Notícia
SunEnergy - A culpa é do vento
Raul Santos e Alexandre Baptista lançaram a SunEnergy em Portugal. A crença no futuro da "energia verde" foi o principal incentivo.
06 de Setembro de 2012 às 11:33

Nada fazia prever que os dois empreendedores avançassem com um projecto na área das renováveis. Raul Santos foi um dos fundadores da empresa de criopreservação de células estaminais, a Criostaminal, e Alexandre Baptista foi director executivo da empresa de construção Catari Espanha. Afastaram-se das suas funções para apostarem nas características ambientais de Portugal, como a "elevada exposição solar média anual, a rede hidrográfica relativamente densa e o benefício de ventos atlânticos".
A ideia de criar um negócio próprio já vinha da altura do MBA, mas só três anos depois é que os dois amigos avançaram. As energias renováveis surgiram por se tratar de uma área com futuro.
A SunEnergy foi fundada com 300 mil euros em capitais próprios e, em 2011, registou um volume de negócios de dois milhões de euros. "Queremos continuar com o ritmo de crescimento que temos tido nos últimos anos e atingir o objectivo de termos 25 delegações Sun Energy em Portugal até ao final de 2025."
Negócio à portuguesa
A ideia não é nova e veio de Espanha. Os dois empreendedores "franchisaram" o modelo de negócio e têm os direitos da marca para o território português. "As energias renováveis têm cumprido um papel importante ao nível do desenvolvimento local e acabam também por cumprir um papel de homogeneização no desenvolvimento económico do território", diz Raul Santos.
Actualmente com nove delegações, Raul Santos confessa que chegar às 25 é um objectivo ambicioso, mas possível. Estas delegações estão espalhadas sobretudo pela faixa litoral Norte e Centro, mas o objectivo é alargar a rede. "As nossas prioridades, neste momento, são o Algarve, Baixo Alentejo, Beira Baixa e Beira Alta", acrescenta.
Para Raul Santos, só com este modelo de "franchising" é possível criar um modelo de proximidade. "A Sun Energy tinha este modelo em Espanha e nós achámos que faria sentido repicá-lo em Portugal, adequando-o à realidade e cultura do nosso país, mas aproveitando o que tinha sido criado de bom em Espanha." "Tentamos perceber o que é que o cliente pretende instalar e a partir daí começamos a definir qual é a melhor solução para cada casa em concreto", afirma o responsável da empresa.
Apesar de ter atingido os objectivos a que se propunha, Raul Santos admite que o projecto poderia ter ido mais além se não fosse a indefinição existente nas políticas para as energias renováveis. "É preciso que o Governo clarifique a questão das quotas para a microgeração, por exemplo."
Este ano, o Estado reduziu as quotas das empresas de 25 megawatts para 10, ou seja, a SunEnergy faz cerca de 300 instalações por ano quando, em 2011, fazia duas vezes e meia aquele valor. "Existem famílias e pequenas empresas interessadas em instalar soluções de microgeração e não o estão a fazer porque não há quota", conta.
O objectivo é que, no final de 2012, a SunEnergy atinja 2,5 milhões de euros e que, em 2015, sejam alcançadas as 25 delegações.

Bilhete de identidade
Fundadores Raúl Santos e Alexandre Baptista
Início de actividade 2009
Área de actividade instalação de soluções na área das energias renováveis
Número de colaboradores 20
Investimento inicial 300 mil euros
Facturação 2011 2 milhões de euros

Para consumo próprio e venda
Na SunEnergy, há vários produtos e serviços de energia verde. A microgeração, produção descentralizada de energia em pequena escala pelo consumidor, é um deles. A energia pode ser produzida através de painéis solares fotovoltaicos, aerogeradores, caldeiras de biomassa ou microturbinas, entre outros. Além de poderem consumir a energia que a casa produz, os consumdiores podem vendê-la à rede pública. Têm de estabelecer um contrato de venda para assegurar a recuperação do investimento a médio prazo. Em Portugal, os painéis solares fotovoltaicos são dos instrumentos mais utilizados.