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“Não há nada mais seguro que o dinheiro”: Queda das tecnológicas assusta Silicon Valley

Começam a surgir sinais de que já nada é como antes. Os investidores começam a estar nervosos e as start-ups ansiosas.

Bloomberg
23 de Novembro de 2018 às 16:30
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Steve Hoffman pega no microfone e, instantaneamente, irradia o optimismo típico de Silicon Valley. Com a sua tradicional camisa de xadrez roxa e azul, a sua voz aguda ecoa pelas paredes de cimento e divulga o histórico da sua incubadora de start-ups e recita rapidamente os nomes que ajudou a crescer: Instagram, Etsy, Change.org, Foursquare.

 

Exclamações de admiração reverberam pela multidão na casa dos 20 anos de idade. Smartphones são levantados para filmar todas as suas palavras. Os jovens encheram a sala de conferências subterrânea em São Francisco para terem uma oportunidade de conhecer investidores de capital de risco dispostos a apostar nos seus sonhos. Quando Hoffman profere a última frase do seu discurso – "você pode ser o próximo unicórnio" – a multidão vai ao delírio.

 

Pouco antes disto, no entanto, Hoffman, ou Capitão Hoff, como gosta de ser chamado, tinha um tom decididamente mais pessimista enquanto conversava francamente, à espera da chegada do público. A verdade, disse, é que estava a gastar muito pouco do próprio dinheiro. Após uma década de avaliações altíssimas no sector de tecnologia, a recente queda de 12% do Nasdaq era expectável. Hoffman receia que a queda forte nos mercados de acções só vai piorar – e muito – o que, por sua vez, começará a baixar as avaliações elevadas das start-ups de capital fechado.

 

"Na verdade, estou bastante preocupado", disse Hoffman, que criou a sua incubadora, a Founders Space, em 2011. Hoffman disse que retirou 80% do dinheiro que tinha nos mercados públicos e 60% do que tinha nos mercados privados. Tudo isto é agora dinheiro vivo. "Não existe nada mais seguro que o dinheiro vivo."

 

O receio de Hoffman pode ser um pouco exagerado para os padrões de Silicon Valley – há quem discorde completamente desta percepção –, mas evidencia uma nova e indiscutível realidade: o nervosismo provocado pela forte queda das acções de empresas de tecnologia deixou de ser exclusivo dos traders de Wall Street, aquelas pessoas notoriamente mais agitadas e ansiosas do outro lado do Atlântico. Não, até mesmo no coração do sector onde o optimismo exagerado e a atitude positiva fazem parte do DNA, estão a começar a surgir dúvidas.

 

A maioria das acções de empresas de tecnologia está em queda há vários. Alguns dos movimentos são impressionantes: a Netflix afundou mais de 30% em relação ao pico atingido em Julho; a Amazon caiu mais de 20% desde o início de Setembro; a Tencent, colosso chinês da tecnologia, recuou quase 40% depois de bater um recorde em Janeiro. Fabricantes de semicondutores também foram bombardeadas, com uma queda de cerca de 20% desde o começo de Junho. Isto também aconteceu com as fabricantes de hardware de tecnologia. As acções deste sector caíram quase 15% em relação a um pico registado em Outubro. Ao todo, as empresas de tecnologia perderam mais de um bilião de dólares em valor nos últimos dois meses e meio.

 

"O optimismo dos investidores está mais contido", disse Alex Chompff, um investidor e consultor que levou alguns dos seus amigos investidores para o evento da Founders Space. "Este optimismo tem um tecto que talvez não existisse há um ano."

(Texto original: "Nothing Safer Than Cash": Tech Rout Puts Silicon Valley on Edge)

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