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Hong Kong: uma das economias mais competitivas de olhos postos nas start-ups
Hong Kong tem uma das economias mais competitivas do mundo e é uma das maiores receptoras de investimento directo estrangeiro. A região está apostar na inovação e tecnologia para se transformar numa economia assente no conhecimento.
Em Hong Kong, a herança britânica cruza-se, por todo o lado, com a cultura chinesa. Muitos dos nomes das ruas e dos edifícios estão em inglês e, logo por baixo, em chinês. Nas ruas da ilha de Hong Kong o dialecto local é bastante frequente mas o inglês não fica muito atrás. As duas culturas parecem cruzar-se mesmo 20 anos depois de Hong Kong ter passado para a soberania chinesa e se ter tornado numa região administrativa especial daquela que é uma das maiores economias mundiais (Macau é a outra região administrativa especial).
Enquanto região administrativa especial, Hong Kong usufrui do regime "um país, dois sistemas".
Através de uma visita rápida ao site do InvestHK, entidade responsável pela captação de investimento externo, é possível ficar ainda a saber que Hong Kong considera ter uma das economias mais amigáveis em termos de carga fiscal. Há apenas três impostos directos – tributação dos lucros limitada a 15%, impostos sobre salários no máximo de 15% e o imposto sobre propriedades também de 15% - e muita da tributação que existe em Portugal não se aplica no território, como o IVA.
Ecossistema de start-ups
Hong Kong tem um ecossistema de start-ups em crescimento. "Vibrante" é uma das palavras que muitas vezes se ouve como descrição do ecossistema. Um ambiente que é apoiado pelo Governo local.
Em Novembro de 2015 foi criado o Gabinete para a Inovação e Tecnologia, que tem como missão fazer com que a região tenha uma economia assente no conhecimento e que seja um "hub" de inovação e tecnologia. Há vários tipos de apoios financeiros para a investigação e desenvolvimento (R&D), quer ao nível universitário quer para empresas privadas.
"Com o apoio, por exemplo dos nossos diferentes regimes de financiamento, há mais oportunidades para [os estudantes] começarem. Dá-lhes um impulso para darem os primeiros passos no R&D. Enquanto Governo sabemos que o mais difícil é ultrapassar os primeiros passos. Por isso, os nossos regimes de financiamento têm como objectivo darem estágios ou um financiamento extra para que possam embarcar nos seus projectos de R&D", conta ao Negócios Bryan Ha, comissário adjunto.
As start-ups, muitas vezes a materialização da investigação realizada na academia, têm também um regime de apoio. Está nomeadamente a ser desenvolvido um fundo de capital de risco para apostar na inovação e tecnologia que tem com objectivo co-investir com fundos privados em start-ups locais. Em Portugal, no âmbito da Estratégia Nacional para o Empreendedorismo (Startup Portugal), o Governo está também a preparar um fundo de co-investimento em capital de risco.
O ecossistema desta região administrativa especial começou a dar os primeiros passos há pouco mais de cinco anos. E desde então o número de empresas tem vindo a crescer.
Só no ano passado, o número de start-ups cresceu 24% face a 2015, para um total de 1.926 companhias, de acordo com um inquérito da InvestHK (o Start-up Profiling Survey). Muitas delas são estrangeiras. Estas "trouxeram a experiência internacional e as perspectivas diferentes, o que, em conjunto com um cada vez maior número de players locais, [faz com que] a comunidade de start-ups em Hong Kong esteja verdadeiramente a reflectir o dinamismo e o multiculturalismo" da cidade, sublinhou Gregory So, secretário para o Comércio e Desenvolvimento Económico, numa das conferências que decorreu esta semana no âmbito do festival Startmeup, dedicado a start-ups.
"Não descansamos à sombra dos nossos louros. O nosso governo vai continuar a oferecer um amplo apoio às start-ups em várias áreas tais como incubação, financiamento, expansão empresarial e espaço de escritório", garantiu ainda.
O impacto económico e social gerado pelo ecossistema é um dos principais motivos pelo qual as autoridades apostam nesta área, sublinha Jayne Chan, líder do festival Startmeup (promovido pela InvestHK). E lembra que a InvestHK tem a missão de promover o crescimento do emprego e, por conseguinte, apoiar estas empresas a fomentar a criação de postos de trabalho.
Uma das mais-valias, frequentemente apontada pelos responsáveis, de Hong Kong prende-se com o seu sistema legal robusto e com a protecção da propriedade intelectual. Além disso, Hong Kong tem uma proximidade geográfica com vários países asiáticos, onde há uma população jovem e com vontade de abraçar tecnologias.
Jornalista em Hong Kong, a convite do Governo da Região Administrativa Especial de Hong Kong