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OpenAI pode passar a ter fins lucrativos. Responsável tecnológica demite-se

O objetivo passa por tornar a empresa mais atrativa para os investidores e a alteração implica que Sam Altman poderá vir a receber capital próprio pela primeira vez. Mira Murati, que chegou a estar alguns dias como CEO interina, vai deixar a OpenAI após seis anos.

DR
25 de Setembro de 2024 às 22:11
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A OpenAI está a trabalhar num plano para reestruturar a empresa e passar para uma companhia com fins lucrativos. Esta alteração significaria que a companhia responsável pelo ChatGPT deixa de ser controlada pelo conselho de administração como organização sem fins lucrativos. A notícia está a ser avançada pela Reuters, que cita fontes conhecedoras do assunto.

O objetivo passa por tornar a empresa mais atrativa para os investidores. O cenário em estudo é que a OpenAI sem fins lucrativos continue a existir e detenha uma participação minoritária numa outra empresa com o mesmo nome, e essa sim, cujo objetivo é dar lucro.

A decisão também tem implicações relativamente à forma como a companhia liderada por Sam Altman passará a gerir os riscos da inteligência artificial (IA) numa nova estrutura. O propósito inicial no desenho de uma organização sem fins lucrativos dedicada à IA era que o conselho de administração e cada um dos seus responsáveis tivesse um dever fiduciário para com a "humanidade e não os investidores" da empresa. Mas tal parece estar prestes a mudar.

A startup surgiu como entidade sem fins lucrativos e em 2019 criou uma subsidiária com um limite de lucros, em que os investidores estão limitados a receber uma certa quantia acima do seu investimento inicial. O objetivo era que a segurança de novos desenvolvimentos da inteligência artificial fosse assegurada e que não fosse um "vale tudo" em busca de lucros.

A alteração noticiada pela Reuters implica que Sam Altman poderá vir a receber capital próprio da empresa pela primeira vez, mas para isso seria necessário remover o limite no retorno dos investidores. A Reuters indica que a avaliação da OpenAI numa ronda de financiamento que está a decorrer pode chegar aos 150 mil milhões de dólares.

A Reuters indica que os planos estão ainda a ser estudados com advogados e acionistas e que o período de término da reorganização permanece incerto. No entanto, tudo indica que a estrutura da empresa poderá ser semelhante à de outras rivais como a Anthropic ou a xAI, de Elon Musk, que estão registadas como empresas com benefícios, uma forma de companhias com fins lucrativos cujo objetivo passa por promover responsabilidade social e sustentabilidade, além de darem lucros.

A atual reestruturação volta a colocar em cima da mesa um velho debate. O confronto entre a "missão" da investigação levada a cabo pela OpenAI e as aspirações de a tornar uma empresa que dê lucro. Uma distinção entre um negócio e uma contribuição para o conhecimento.

CTO de saída da OpenAI

A reestruturação acontece a par de um conjunto de mudanças dos responsáveis de topo da OpenAI. O presidente da companhia Greg Brockman tem estado ausente, ao passo que a "chief technology officer" (CTO) da OpenAI, Mira Murati, que chegou a ficar como CEO interina da empresa durante dias, anunciou a sua saída da empresa.

Através de uma publicação feita na rede social X (ex-Twitter) esta quarta-feira Murati escreveu: "Estou a afastar-me porque quero criar tempo e espaço para fazer a minha própria investigação", pode ler-se. "Por agora, o meu foco principal é fazer tudo o que estiver ao meu alcance para garantir uma transição suave, mantendo a dinâmica que construímos", disse ainda.

Antes da OpenAI, Mira Murati trabalhou na Tesla na equipa de inteligência artificial. No período de seis anos na companhia, a CTO foi justamente responsável por gerir o ChatGPT e o gerador de imagens com base em texto o DALL-E.

O anúncio acontece quase um ano depois da novela que levou à saída e reintegração de Sam Altman como CEO da companhia detentora do Chat-GPT e dias antes do evento anual da OpenAI, o "Developers Day" em São Francisco, que se realiza na próxima semana.

O CEO já respondeu. Através da mesma rede social Sam Altman afirmou que "é difícil exagerar o quanto Mira significou para a OpenAI, para a nossa missão e para todos nós pessoalmente".

"Sinto uma enorme gratidão para com ela pelo que nos ajudou a construir e a realizar, mas acima de tudo sinto gratidão pessoal pelo seu apoio e amor durante todos os momentos difíceis. Estou entusiasmado com o que ela vai fazer a seguir", escreveu. Altman acrescentou ainda que terá mais a dizer sobre os planos futuros da empresa "em breve".

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