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Uma empresa todo-o-terreno

Durante aqueles breves passos que separavam o seu lugar da mesa onde o Presidente da República o esperava de braço estendido, segurando na mão a menção-honrosa, da COTEC, que distinguia a sua empresa pela atitude inovadora, Pedro Araújo passou em...

Uma empresa todo-o-terreno
04 de Março de 2010 às 11:20
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Pedro Araújo |
Praticante de motociclismo “off road”, o empresário encontrou um nicho de mercado que lhe abriu as portas de vários mercados estrangeiros.

É especialista em plásticos para motos e bicicletas TT. A Polisport tem uma rede "on-line" onde todos os funcionários depositam as suas ideias.

Durante aqueles breves passos que separavam o seu lugar da mesa onde o Presidente da República o esperava de braço estendido, segurando na mão a menção-honrosa, da COTEC, que distinguia a sua empresa pela atitude inovadora, Pedro Araújo passou em revista rápida a história da Polisport.

Era só um miúdo de 19 anos quando se lançou na aventura de criar o seu negócio. Mas a imaturidade na idade era inversamente proporcional à maturidade do projecto. Anos de conhecimento adquirido no terreno, enquanto praticante de motociclismo "off-road", fizeram-no descobrir uma oportunidade: as necessidades neste mercado de nicho eram, em 1982, imensas e inexploradas. Cabia-lhe fazer com que os praticantes de todo-o-terreno (TT) em duas rodas passassem a ter onde comprar peças "made in Portugal" (ver caixa).

Teve rasgo mas também teve sorte. Não só a envolvente empresarial da região, Oliveira de Azeméis, no distrito de Aveiro, onde sempre abundaram empresas da área dos moldes, facilitava o passar da ideia à prática, como eram poucos os importadores de peças de substituição para motos TT. Ouro sobre azul, tudo ajudava à decisão de desenvolver e produzir componentes e acessórios plásticos para motos e bicicletas.

Existia espaço mas ninguém podia negar o óbvio: a ausência total de referências de "know-how" específico e de experiência profissional do fundador. Na altura, o acesso a informação tecnológica e de gestão não era facilitado como hoje e os meios tradicionais de comunicação estavam longe de ser facilitadores da promoção de uma pequena empresa.

Das motos à liderança europeia nas bicicletas
Sem grandes "cabos dos tormentos", a Polisport lançou-se no mercado. Das motos passou às bicicletas e, destas, às cadeiras de automóvel para bebé. E se, à época da fundação, não existia concorrência nacional, hoje a empresa de Oliveira de Azeméis continua, mais ou menos, na mesma.

Já nos mercados em que actua (55 países) tem concorrentes altamente competitivos. Não é um problema, acreditam ter trunfos: no caso dos produtos de moto (46% do volume de negócios) a diferenciação faz-se pela tecnologia. Nos produtos de bicicleta, em que é líder europeu, é o "design" e a funcionalidade que fazem a diferença. As cadeiras de bebé, para um cliente norueguês, já representam 20% do volume de negócios.

Uma caixa de ideias
"Sempre a partir pedra", é o lema no dia-a-dia da Polisport que incentiva os seus funcionários a darem ideias relacionadas com novos produtos, processos ou outras questões sobre a organização. Esta rede, uma espécie de "drop box" de ideias que quase sempre conduzem a qualquer coisa de positivo, demonstram que uma cultura de inovação não se reflecte apenas nos produtos e tecnologias que desenvolve. "Todos os processos e princípios funcionais da empresa privilegiam a abertura à mudança e à valorização das ideias", diz o responsável.

A rede funciona através de um quiosque electrónico em locais comuns para acesso de todos os colaboradores, sendo o número de ideias "depositadas" um dos critérios da avaliação do desempenho. Isto porque a capacidade de empreender é, para Pedro Araújo, uma condição essencial de valorização e desenvolvimento das carreiras.

É nisto que acredita e percebe-se porquê. Foi esta a sua história, a história da sua empresa hoje já tão crescida que se chama Grupo, empregando 160 pessoas e com clientes em todo o mundo. Num relance, esta história voou-lhe na mente. Depois, foi receber das mãos de Cavaco Silva o reconhecimento, sempre a melhor recompensa para o esforço efectuado.



Bilhete de Identidade



Nome Polisport Plásticos, S.A.
Actividade Desenvolvimento e produção de componentes e acessórios plásticos para motos e bicicletas.
Ano de fundação 1982
Capital social Um milhão de euros
Número de trabalhadores Polisport: 109; Polinter (fábrica): 48
Mercados Exportação 55 países
Principais mercados Itália, França, Alemanha, Espanha e Noruega
Site www.polisport.com



Um "road-book" para fugir à crise



O léxico do TT define o "road-book" como o documento com as indicações de direcção, do percurso a ser seguido, dos perigos a evitar e das distâncias a percorrer. Na Polisport, - que exporta mais de 90% do seu volume de negócios - o "road-book" foi ajustado e, em tempo de crise, o que norteou a empresa foram as medidas preventivas, nomeadamente nas negociações dos acordos de compras. Baseada a actuação na prevenção (para não ter de remediar) foi possível assegurar que não haveria uma quebra nos resultados anuais. Aliás, contrariando as piores expectativas, manteve a tendência de crescimento através da entrada em novos mercados e da conquista de grandes projectos para novos clientes. Por isso, os efeitos da crise não se fizeram notar com particular incidência. Pelo contrário, 2009 será um ano a recordar por bons motivos - um volume de negócios de 14,2 milhões de euros, acima do alcançado em 2008.



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