Notícia
Houseparty desafia Zoom no nicho das videoconferências
No mês passado, o Houseparty registou 50 milhões de utilizadores. A empresa estima que o número traduza um aumento de 70 vezes na quantidade típica da aplicação em alguns mercados.
Sima Sistani tem passado a quarentena da pandemia de coronavírus da mesma maneira que outras pessoas no último mês: a ajudar a filha de 7 anos nas tarefas escolares, trocando turnos com o marido e pulando de um quarto para outro para encontrar um espaço silencioso para as chamadas telefónicas. "Basicamente estou em qualquer quarto em que meus filhos não estejam", disse.
Mas a vida profissional de Sima mudou drasticamente de uma maneira única: como cofundadora e diretora-presidente da aplicação de chat por vídeo Houseparty, que ganhou popularidade desde o início de março, de repente Sima comanda uma empresa que evoluiu de uma maneira descontraída de conversar com os amigos para um salva-vidas legítimo para pessoas inesperadamente presas em ambientes fechados.
"Eu costumava dizer às pessoas algo como ‘hey, não estamos a curar o cancro’", disse Sima numa entrevista - realizada através da Houseparty – a partir da sua casa em São Francisco, esta semana. "É a primeira vez que sinto que temos uma responsabilidade e uma obrigação de manter este serviço porque as pessoas precisam. É fundamental para elas agora."
Ao lado da Zoom Video Communications, a Houseparty pode ser o produto que mais define o momento atual, quando cerca de 300 milhões de americanos receberam a ordem de ficar em casa para ajudar a mitigar a propagação da covid-19. Na sua essência, as aplicações móveis e de desktop gratuitos da Houseparty permitem que as pessoas conversem por vídeo com amigos ou familiares, como o Zoom ou o FaceTime da Apple. Mas a Houseparty, que antes era popular principalmente entre adolescentes, cria uma série de outros recursos para incentivar a interação, incluindo a capacidade de jogar remotamente ou entrar em conversas já iniciadas pelos amigos na aplicação.
No mês passado, o Houseparty registou 50 milhões de utilizadores, disse Sima. A empresária estima que o número seja equivalente a 70 vezes a quantidade típica da aplicação em alguns mercados. A empresa não divulga o número total de utilizadores, mas é a aplicação entre as redes sociais que tem maior número de downloads na App Store norte-americana todos os dias desde 20 de março - à frente do trio Facebook, Messenger e WhatsApp, da gigante de redes sociais - e foi a segunda aplicação mais descarregada considerando todas as categorias no final de semana da Páscoa, atrás apenas da Zoom, de acordo com a App Annie.
Para muitos agora presos em casa, a ascensão da Houseparty pode ter surgido do nada. Mas a aplicação existe há quase quatro anos. Em junho do ano passado, foi adquirida pela Epic Games, dona do blockbuster Fortnite, depois de levantar mais de 70 milhões de dólares em capital de risco. Numa ronda de captação de recursos no final de 2016, os investidores avaliaram a Houseparty em cerca de 150 milhões de dólares, segundo o Pitchbook.
A empresa também enfrenta desafios com o aumento da popularidade. Segundo alegações feitas on-line em inúmeras contas do Twitter, a Houseparty terá sido hackeada e o download da aplicação terá resultado na perda do controlo de outras contas de usuários nas quais presumivelmente usavam a mesma senha, como o Spotify.
A Houseparty negou rapidamente que houvesse alguma violação, mas as acusações foram generalizadas o suficiente para que a empresa publicasse o seu próprio tweet a oferecer uma recompensa de 1 milhão de dólares a qualquer pessoa com informações sobre onde os rumores começaram.
"Estamos a investigar indicações de que os recentes rumores sobre hackers foram divulgados por uma campanha comercial de difamação para prejudicar a Houseparty", disse a empresa, embora a oferta de pagamento tenha atraído ainda mais atenção para os rumores. Sima não quis dar detalhes, citando restrições legais sobre o que poderia discutir. "Não sabemos o que aconteceu e ainda estamos a investigar", acrescentou.