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Capgemini falha metas em Évora por falta de alunos e rendas baratas

A consultora abriu um novo escritório para o Centro de Excelência alentejano, onde emprega menos de metade dos colaboradores previstos em 2014. A culpa é das escolas da região e do preço do imobiliário na cidade.

17 de Abril de 2018 às 17:54
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Quase quatro anos depois de abrir em Évora o então designado Centro de Serviços Remotos, o primeiro no país e com a perspectiva inicial de criar 150 postos de trabalho – e aumentada um ano depois para 250 vagas –, a Capgemini Portugal tem apenas 70 profissionais a trabalhar naquela cidade alentejana.

 

"Tivemos mais dificuldades do que esperávamos em ter as pessoas que gostaríamos provenientes da Universidade de Évora e da restante oferta educativa da região, designadamente do Politécnico [de Portalegre]. Julgávamos que o número de estudantes formados ali fosse superior. Aprendemos, estando no local, que as coisas não eram como prevíamos no início", admitiu ao Negócios o chairman da operação portuguesa, Paulo Morgado.

 

Em entrevista telefónica depois da inauguração do novo escritório do agora chamado Centro de Excelência (CoE), que tem capacidade para acolher cerca de 200 pessoas em simultâneo, o também vice-presidente executivo do Grupo Capgemini lamentou o "ritmo de crescimento menor" nesta operação, que "correu muito melhor do que o esperado em termos da qualidade dos recursos e da satisfação dos clientes, mas não tão bem quanto à rapidez de crescimento do Centro".

 

Ao Negócios, Paulo Morgado dramatizou que "é absolutamente crítico que haja convergência de interesses entre aquilo que são os cursos que a Universidade e os Politécnicos oferecem e as necessidades [da Capgemini] em termos de contratação". Por outro lado, acrescentou, Évora "tem de ter a ambição de atrair pessoas". "E para isso não pode ter rendas de Património Mundial nem de cidade turística, mas valores mais acessíveis para que os jovens se possam instalar ali", criticou.

 

Évora tem de ter a ambição de atrair pessoas. E para isso não pode ter rendas de Património Mundial nem de cidade turística, mas valores mais acessíveis para que os jovens se possam instalar ali. Paulo Morgado, chairman da capgemini portugal e vice-presidente executivo do Grupo

A frustração evidenciada pelo gestor, que nos últimos anos ocupou também a presidência executiva da Capgemini Espanha, vem pelo facto de este investimento "estar a ir mais lento do que o previsto por um problema de oferta e que deveria ser o mais fácil de resolver". É que "a procura dentro da Capgemini e a base de clientes existem" para esta operação especializada na tecnologia Salesforce, que arrancou em 2014 como resultado de uma parceria com a AICEP e o IEFP, envolvendo também o Parque de Ciência e Tecnologia do Alentejo e as instituições de Ensino Superior e as autarquias da região.

 

Procura internacional sem "problema Interior"

 

Solvay, Linde, Grupo Auchan, L’Oréal, Coca-Cola e IKEA são alguns dos clientes do CoE de Évora. Nesta tecnologia Salesforce (Microsoft e Outsystems são outras áreas de foco) concorre directamente com a Índia. A nível territorial e pelas condições oferecidas, a disputa é com os Centros detidos pela Capgemini em Espanha: o das Astúrias, que tem mil pessoas; e o de Múrcia, que em breve chegará aos 500 colaboradores.

 

Para Paulo Morgado, que teima em voltar a colocar a fasquia do crescimento em Évora nas 200 pessoas, agora até 2020, a Interioridade não é problema, sustentando que "desde que haja infra-estruturas de comunicação e informáticas pode estar em qualquer sítio do mundo". E nem as grandes dificuldades sentidas no recrutamento de jovens quadros e ao nível do custo do imobiliário levaram a consultar a ponderar transferir este CoE para outro local.

 

"Fizemos a aposta ali, honramos o nosso compromisso. Fomos mais lentos, mas resolvemos o problema da procura. Falta agora resolver a questão das rendas, ter mais cursos [de Informática e outros com cadeiras de programação ou arquitectura informática] e combater as causas de abandono a meio dessas licenciaturas", assegurou o responsável desta multinacional de consultoria, tecnologia e outsourcing, presente em 40 países e que em 2017 reportou receitas globais superiores a 12,8 mil milhões de euros.

Espaço moderno atrai "recursos técnicos e tecnológicos" qualificados

A rede de infra-estruturas, a proximidade com centros universitários, a facilidade de acessos rodoviários e aeroportuários e, "acima de tudo, a capacidade para o desenvolvimento de competências técnicas nos domínios da engenharia e das tecnologias de informação" foram apontadas no início do projecto como as valências competitivas da região para a implantação deste centro global da consultora em Évora. Volvidos quatro anos, a Capgemini aponta que a inauguração deste moderno espaço para o CoE, que presta apoio a clientes damultinacional de língua portuguesa, inglesa, espanhola, francesa e alemã, visa também"atrair recursos técnicos e tecnológicos altamente qualificados, aproveitando o tecido empresarial, económico e social e as infra-estruturas disponibilizadas pela cidade de Évora".

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