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Escândalo da Huawei ameaça bilionário do Leste Europeu

A empresa liderada pelo checo Petr Kellner poderá sofrer danos provocados pelas polémicas e pressões sobre a Huawei.

Bloomberg
15 de Março de 2019 às 13:31
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Quando o bilionário checo Petr Kellner se juntou a uma delegação que incluía o presidente da República Checa Milos Zeman com destino a Pequim, em 2014, o seu objetivo era cavar mais fundo a mina de ouro da China. Mas o sucesso rentável de que desfrutou desde então pode acabar por se transformar numa dor de cabeça inesperada.

 

Kellner, a pessoa mais rica da antiga ala comunista da União Europeia e proprietário da PPF Group, pode descobrir que o seu negócio chinês de empréstimos ao consumidor, que atualmente conta com mais de 13 mil milhões de dólares em ativos, será apanhado inadvertidamente no escândalo de espionagem relacionado com a Huawei Technologies. O motivo é que as empresas de telecomunicações checas da PPF estão sob crescente pressão para deixarem de usar a gigante da tecnologia chinesa para desenvolver a sua rede 5G, tornando o negócio chinês da Home Credit um possível alvo de retaliação.

 

"A posição da PPF na China é politicamente muito delicada porque a sua existência no país depende completamente dos órgãos reguladores estatais", afirmou Martin Hala, especialista em políticas chinesas e chefe do think tank Sinopsis, com sede em Praga. "O acordo com a Huawei para a construção de redes 5G não é vinculativo, mas a questão é saber qual seria o preço para eles se retirarem."

 

A República Checa, assim como outros integrantes da Otan, tem estado sob uma pressão crescente do governo dos EUA, que está a tentar vetar as empresas chinesas nos ramos das redes móveis 5G e dos veículos autónomos, entre outros mercados tecnológicos incipientes.

 

A Huawei rejeita todas as acusações e está a tomar a iniciativa com uma ofensiva jurídica. A PPF, que possui ativos no setor de telecomunicações também na Hungria, na Bulgária, na Eslováquia, na Sérvia e em Montenegro, disse que cumpre todas as leis dos países nos quais opera. A empresa acrescentou, em comunicado enviado à Bloomberg, que nunca comenta "a estratégia de negócios ou assuntos políticos".

 

Mel Carvill, membro do conselho de administração da Home Credit, disse em entrevista à Seznam TV, a 22 de fevereiro, que a unidade está numa "boa posição na China" e que não vê "nenhum sinal de ameaça" até o momento, mas advertiu que "existe sempre a possibilidade de danos colaterais" se as relações diplomáticas entre os dois países azedarem. Carvill também destacou que a Home Credit está a voltar-se para a Índia, que "será um grande motor de crescimento no futuro", e para o Sudeste Asiático.

 

Apesar de a empresa nunca ter sido alvo na China, "acho que me achariam ingénuo se eu dissesse que ficará tudo bem se os países cortarem relações", afirmou Carvill.

 

As apostas no desenvolvimento do 5G, capaz de realizar transferências quase instantâneas de grandes pacotes de dados, não poderiam ser mais altas, disse Daniel Bagge, adido cibernético da embaixada da República Checa em Washington, e a proteção à segurança da tecnologia precisa ser "a mais robusta possível".

 

"Este será um passo importante que mudará a natureza de setores não apenas na República Checa, mas em escala global", afirmou Bagge, em entrevista. "Estamos basicamente a falar de outra revolução industrial."

 

(Texto original: Huawei Scandal Threatens to Entangle Richest Man in East EU)

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