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Apple estará a preparar emissão de obrigações em francos suíços
A Apple estará a preparar uma emissão de obrigações em francos suíços, tendo já contratado o Credit Suisse e o Goldman Sachs para organizar a operação. Nesta emissão, os custos de financiamento podem ser os mais baixos de sempre, "graças" às taxas de juro baixas das obrigações soberanas helvéticas.
A Apple estará a preparar uma emissão de obrigações em francos suíços, de acordo com a Bloomberg. O Credit Suisse e o Goldman Sachs foram contratados para organizar esta operação, segundo uma pessoa familiarizada com a questão citada por esta agência. A empresa liderada por Tim Cook deverá colocar estes títulos no mercado num futuro próximo, sujeito às condições de mercado.
Emitindo em francos suíços, escreve a Bloomberg, a tecnológica poderá obter custos de financiamento que se situem ao nível mais baixo de sempre, beneficiando do facto que os títulos de dívida soberanos da Suíça estão em níveis negativos. Por esta altura, a dez anos, a maturidade considerada de referência, os juros estão nos -0,072%.
Em Janeiro, a autoridade monetária suíça decidiu que o franco iria deixar de ter indexação ao euro (um câmbio mínimo de 1,20 francos suíços por euro) o que fez com que a moeda helvética tenha disparado face à divisa europeia. As taxas de juro em níveis negativos, significam que os investidores estão assim a aceitar "jogar pelo seguro" e a não arriscar a investirem em activos que podem ter algum risco. Preferem colocam os seus investimentos em activos que podem dar menos retorno - neste caso, obrigações soberanas sem grande retorno porque as taxas são negativas - que arriscarem.
"Dadas as taxas [de juro] em francos suíços, é, definitivamente, atractivo para a empresa", defendeu à Bloomberg Geraud Charpin, da londrina BlueBay Asset Mangement. "Não é que a Apple necessite verdadeiramente do dinheiro, mas quando se obtém o dinheiro por nada, por que não" aproveitar, acrescenta.
A Apple emitiu o equivalente a 39 mil milhões de dólares (mais de 34 mil milhões de euros) em obrigações desde Abril de 2013, altura em que vendeu 17 mil milhões de dólares (pouco mais de 15 mil milhões de euros).
No passado dia 28 de Janeiro, a Apple apresentou os seus resultados. O resultado superou todas as expectativas traçadas para a tecnológica de Cupertino. A Apple vendeu 74,5 milhões de unidades de iPhone no seu último trimestre, terminado em Dezembro de 2014, assente sobretudo nos novos modelos: o iPhone 6 e o iPhone 6 Plus.
A Apple fechou o primeiro trimestre do seu ano fiscal de 2015 com lucros líquidos de 18 mil milhões de dólares (cerca de 16 mil milhões de euros), que comparam com os 13 mil milhões em período homólogo. Já as receitas escalaram 30% até aos 74,6 mil milhões de dólares (cerca de 66 mil milhões de euros). No mesmo trimestre de 2013 tinham-se ficado pelos 57,8 mil milhões.
A impactar os resultados está o forte crescimento das vendas (na ordem dos 70%) na China, país onde a tecnológica tem vindo a reforçar a sua presença desde meados de 2013 através de parcerias com operadoras de telecomunicações do país.
Para que tenha uma ideia, o resultado líquido da Apple em apenas um trimestre é equivalente ao PIB do Iémen, de acordo com os dados do Banco Mundial, e quase tão grande como o PIB da Dinamarca. E dada que a liquidez da Apple – que atinge 178 mil milhões de dólares (cerca de 157,6 mil milhões de euros) – seria possível pagar duas vezes o resgate financeiro que Portugal recebeu dos parceiros internacionais.
A disponibilidade financeira da tecnológica equivale a 92% do PIB português e serviria para amortizar praticamente 70% da dívida pública portuguesa. No caso da dívida da Grécia, pagaria 49,9% da dívida.