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ENIAC, o "cérebro gigante", faz 70 anos

O ENIAC, o primeiro computador electrónico da história, faz este domingo, 14 de Fevereiro, 70 anos. O "cérebro gigante" pesava 30 toneladas, ocupava 167 metros quadrados e, cada vez que era ligado, as luzes de Filadélfia fraquejavam.

14 de Fevereiro de 2016 às 10:00
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O avô dos computadores como os conhecemos hoje foi apresentado ao mundo a 14 de Fevereiro de 1946 e foi concebido inicialmente para a área de balística do exército norte-americano. Em comparação com os computadores actuais, o ENIAC teria um poder de processamento menor do que o de uma calculadora de bolso.

 

Em 1942, o físico John Mauchly propôs a execução de uma máquina de calcular totalmente electrónica e o projecto foi financiado pelo exército dos Estados Unidos da América, que o manteve em segredo na Universidade da Pensilvânia com o nome de código "Project PX". O ENIAC (Electronic Numerical Integrator And Computer) começou a ser desenvolvido em 1943, durante a Segunda Guerra Mundial, para ajudar o exército norte-americano a fazer cálculos de balística.

 

O projecto foi concebido por John Mauchly e J. Presper Eckert, ambos investigadores da Universidade da Pensilvânia, que, mais tarde, criaram a primeira empresa de computadores, a Eckert-Mauchly Computer Corporation (EMCC). Em 1950, a empresa foi vendida à Remington Rand, que mais tarde se fundiu com a Sperry Corporation, adoptando o nome de Sperry Rand. Hoje, a empresa ainda existe sob o nome de Unisys.

 

O físico John Mauchly e o engenheiro electrónico J. Presper Eckert, além de terem idealizado o primeiro computador electrónico do mundo, também desenvolveram conceitos básicos da computação, como programas de armazenamento e linguagens de programação.

 

Inicialmente, o ENIAC foi utilizado para fins militares. O exército norte-americano necessitava de realizar cálculos balísticos durante a Segunda Guerra Mundial, que, até então, eram feitos com recurso a calculadoras electromecânicas. Este cálculo da trajectória balística consumia cerca de 20 minutos de trabalho, o que obrigou o exército norte-americano a procurar outros recursos para os seus cálculos. O ENIAC era mil vezes mais rápido que uma máquina electromecânica e, de acordo com o portal Computer History, durante os seus 10 anos de actividade, fez mais cálculos que toda a humanidade até àquela altura.

 

"Uma nova máquina que se espera que revolucione a matemática da engenharia e mude os métodos industriais foi anunciada hoje pelo Departamento de Guerra", era assim apresentado o ENIAC aos norte-americanos através de um comunicado.

 

Espantada com aquela que era, à época, a maior e mais potente máquina do género, a imprensa apressou-se a apelidar o ENIAC de "cérebro gigante" e "cérebro mágico". "Máquina de computação revolucionária aperfeiçoada pelo exército resolve difíceis problemas matemáticos com facilidade", escreviam os jornais da altura.

 

A 14 de Fevereiro de 1946, o New York Times escrevia que "este instrumento pode revolucionar a engenharia moderna e trazer uma nova época de desenvolvimento industrial".

 

O ENIAC marcou o início de uma era. "Existem duas épocas na história dos computadores: Antes do ENIAC e depois do ENIAC", escrevia o investigador e cientista Ray Kurzweil em 2006. Num ensaio publicado na Popular Science, Gregory C. Farrington diz mesmo que, com o ENIAC, nasce a era da informação.

 

O "cérebro gigante" tinha quase 18 mil válvulas de vácuo, 7.200 díodos de cristal, 1.500 relés, 70 mil resistores e 10 mil condensadores. Pesava cerca de 30 toneladas, ocupava um espaço de 167 metros quadrados e consumia 150 kW de electricidade. A revista Popular Science conta que, cada vez que o computador electrónico era ligado, as luzes de Filadélfia fraquejavam.

 

Mas o grande impacto que o computador de John Mauchly e J. Presper Eckert teve em 1946 deveu-se à sua grande velocidade. As adições e as subtracções de dois números com dez dígitos eram agora possíveis a um ritmo mil vezes superior face a qualquer outro instrumento da época. Hoje em dia, a potência deste computador equivale a uma simples calculadora de bolso.

 

Na altura, a sua produção custou 500 mil dólares (442 mil euros), o que hoje representaria aproximadamente 6 milhões de dólares.

 

O ENIAC encontra-se actualmente exposto em várias instituições, como a Universidade da Pensilvânia, onde o computador nasceu, o National Museum of American History ou o Heinz Nixdorf Museum Forum, em Paderborn, na Alemanha.

 

Em 2011, a cidade de Filadélfia declarou o dia 15 de Fevereiro (dia em que este "super-computador" foi entregue oficialmente à Universidade da Pensilvânia) como o dia do ENIAC, o primeiro computador electrónico da história.

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