plataforma de vídeos, do cerco à desinformação russa e dos bastidores da remoção de vídeos que violam as regras do YouTube.

D.R.
Negócios 18 de Outubro de 2022 às 08:20
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“Eu sei fazer o meu trabalho o melhor que posso. Acho que Portugal é um país extraordinário para exportar talento”, considera Pedro Pina, que trabalhou na Pepsi, em Miami, foi diretor de marketing da Pizza Hut para a América Latina, entre muitos outros cargos, e entrou na Google em 2013, tendo no verão do ano passado sido nomeado vice-presidente do YouTube, responsável pelo negócio na Europa, Médio Oriente e África (EMEA).

Há singularidades na forma como os residentes em Portugal utilizam o YouTube?

Algo que diferencia claramente o YouTube em Portugal é o facto de os criadores compreenderem que o seu valor é maior do que a audiência do próprio país. Daí que, não surpreendentemente [de acordo com o estudo sobre o impacto da plataforma no nosso país], mais de 50% da sua audiência esteja fora de Portugal. Ou seja, conseguem exportar essa audiência, e isto é uma coisa muito específica dos portugueses, que são extraordinários na sua capacidade de falar inglês, muito mais do que aquilo que vemos noutros países. A criatividade de se adaptarem a este Portugal de fronteiras abertas e a crescer para o mundo de forma extraordinária. Cerca de 80% dos criadores que foram consultados para este estudo disseram que o YouTube era a única plataforma que lhe dá acesso, de facto, a uma audiência global.

E há meio mundo ligado ao YouTube...

Temos cerca de 2,3 mil milhões de utilizadores a ligarem-se ao YouTube todos os dias – é quase metade do planeta que está ligado à internet, e, como tal, se eu tiver uma ideia e uma câmara... consigo falar com o mundo e encontrar a minha audiência. E o que nós estamos a ver é que os criadores portugueses são particularmente eficazes nisso. Portanto, esta exportação da criatividade, dos valores e da cultura portuguesa, é uma coisa que distingue muito o YouTube em Portugal.

A pandemia da covid-19 fez disparar o fenómeno das notícias falsas nas redes sociais, a nível global e também em Portugal. Como é que o YouTube se posiciona nesta matéria e o que é que está a fazer para combater a desinformação?

Temos regras muito claras – quando são violadas, retiramos o conteúdo do YouTube. Neste momento, temos cerca de 20 mil “reviewers” humanos a trabalhar sobre todo o conteúdo que está a ser utilizado dentro do YouTube. Só no segundo trimestre deste ano, “deitámos abaixo” quase quatro milhões de canais e mais de 4,4 milhões de vídeos, que foram removidos por violarem as regras da comunidade. Cerca de 93% desses vídeos foram sinalizados por máquinas, dos quais 34% foram removidos antes de terem sequer uma visualização, e 38% tiveram entre 1 e 10 visualizações antes de serem removidos.

E relativamente à desinformação russa?

No caso da Rússia, tudo que seja conteúdo a dizer que “não é uma guerra”, que “não é uma invasão”, isso é informação que nós retiramos imediatamente do YouTube. Não permitimos que desinformação exista na plataforma. Outra coisa que fazemos é dar mais proeminência a informação que consideramos que vem de fontes respeitadas, como foi o caso durante o tempo da covid-19, em que fizemos parcerias, por exemplo, com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Dar mais proeminência a essa informação, para ter a certeza de que os utilizadores têm acesso a informação boa.

Do que pode o país beneficiar por ter um português a ocupar um cargo de topo no YouTube?

Os portugueses são particularmente bons a compreenderem a importância de estarem abertos ao mundo, a saberem que o seu valor como país reside na sua capacidade de se impor para além das suas fronteiras. Esta tem sido a História de Portugal e dos portugueses. O que os portugueses podem, quando chegam a cargos de determinadas empresas, é trazer esta perspetiva. O que é preciso é olharmos para as nossas próprias capacidades e saber quais as que são requeridas para operar para além daquilo que nós conhecemos, daquilo que é mais imediato e a que nos habituámos desde pequenos.

E o Pedro Pina, sem falsas modéstias, considera-se uma referência...

São as suas palavras (risos). Eu sei fazer o meu trabalho o melhor que posso. Acho que Portugal é um país extraordinário para exportar talento. 

 

 

No caso da Rússia, tudo o que seja conteúdo a dizer que ‘isto não é uma guerra’, que ‘não há invasão’, isso é informação que retiramos imediatamente do YouTube. Não permitimos desinformação.
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