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Google acusa DOJ de "ação defeituosa": "As pessoas não usam o Google por obrigação"
Depois da acusação lançada pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos sobre práticas anticoncorrenciais da gigante de “tech”, a Google reagiu dizendo que as alegações não correspondem à verdade.
A Google reagiu às mais recentes acusações do Departamento de Justiça (DOJ) dos Estados Unidos, alegando que a sua "ação de hoje foi profundamente defeituosa", uma vez que as pessoas "utilizam o Google porque querem, não porque são forçadas ou porque não conseguem encontrar alternativas", disse um porta-voz da empresa.
Através de uma publicação no seu blogue oficial, assinada por Kent Walker, Chief Legal Officer da empresa, a Google assinala que "este processo nada faria para ajudar os consumidores. Pelo contrário, aumentaria artificialmente as alternativas de pesquisa de qualidade inferior, aumentaria os preços dos telefones e tornaria mais difícil para as pessoas obterem os serviços de pesquisa que desejam usar".
Hoje, o DOJ dos Estados Unidos avançou com uma acusação contra a Alphabet por considerar que o maior motor de busca do mundo detém um monopólio ilegal neste segmento, "esmagando" as pretensões dos rivais, dando início a um dos maiores casos de concorrência na maior economia do mundo.
Isto surge numa altura em que a Google vem cimentando todo o seu protagonismo e controla cerca de 90% do mercado de motores de busca online nos Estados Unidos, beneficiando com quase todo o bolo da publicidade.
Neste processo, que será entregue no tribunal federal de Washington, o departamento de Justiça acusa a gigante tecnológica de manter o monopólio ilegal nos motores de busca através de vários contratos comerciais exclusivos e outros acordos que impedem outras empresas da concorrência de crescer.
Entre os acordos citados está o pagamento de milhares de milhões de dólares à Apple para colocar o motor de busca da Google como o padrão em todos os aparelhos da marca, incluindo os iPhones. Nos telemóveis com sistema operativo android, a Google será acusada de estabelecer acordos com os fabricantes de modo a darem a preferência do seu próprio motor de busca, em detrimento dos rivais.
"O ponto principal é que as pessoas não usam o Google porque precisam, elas usam porque querem", continua Kent Walker, adiantando que o atual cenário já não é o de 1990, quando a mudança de serviço "era lenta e difícil". "Hoje, pode-se alterar facilmente a escolha de aplicações a usar ou alterar as configurações padrão numa questão de segundos", justifica.
O Chief Legal Officer da Google remata dizendo que "as pessoas baixaram 204 mil milhões de aplicações em 2019. Muitos das mais populares do mundo não são pré-carregados – como o Spotify, o Instagram, o Snapchat, a Amazon e o Facebook".
Apesar de não ser ilegal ter um monopólio num determinado segmento do mercado, à luz da lei norte-americana, poderá ser considerado uma violação à mesma o facto de uma empresa tentar proteger ou aumentar o seu poder no mercado através de acordos com outras entidades.
Só no ano passado a Google arrecadou 34,3 mil milhões de dólares em receita com o motor de busca nos Estados Unidos, de acordo com a eMarketer. Esse valor deverá superar os 42 mil milhões nos próximos anos.
Uma vitória do governo poderia obrigar a Google a refazer todas as suas operações. Na Europa, a empresa liderada por Sundar Pichai enfrenta processos semelhantes, mas numa escala muito mais reduzida.