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Duas histórias diferentes sobre futuro da Amazon

Barry Ritholtz, colunista da Bloomberg, destaca duas análises diferentes sobre a Amazon

10ª Amazon - marca avaliada em 37,948 milhões de dólares (33,84 milhões de euros)
Bloomberg
09 de Setembro de 2017 às 17:00
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A Moody’s Investor’s Service divulgou um relatório bastante interessante sobre a Amazon.com. O trabalho é bem diferente das análises habituais de Wall Street, que tendem a mostrar entusiasmo em relação a qualquer coisa relacionada com o fundador e CEO da empresa, Jeff Bezos. Sou fã do trabalho dele e da empresa, por isso, para me vigiar, procuro pontos de vista opostos sempre que possível.

 

Na verdade, chama sempre a minha atenção quando vejo um relatório contrário à maré sobre uma acção amplamente coberta. Dos 46 analistas que seguem as acções da Amazon, um recomenda "vender", cinco sugerem "manter", e os restantes, "comprar", segundo dados compilados pela Bloomberg. Por isso, quando recebi a análise da Moody’s com o título "A gigante da internet ainda está longe de mandar no retalho", tive que ler. Este é simplesmente o tipo de trabalho que qualquer fã de Bezos precisa digerir para manter uma perspectiva equilibrada.

 

As minhas ressalvas habituais aplicam-se: sou um grande consumidor da Amazon e dos seus produtos - Prime, Alexa, Kindle e Amazon Video; não tenho acções da empresa, nem os meus clientes. Muitos de nós talvez desejássemos ter, mas a maioria de nós não teria estômago para os seus fortes altos e baixos.

 

A visão contrária da Moody’s é especialmente notável porque utiliza o intrigante argumento de que a Amazon pode até ser uma gigante da internet, mas na verdade é a mais frágil das grandes empresas de retalho dos EUA. Embora a empresa com sede em Seattle capture cerca de metade das vendas do retalho online, esta é uma parcela pequena em relação às vendas do retalho como um todo; cerca de 90% de todas as vendas são realizadas offline.

 

Isto leva a questionar porque é que a Amazon é tão dominante na internet e se esse estatuto é merecido. Há uma série de possibilidades. Num extremo, a Amazon seria a melhor novidade do sector de retalho desde a invenção dos cartões de crédito; no outro, seria apenas fogo de vista, uma futura Sears, apenas à espera para ser diluída pela concorrência até praticamente desaparecer.

 

O lugar que ocupa nesse espectro resulta da narrativa que conta a si mesmo sobre o futuro. A Amazon é o conglomerado imparável, que entra em novos mercados e revoluciona tudo no seu caminho como a Apple antes dela. No mercado, tem o equivalente a um fosso gigante em seu redor e ninguém jamais poderá atravessá-lo. Na outra ponta do espectro, as empresas de retalho em determinado momento vão descobrir como competir com a Amazon e, como resultado, a empresa será meramente bem-sucedida, não dominante. No centro desse debate está a dúvida sobre se a ascensão da Amazon chamará a atenção das autoridades governamentais da concorrência e se estas decidirão que estaremos melhor com a divisão da empresa.

 

Quando os investidores avaliam dados fundamentais, eles vêem um retrato do momento. Os resultados, dados de vendas, receitas e outras informações do tipo são históricos. O desafio é pensar nessas coisas não como uma única imagem, mas como um vídeo -- uma série de imagens que se combinam para formar um filme fluido. Supondo que possamos concordar sobre factos comuns, o próximo passo envolve uma projecção de futuro a partir do que sabemos agora para o que imaginamos que poderia ser o futuro. No caso da Amazon, essa imagem em movimento começa com uma pequena livraria virtual. O manifesto de 1997 escrito pelo seu fundador e enviado aos accionistas naquele ano (e actualizado todos os anos) é notável não apenas pela sua visão consistente, mas pela quantidade de outras empresas da mesma época que desapareceram. Lembra-se dos sites de pesquisa AltaVista, Hotbot e Ask Jeeves? (Eu quase não me lembro). Grandes nomes como Yahoo, AOL, Excite, Lycos, Netscape e muitos outros tornaram-se irrelevantes ou transformaram-se em notas de rodapé na história, na melhor das hipóteses. Esse grupo de pares torna o sucesso actual da Amazon ainda mais impressionante.

 

O aspecto dessa projecção futura resulta da qualidade da administração da companhia e do quanto ela se mantém fiel à visão original. Obviamente, não podemos saber quão bem ela se vai sair; só podemos tentar adivinhar.

 

Investir é formular decisões probabilísticas com base em informações imperfeitas sobre um futuro desconhecido. A forma como pensamos sobre esse futuro, e a possibilidade de que as nossas presunções, extrapolações e projecções sejam remotamente precisas, determina o sucesso ou o fracasso do nosso investimento.

 

Esta coluna não reflecte necessariamente a opinião do conselho editorial nem da Bloomberg LP e de seus proprietários.

(Texto original: Two Very Different Stories About Amazon)

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