Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

Amazon pede que líder da FTC seja afastada de ações que possam envolver a empresa

A Amazon quer que a líder da Comissão Federal do Comércio dos EUA, Lina Khan, seja afastada de temas que possam envolver a empresa. A gigante de comércio eletrónico defende que Khan tem um historial de críticas à Amazon.

Getty Images
30 de Junho de 2021 às 20:29
  • ...
A Amazon terá feito um pedido junto do regulador do mercado dos EUA, a Comissão Federal do Comércio (FTC, na sigla em inglês), onde pede que Lina Khan, a recente líder deste organismo, seja afastada. Segundo avança a Bloomberg, que teve acesso aos documentos apresentados pela Amazon, Khan tem um historial de críticas à companhia, o que, no entender da empresa, será sinónimo de parcialidade.

Citando os documentos, a Bloomberg escreve que a empresa aponta que Khan "já argumentou em várias ocasiões que a Amazon é culpada de violações à concorrência e que deverá ser dividida". "Estas afirmações dão a entender a qualquer observador sensato a impressão clara de que ela já tomou uma decisão sobre muitos fatos materiais relevantes para a culpabilidade da Amazon no tema da concorrência".

Lina Khan, professora de Direito na Universidade de Columbia e uma conhecida crítica das big tech, grupo de gigantes da tecnologia onde figura a Amazon, foi escolhida este mês por Joe Biden para liderar a FTC. Aos 32 anos, é a mais jovem a liderar o órgão responsável por proteger os consumidores e a concorrência nos Estados Unidos.

Este pedido da Amazon chega um momento em que a FTC está a analisar a possível aquisação dos estúdios MGM por parte da tecnológica criada por Jeff Bezos, um negócio que envolve um montante de 8,45 mil milhões de dólares.

Esta quarta-feira, a democrata Elizabeth Warren, que também tem tecido críticas ao poder das big tech, pediu a Khan que leve a cabo uma "análise alargada e meticulosa" à aquisição da MGM, um dos últimos estúdios que até aqui não está nas mãos de uma gigante multinacional.

A MGM é dona de um catálogo composto por quatro mil filmes, incluindo metade dos direitos da franquia "James Bond", "Rocky" ou "The Hobbit", e 17 mil horas de televisão, onde se contam franquias como "Shark Thank" ou o talent show "The Voice". Já nas séries, o portefólio conta com a distopia baseada no ‘best seller’ de Margaret Atwood, "The Handmaid’s Tale", "Fargo" ou "Vikings".

Ao passar para as mãos da Amazon, a tecnológica fortaleceria não só os conteúdos do seu serviço de streaming, o Amazon Prime Video, mas tambám o seu estúdio de produção de filmes e séries, o Amazon Studios. 

Perante este portefólio da MGM, a senadora levantou preocupações sobre o impacto do negócio na área do streaming de vídeo e ainda os efeitos em trabalhadores ou negócios mais pequenos. "A FTC não deverá aprovar negócios que envolvam partes com um conhecido padrão de limitar a concorrência e causar danos a consumidores e trabalhadores". "Deixar estas empresas continuar a comprar concorrentes só irá agravar estes abusos de poder no mercado", rematou Warren.

Lina Khan publicou em 2017 um trabalho que produziu enquanto estudante de Direito, intitulado "Amazon’s Antitrust Paradox", algo como "O Paradoxo da Concorrência da Amazon", numa tradução livre. Neste trabalho, que lhe granjeou alguma fama na área da concorrência, escreveu sobre a forma como a tecnológica chegou a um ponto em que controlava a infraestrutura principal da economia digital e sobre como as análises na área da concorrência, mais tradicionais, não tinham em conta o poder da empresa.

O trabalho de Khan é efetivamente citado no pedido da Amazon, escreve a Bloomberg, com a gigante do comércio eletrónico a referir que mesmo quem está sujeito a investigação tem direito a comissários imparciais.
Ver comentários
Saber mais Lina Khan Amazon Studios FTC Comissão Federal de Comércio MGM Elizabeth Warren
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio