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Ábaco prevê crescimento em mercados como Alemanha e Áustria ao integrar grupo alemão Valantic

A Ábaco Consulting foi adquirida pelo grupo alemão de tecnologias de informação Valantic. “Diria que foi quase amor à primeira vista”, diz o CEO da empresa portuguesa, que agora prevê um crescimento de 30% este ano e uma expansão no mercado europeu.

João Moreira, CEO da Ábaco Consulting.
14 de Janeiro de 2022 às 19:37
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No final do ano passado, a consultora portuguesa Ábaco Consulting, especializada em software da gigante SAP, passou a integrar o grupo alemão Valantic. O montante associado à compra não foi divulgado, mas João Moreira, o CEO da companhia portuguesa, explica ao Negócios que a associação ao grupo alemão servirá como alavanca de crescimento à empresa. 


"A iniciativa partiu do grupo alemão", diz João Moreira, explicando que os primeiros contactos ocorreram "por volta de abril". "Basicamente o que procuravam era uma empresa com boa competência técnica na área onde atuamos, no fundo a implementação de SAP, e foi assim que surgiu."


O grupo Valantic vinha à procura de "competência técnica, talento, mas também de outro aspeto que me parece importante numa empresa como a Valantic, que é a participação em projetos internacionais", recorda o CEO da Ábaco. Além disso, a questão cultural - a tão afamada adaptação dos trabalhadores portugueses a outras culturas - também terá entrado em jogo. "Isso é muito importante quando pensamos que são projetos que às vezes envolvem diferentes países", diz o responsável da Ábaco. E dá logo um exemplo. "Temos um cliente em Portugal que tem 43 fábricas espalhadas pelo mundo. Fazemos o projeto e depois é necessário fazer a replicação, digamos assim, para as restantes fábricas no mundo. E isso implica fazer projetos por exemplo no Canadá, nos EUA, na Alemanha, Itália, Singapura. A questão cultural não assume menor importância." 


"Não bastam apenas os skills técnicos, que felizmente em Portugal temos boa formação universitária, que se reflete na capacidade técnica, mas também a dimensão internacional. E, claro, o inglês", sublinha. 


O grupo Valantic procurava estas dimensões e a Ábaco Consulting uma lógica de aquisição menos rígida. "Diria que foi quase amor à primeira vista, porque encontrámos uma empresa que tem uma perspetiva diferente sobre aquilo que são estes movimentos de fusão e aquisição, porque privilegia muito tudo o que é a autonomia das empresas que fazem parte do grupo Valantic." Nesse sentido, a Ábaco mantém a identidade e a autonomia da gestão. "Era importante para nós manter autonomia e o poder de decisão localmente - e não no modelo que ainda existe em algumas empresas do setor das tecnologias de informação, que são aquelas fusões 'à antiga’", afirma João Moreira. 


A estudar centros de competência em Portugal

A integração no grupo alemão abre a porta a novos planos na estratégia da Ábaco. "Uma tem a ver com o desenvolvimento do nosso centro de suporte e manutenção. Já somos uma entidade certificada pela SAP para prestar estes serviços e portanto a Ábaco e Portugal vão ser o centro de suporte para o grupo Valantic num modelo nearshore", indica João Moreira. 


E, além disso, a empresa está a estudar com o grupo alemão a "criação de centros de competências em Portugal em áreas específicas". "Estamos neste momento ainda a alinhar com o grupo quais seriam as áreas de competência específica onde vamos investir no futuro", avança o CEO da Ábaco. A ideia é criar, "no fundo, um ou mais centros de competências - esperamos que seja mais do que um - em áreas técnicas muito específicas". 


À partida, explica o CEO, serão usados os escritórios ou do Porto ou de Lisboa para estes possíveis centros. "Não temos planos para ir além dos nossos escritórios, vamos reformulá-los consoante o crescimento mas não [implica] necessariamente uma nova localização."


A empresa traça um "crescimento de 30% para 2022", que "vai depender muito do crescimento quer dos centros de competência, quer da dimensão do nosso nearshore center de suporte e manutentção". E, para apoiar as operações, pretende contratar mais consultores para crescer localmente. "Temos no nosso plano a contratação de cerca de 60 consultores durante 2022", avança o CEO.


Crescer na Europa

Além de Portugal, os planos visam também o mercado externo. "Haverá naturalmente, decorrente desta operação, uma perspetiva de crescimento dentro do mercado da dutch-speaking area, que envolve no fundo a Alemanha, Áustria, Suíça e Holanda. Mas não está excluído naturalmente o crescimento fora destas áreas, mas centrado fundamentalmente no mercado europeu", garante João Moreira. 


A empresa já tinha presença na Suíça, "mas relativamente pequena comparativamente à dimensão que a Valantic tem". "A perspetiva é crescer onde já estávamos, como a Suíça, mas crescer fortemente no mercado alemão e na Áustria." E, à boleia, poderá vir ainda um crescimento no mercado português, acredita João Moreira. "Diria que é bastante mais alargado, a partir do momento em que trabalhamos com clientes no mercado alemão, até se dá o caso de alguns até terem fábricas em Portugal, que nem sequer sejam nossos clientes cá. Ou seja, há uma dimensão que nos permite crescer no mercado europeu mas também no mercado nacional - não só pela via dos clientes alemães, mas porque com uma dimensão destas nos permite aportar valor através dos nossos colegas alemães da Valantic. 


Em maio de 2022, se a evolução da pandemia assim o permitir, o grupo Valantic vai realizar em Lisboa o evento anual dedicada à divisão de SAP. "Vai trazer a Lisboa mais 700 colaboradores do grupo Valantic e isso é uma demonstração importante do quanto a Valantic reconhece o investimento que está a ser feito em Portugal", conclui João Moreira. 

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