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ChatGPT: para bom entendedor, meia palavra basta?

Não bastam meias palavras, mas perguntas sobre o que quer que seja. Em poucos segundos, o chatbot da OpenAI oferece respostas, na sua maioria, precisas, apesar de necessitar ainda de aperfeiçoamentos. Todos falam dele e pelo menos 100 milhões de pessoas já “falaram” com ele. Leia este artigo e saiba o que este chatbot, super-inteligente, é capaz de fazer.

Um “chatbot”, como o ChatGPT, é um software capaz de manter uma conversa em tempo real por texto ou por voz.
Florence Lo/Reuters
18 de Fevereiro de 2023 às 14:00
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O que é o ChatGPT e quais são os seus prós e os contras?

Prós:

  • O ChatGPT é um modelo linguístico altamente avançado que pode responder a uma vasta gama de questões e gerar texto com elevada precisão e também criatividade. 
  • Foi criado a partir de uma enorme quantidade de dados de texto, tornando-o conhecedor de uma vasta gama de tópicos.
  • O modelo é facilmente acessível através de APIs [nterface de Programação de Aplicações que consiste numa forma de comunicação entre os componentes de um software e as aplicações da Web], o que o torna conveniente para os programadores o utilizarem nas suas aplicações.
  • Pode ser aperfeiçoado para casos específicos de utilização, permitindo resultados ainda mais precisos.

Contras:

  • Como todos os modelos de Inteligência Artificial (AI) pode cometer erros e gerar respostas inadequadas ou incorrectas.
  • O modelo foi criado através de dados de texto que podem conter enviesamentos e estereótipos, o que pode resultar na perpetuação desses enviesamentos [preconceitos].
  • O modelo pode ter dificuldade em compreender o contexto ou nuances subtis na conversa.

O que Portugal tem de bom e de mau?

Portugal tem muitos aspectos positivos, tais como:

  • Beleza natural: Portugal possui uma costa deslumbrante e praias encantadoras, além de montanhas, parques naturais e jardins;
  • Património histórico e cultural: Portugal é rico em história e cultura com monumentos antigos, castelos, palácios e igrejas, bem como por uma tradição culinária distinta;
  • Hospitaleiro: os portugueses são conhecidos por serem acolhedores e amigáveis;
  • Clima: Portugal tem um clima temperado, com Verões quentes e Invernos amenos.

Aspectos negativos:

  • Desigualdade económica: embora haja uma grande riqueza em algumas regiões, há também uma grande desigualdade económica em outras;
  • Problemas de saúde pública: Portugal enfrenta desafios no sector da saúde, incluindo uma carência de recursos e uma reivindicação crescente por serviços de saúde;
  • Dificuldades económicas: Portugal tem enfrentado dificuldades económicas nos últimos anos, incluído o aumento da dívida pública.

A informação que acabou de ler foi gerada pelo chatbot actualmente mais famoso do mundo e de quem toda a gente fala. O ChatGPT, que significa Chat Generative Pre-Trained Transformer. Foi lançado a 30 de novembro de 2022 (apesar de alguns modelos que o precederam) pela OpenAI, uma empresa de investigação e implementação de IA e cuja missão é "assegurar que a inteligência artificial beneficie toda a humanidade" e cujo CEO, Sam Altman, é também empreendedor e programador. 


O ChatGPT descreve-se a si próprio como: 
"Eu sou um modelo de linguagem AI desenvolvido pela OpenAI. Fui treinado a partir de uma gama diversificada de dados na Internet para gerar textos semelhantes aos dos humanos, com base nas instruções que me foram dadas. A minha principal função é ajudar a gerar texto para vários fins, tais como responder a perguntas, fornecer explicações e gerar textos criativos". 


Colocado à 
disposição do público (basta criar um log in) a 30 de novembro atingiu já, e passados apenas dois meses, cerca de 100 milhões de utilizadores, o que o coloca no pódio das tecnologias mais disruptivas com uma taxa de crescimento sem precedentes. Por exemplo e comparando-o com o famoso TikTok, este último levou cerca de nove meses para atingir este número de utilizadores, com o Instagram a ter de esperar mais de dois anos para alcançar tal proeza e com o Google Tradutor a chegar a este número de utilizadores diários seis anos após a sua estreia na internet. Apesar de, pelo menos até agora, ser gratuito, em janeiro a OpenAI lançou igualmente uma versão paga que responde mais rapidamente a perguntas mais complexas que lhe são feitas, continuando a funcionar mesmo durante os seus picos de utilização, nos quais os utilizadores recebem uma mensagem a dizer "o ChatGPT está no máximo da sua capacidade", o que está a acontecer na altura em que este artigo está a ser escrito. 

O ChatGPT responde às perguntas que lhe são feitas em várias línguas (no nosso caso e lamentavelmente, em português do Brasil) notando-se respostas mais aprimoradas quando é questionado em inglês. E está disponível em todo o mundo, com excepção de países como a Rússia, China, Ucrânia, Afeganistão, Irão, Bielorrússia e Venezuela. 

A nova estrela do universo da Internet "alimenta-se"de um manancial quase infinito de informação recolhida na Internet (cruzando-a) e, ao contrário do Google que nos oferece links para as nossas perguntas, é capaz de responder facilmente mesmo a perguntas complexas, contextualizando-as, elaborar textos – muitos dos artigos que têm aparecido sobre este bot, são escritos pelo próprio – letras de música, poesia, contos, contar anedotas, escrever episódios de série de televisão, códigos de programas, receitas culinárias, entre muitas outras possibilidades. Ou seja, no seu âmago, esta tecnologia baseia-se num tipo de inteligência artificial denominada como "modelo de linguagem", um sistema de previsão que essencialmente "adivinha" o que deve escrever, com base em textos anteriores que processou. 

Como já enunciado, o GPT foi treinado pela "sua" IA com uma quantidade extraordinária de informação, muita da qual provêm do vasto fornecimento de dados na Internet, juntamente com milhares de milhões de dólares, incluindo o financiamento inicial de vários multimilionários tecnológicos proeminentes, incluindo Reid Hoffman [co-fundador e ex-presidente executivo do LinkedIn], Peter Thiel [empreendedor, capitalista de risco e co-fundador do PayPal e da Palantir Technologies], Elon Musk [que é também co-fundador da OpenAI), entre outros. Todavia, foi a Microsoft que investiu somas astronómicas no seu desenvolvimento – sendo a mais recente no valor de mil milhões de dólares – em conjunto com a Khosla Ventures e a Infosys. O ChatGPT teve igualmente uma "formação" baseada em exemplos de conversas humanas, o que o ajuda a tornar o seu diálogo similar ao nosso, como explica um post do blog publicado pela OpenAI.

Este lançamento serviu para "acordar" os co-fundadores da Google, Larry Page e Sergey Brin, sendo que esta última resolveu lançar a sua versão dia 8 de fevereiro, apesar de ter anunciado que só o iria fazer ao longo das próximas semanas. Para já, a apresentação deste rival de peso, que se chama Bard , tem como base um "sistema de aplicações de modelos de linguagem para diálogos" (LAMDA, na sigla em inglês) e que estava a ser desenvolvido há já alguns anos, pode fazer jus ao ditado "a grande pressa dá em vagar". 

O lançamento não correu bem e as acções da Alphabet (empresa dona da Google) caíram imediatamente depois do Bard ter dado respostas imprecisas. Todavia, uma das promessas deste chatbot concorrente é que, supostamente, terá ligação ao tempo real e irá conseguir oferecer aos utilizadores respostas com base no que está a acontecer na Internet, enquanto o ChatGPT da OpenAI tem a limitação – pelo menos por enquanto – de oferecer informação disponível até 2021. À parte disto, o modo de utilização será o mesmo, ou seja, baseado em conversas. 

A ideia desta dupla de grandes adversários é, e obviamente, incluir este tipo de IA nos seus serviços. Por exemplo, a Microsoft já integrou o chatbot no Teams, o qual poderá criar notas de reuniões automaticamente, recomendar tarefas e gerar "destaques" das próprias reuniões, tendo igualmente anunciado, esta terça-feira que já integrou o ChatGPT no seu motor de busca. O novo Bing, disponível a partir de terça-feira, está ainda a testar esta integração, cujas funcionalidades mais avançadas serão introduzidas ao longo das próximas semanas. Ou seja, a guerra entre as duas gigantes tecnológicas estará para durar. 

Entretanto, as estimativas apontam para que o ChatGPT possa gerar receitas no valor de 200 milhões de dólares este ano, saltando para mil milhões de dólares no final de 2024.


Apesar de este novo, mas também controverso, 
chatbot integrar uma inteligência artificial "treinada" para reconhecer padrões a partir de um vasto conjunto de dados recolhido da Internet, sendo depois "ensinado" com assistência humana para proporcionar um diálogo melhor e com maior utilidade, as respostas escritas de elevada qualidade que se obtêm segundos depois de uma qualquer pergunta ser colocada podem ser absolutamente plausíveis mas, e como adverte a própria OpenAI, os resultados podem também ser imprecisos, enganadores e até enviesados, ou seja, com respostas preconceituosas e de cariz discriminatório. 


Em suma, o próprio sistema admite que tem limitações e que pode fornecer dados imprecisos, incompletos e desactualizados (como já mencionado acima, as informações recolhidas pela ferramenta, e pelo menos até agora, só estão actualizadas até 2021). Se perguntar ao próprio ChatGPT o que está fora dos seus limites, ele responderá da seguinte forma: quaisquer perguntas "que sejam discriminatórias, ofensivas, ou inapropriadas. Tal inclui questões que sejam racistas, sexistas, homofóbicas, transfóbicas, ou de outra forma discriminatórias ou odiosas". 


No entanto, e como sabemos, a IA não tem "consciência"e o ChatGPT não sabe o que está a fazer; é incapaz de dizer como ou porquê produziu uma resposta; não tem qualquer compreensão da experiência humana; e não pode dizer se as suas respostas são fidedignas ou puros disparates. Embora o OpenAI tenha salvaguardas para recusar pedidos inapropriados, tais como dizer aos utilizadores como cometer crimes ou fabricar armas, por exemplo, estes podem ser contornados. Ou seja, o potencial de danos da IA não deve ser subestimado e, nas mãos erradas, pode ser uma arma de destruição maciça.


Contudo, o ChatGPT, embora imperfeito, está sem dúvida a mostrar o caminho para o nosso futuro tecnológico.

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