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Quando a tecnologia ameaça os mais qualificados

Ao contrário de outras revoluções tecnológicas, os empregos mais qualificados e relacionados com os avanços da inteligência artificial são também os mais ameaçados, revela uma análise recente da OCDE.

Emprego profissões qualificadas
A revolução da inteligência artificial poderá ter maior impacto negativo nas profissões mais qualificadas. Getty Images
07 de Novembro de 2024 às 09:45
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Ao contrário do que acontecia até agora, estão os mais qualificados, que necessitam de anos de aprendizagem, mais ameaçados pela inteligência artificial (IA)? A resposta é sim, de acordo com uma recente análise da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económicos (OCDE) sobre os trabalhadores mais expostos e ameaçados pelos avanços da IA.

Mas o que significa exposição de um determinado emprego à IA? De acordo com a definição da OCDE, “refere-se à sobreposição entre as competências exigidas numa profissão e as competências técnicas da IA.” Sendo que esta tecnologia regista maiores progressos em “tarefas cognitivas não rotineiras, muitas das profissões mais expostas à IA” são aquelas que exigem tradicionalmente “vários anos de formação formal e/ou ensino superior, como por exemplo, tecnologias de informação, gestores e profissionais de ciências e engenharia.” Ou seja, profissões altamente qualificadas – os chamados “white-collar”.

Já as profissões dependentes de competências manuais e de “força braçal”, como empregados de limpeza, cuidadores, operários da construção e ligados à restauração, o risco é diminuto. As profissões que dependem de competências manuais e da força, como os empregados de limpeza, os operários e os assistentes de preparação de alimentos, tendem a estar pouco expostas à IA.

O estudo da OCDE avalia a composição sociodemográfica dos trabalhadores mais e menos expostos à inteligência artificial. “As cinco profissões mais expostas são dominadas por trabalhadores com formação superior, com idades compreendidas entre os 30 e os 54 anos e trabalhadores nativos”. Neste conjunto, estão profissões relacionadas com ciência e engenharia, gestão ou tecnologias de informação. Em termos de género, são empregos dominados por homens, mas a instituição lembra que estas são profissões já por si sub-representadas pelas mulheres.

Por outro lado, apesar de haver maior diversidade de género, as profissões ligadas à limpeza, cuidados de saúde e operários estão menos expostas à IA.

Mas os avanços da inteligência artificial também podem redefinir a relação entre homens e mulheres no acesso ao mercado de trabalho. O retrato da OCDE indica que 12% dos trabalhadores homens estão em profissões altamente expostas à IA, comparando com 6% de mulheres.

E a criação de emprego?

Apesar de ser uma realidade em constante mudança, a OCDE indica que, para já, os dados não apontam para uma correlação negativa entre IA, emprego e salários. “Alguns estudos sugerem mesmo que a exposição à inteligência artificial tem sido associada a uma relação positiva em termos de emprego e de salários, e que tem sido mais forte entre os trabalhadores com mais habilitações e com rendimentos mais elevados, o que pode aprofundar as desigualdades existentes.”

 

Não haverá uma correlação negativa entre IA, emprego e salários.
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