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Trabalhadores da PT Portugal prometem agravar formas de luta depois das férias

Dezenas de funcionários da PT Portugal participaram hoje num protesto, em Aveiro, contra a transferência de trabalhadores e deixaram a promessa de agravar as formas de luta depois das férias, se não obtiverem respostas para os seus problemas.

Miguel Baltazar/Negócios
01 de Agosto de 2017 às 16:21
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"Isto é uma corrida de maratona e não vamos desistir, porque temos a razão do nosso lado e temos a força dos trabalhadores", disse à Lusa Francisco Gonçalves, da comissão de trabalhadores (CT).

 

Francisco Gonçalves diz que vão continuar a realizar reuniões com os trabalhadores e protestos à porta da empresa e prometem "formas de luta mais intensas e mais mediáticas" logo após as férias.

 

"Temos este mês de agosto para ver se a empresa nos recebe e se a nova presidente diz o que quer fazer e vamos ver qual é a resposta do Governo e dos grupos parlamentares. E se não houver desenvolvimentos positivos, a partir de Setembro vamos entrar nos locais de trabalho com muita força. Setembro vai ser um mês de grande esclarecimento e Outubro vai ser um mês de grande luta", disse Francisco Gonçalves.

 

O representante da CT diz que dos 155 trabalhadores que já foram transferidos da PT Portugal para empresas da Altice e da Visabeira, "mais de 15% já rescindiram por mútuo acordo".

 

Além dos trabalhadores que foram transferidos, Francisco Gonçalves diz que há "trabalhadores sem funções, trabalhadores a ser chamados para rescindir, e outros que a qualquer momento podem cair numa situação destas".

 

"Enquanto não resolvermos o problema do modelo social da PT, em que tenha trabalhadores motivados, com trabalho com direitos, postos de trabalho garantidos e uma empresa com futuro que faz falta a Portugal e à economia nacional nós não desistiremos", afirmou.

 

Carmina Santos, uma das trabalhadoras que participou no protesto, disse à Lusa que está "desiludida" com a situação que se vive na empresa e sente que tem o seu posto de trabalho ameaçado.

 

"Já mudei há um ano para estas novas funções e agora achamos que seremos também um alvo a abater. Já fomos alvo de uma primeira proposta de rescisão que não aceitámos, porque os valores não se coadunam", adiantou.

 

Esta funcionária que trabalha há 28 anos na MEO diz que o que se passa na PT Portugal vai alastrar-se a outras empresas nacionais.

 

"Nós somos pioneiros. Se a lei não for corrigida e os trabalhadores não forem protegidos isto vai continuar", alertou.

 

A mesma opinião tem Gustavo Almeida, que trabalhava há 35 anos na PT até ter sido transferido no mês passado para a Tnord, do grupo Altice.

 

"Isto é um alerta para todas as empresas em Portugal, porque se isto passar nesta empresa, dá aso a que qualquer empresa recorra exactamente ao mesmo processo com as repercussões sociais que isso vai trazer", disse.

 

Apesar de estar a trabalhar para outra empresa, Gustavo Almeida diz que continua a trabalhar "na mesma secretária, no mesmo computador, com as mesmas aplicações, a fazer exactamente o mesmo trabalho que fazia antes da transição".

 

"Isto é como morrer na praia. Com 35 anos de casa, uma pessoa já começa a pensar que a reforma não está muito longe e há que aproveitar o tempo que falta para continuar a fazer aquilo que a empresa nos solicita e, de um dia para o outro, todas essas situações vão ser alteradas, porque uma pessoa vai para uma nova estrutura, que à partida é muito duvidosa e não transmite nenhuma segurança", desabafou.

 

O protesto que decorreu em frente às instalações da PT Inovação, em Aveiro, contou com a presença do deputado do PCP no Parlamento Europeu, Miguel Viegas, e do deputado do Bloco de Esquerda, Moisés Ferreira.

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