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Escolher entre capital de risco ou "business angel"

Na altura de decidir o financiamento, o empreendedor pode tentar várias fontes. Mas tem de saber o que precisa. Em Portugal há, actualmente, dinheiro disponível para start-ups, assim saibam apresentar os projectos.

Reuters
25 de Março de 2014 às 11:00
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Há dinheiro disponível para start-ups, quer nas capitais de risco, quer junto dos "business angels", que são investidores particulares.

Ainda assim, o primeiro passo para qualquer empreendedor é verificar se tem capitais próprios para financiar o projecto e se necessita, mesmo, de capital alheio, afirma Marta Miraldes, "partner" da SBI Consulting, especializada em aconselhamento e apoio a start-ups. Verificada esta condição, se for necessário financiamento, a dúvida instala-se: onde se pode ir buscar?

Na Europa, cerca de 80% do financiamento a start-ups vem do sistema bancário, quando nos Estados Unidos da América a maior fonte são investidores privados. Mas começa a haver maior diversificação. Segundo revela ao Negócios Paulo Andrez, presidente da EBAN (associação europeia de "business angels" e administrador da DNA Cascais), em 2012 foram investidos, na Europa, 5,1 mil milhões de euros em empresas na fase inicial pelos "business angels", enquanto as capitais de risco injectaram 1,9 mil milhões.

Em Portugal são também cada vez mais os projectos financiados pelos designados "business angels" (investidores privados). Há disponíveis mais de 40 milhões de euros nos fundos de co-investimento com "business angels", dotados com capitais europeus, mas que obrigam a um dotação por parte da sociedade veículo destes investidores particulares. Foi lançada, este ano, a segunda linha destes fundos, havendo ainda disponíveis fundos da primeira linha.

 

Ricardo Luz, presidente da Invicta Angels, assume existir dinheiro, mas admite que "há falta de projectos em quantidade com perfil que os investidores considerem interessantes". Pode, acrescenta, ser um "bom projecto na perspectiva do promotor, mas não do investidor que arrisca e que só investe se tiver um potencial de crescimento elevado".

Também nas capitais de risco há dinheiro disponível para financiamentos em várias fases da empresa, nomeadamente na fase inicial.

Em que fase apresentar?

Portugal é um país pequeno. Ainda que haja cada vez mais empreendedores e "business angels". Mas são precisos mais.

Estes "anjos" até podem investir em ideias, tais como as capitais de risco, mas gostam de ver ideias já com alguma validação de mercado. O mesmo é dizer que para estes investidores (e também para as capitais de risco) ajuda se já houver uma ideia de qual é a recepção que esse projecto tem junto de potenciais clientes, fornecedores e parceiros. "Normalmente os empreendedores não sabem fazer perguntas aos potenciais clientes", acrescenta Paulo Andrez, que diz avaliar o projecto pela equipa de empreendedores e pela abordagem aos potenciais clientes. Também Ricardo Luz privilegia quem já chegue com algo concreto sobre o potencial do serviço ou produto. Mas não há regras.

Escolher o investidor

Como escolher entre "business angel" e capital de risco? "Se o empreendedor necessita mais de um milhão de euros terá dificuldade em obtê-lo junto de ‘business angels’", assume Paulo Andrez, acrescentando que nesse caso as capitais de risco podem ser a solução, ainda que estas sociedades não invistam em todos os projectos.

Por norma, o que distingue estes dois tipos de investidores é a proximidade. Os "business angels" são sócios activos, oferecendo não apenas o dinheiro, mas também a rede de contactos, o conhecimento e experiência de gestão e o seu tempo. Nas sociedades de capital de risco, por regra, o acompanhamento é mais técnico e distanciado. Por norma, as capitais de risco não querem maioria de participação na empresa. Marta Miraldes resume a ideia dizendo que a opção entre "business angels" e capital de risco "depende do perfil do empreendedor e das necessidades e objectivos do próprio negócio".

 
Tem recursos próprios?

“Na SBI Consulting, antes de olhar para o mercado de financiamento, aconselhamos os promotores a perguntarem-se se podem implementar um projecto com recursos próprios, ou mesmo sem recursos financeiros”, diz Marta Miraldes, "managing partner" da SBI Consulting.

 

Quais os critérios de escolha do financiamento?

Na SBI Consulting, antes de olhar para o mercado de financiamento, aconselhamos os promotores a perguntarem-se se podem implementar um projecto com recursos próprios, ou mesmo sem recursos financeiros. Existem muitos negócios passíveis de serem implementados com poucos recursos.

 

Para os que precisam efectivamente de financiamento, é preciso definir o montante necessário e clarificar os objectivos do projecto e do promotor - quer ter sócios? Está disposto a ter dívida na empresa?... Só depois de ter estas questões muito claras, se deve seleccionar uma fonte de financiamento.

 

Os critérios principais de financiamento são o perfil dos promotores do projecto (está empregado ou não, o seu grau de compromisso com o projecto, se procura muita autonomia ou quer acompanhamento na gestão), o factor de inovação e de diferenciação da ideia, o montante necessário, a ambição do projecto (por exemplo ambição internacional), entre outros.

 

Como se aplicam esses critérios?

Se o promotor estiver desempregado, pode solicitar a antecipação do subsídio de desemprego e aceder a fontes de financiamento especialmente protocoladas para o efeito. Se tiver um projecto inovador e uma equipa de qualidade pode recorrer a Sociedades de Capital Risco. Nessas condições, e querendo uma maior intervenção na gestão corrente, pode ainda recorrer a "Business Angels".

 

Se o projecto exigir um investimento significativo em imóveis ou equipamentos poderá complementar as fontes de financiamento indicadas com soluções de financiamento pela banca, como é o caso do Leasing.

 
Três empresas com fundos

Caixa Capital, Portugal Ventures e ES Ventures, que são dos principais operadores em Portugal de capital  de risco, têm fundos disponíveis para start-ups. São mais de 50 milhões de euros para investir.

 

Caixa Capital: Banco público tem 30 milhões

A Caixa Capital tem um montante de 30 milhões de euros disponíveis para investimentos em start-ups, disse ao Negócios fonte oficial do banco público. Os empreendedores que pretendam obter financiamento para estes projectos têm de ir directamente à Caixa Capital se precisarem de um montante superior a um milhão de euros. Caso o financiamento seja inferior, devem recorrer aos "aceleradores" associados da Caixa - ISCTE/MIT, Fundo Cotec e rede de "business angels". A Caixa Capital anunciou, recentemente, que vai investir seis milhões de euros nestes "aceleradores", que apoiam os projectos, preparando-os para os financiamentos.

 

Portugal Ventures: Entidade quer investir 20 milhões

A Portugal Ventures, entidade que agrega todos os fundos de capital de risco públicos, tem o objectivo de investir 20 milhões de euros por ano em start-ups através da "Call For Entrepreneurship", que é uma espécie de concurso que decorre durante um período em que os empreendedores apresentam os projectos. A próxima chamada, que será a sétima, decorre de 28 Abril a 29 de Maio, avançou ao Negócios fonte oficial da Portugal Ventures, falando já das datas para as próximas candidaturas. A oitava chamada decorre de 28 de Julho a 4 de Setembro e a nona "call" de 13 de Outubro a 13 de Novembro.

 

ES Ventures: Tem fundos para start-ups abertos  

O Grupo BES diz ter uma actuação integrada no desenvolvimento de empresas em início de vida. Na ES Ventures há ainda dois fundos abertos, sendo um deles para a área do capital-semente (início de vida). O fundo, de três milhões, já financiou seis projectos. A ES Ventures tem, também, o fundo para a inovação e internacionalização, com um total de 10 milhões.

Já tem seis empresas no portefólio. 2013 foi o ano em que a ES Ventures mais empresas portuguesas apoiou. O BES, além disso, realiza o Concurso Nacional de Inovação BES, tendo em 2013 premiado mais quatro projectos "inovadores". Este concurso celebra o 10º aniversário este ano.

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