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Microcrédito para maxi empreendedores

Quer criar o seu próprio emprego, mas os bancos não lhe concedem o crédito necessário para os primeiros investimentos? Não se preocupe. Se tiver uma boa ideia, com perspectivas de sucesso, a Associação Nacional de Direito ao Crédito (ANDC) pode...

30 de Julho de 2009 às 15:48
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Há sonhos que precisam apenas de uma pequena ajuda para se tornarem grandes projectos. Saiba por que é que a iniciativa, o empreendedorismo e o crédito não se medem aos palmos.

Quer criar o seu próprio emprego, mas os bancos não lhe concedem o crédito necessário para os primeiros investimentos? Não se preocupe. Se tiver uma boa ideia, com perspectivas de sucesso, a Associação Nacional de Direito ao Crédito (ANDC) pode ajudá-lo a conseguir um pequeno empréstimo junto do Banco Espírito Santo, Caixa Geral de Depósitos ou do Millennium bcp.

Esta foi a ideia inicial de Muhamad Yunus, prémio Nobel da Paz, quando criou o Grameen Bank, no Bangladesh, em 1976: ajudar os mais desfavorecidos a serem autónomos. Em Portugal, a ANDC seguiu-lhe o exemplo. "O microcrédito contribui para a integração social e desenvolvimento da economia portuguesa, porque integra, na vida activa, os excluídos do crédito, desempregados, empregados a título precário, ou em vias de perder o emprego", explica Mohamed Ahmed, presidente da direcção da ANDC.

Contactos úteis

Associação Nacional de Direito ao Crédito

Lisboa
Praça José Fontana, 4 - 4.º

Porto
Rua Júlio Dinis, 728 - 2.º sala, 226


Telefone: 808 202 922 (custo de chamada local)

E-mail:
microcredito@microcredito.com.pt

Horário de atendimento
nos dias úteis: 09:30-13:00 14:30-17:00
A associação apoia os candidatos na preparação do dossiê de investimento e na resolução de problemas que possam surgir durante o desenvolvimento do negócio. "As características do microcrédito (...), cujo conceito foi introduzido em Portugal há dez anos pela ANDC, são singulares, embora, no mercado, apareçam produtos com o mesmo nome, mas com características diferentes", explica o presidente.

Foi a ANDC que ajudou Sidney Carvalho, 26 anos, a montar a SIAR, uma empresa de sistemas de identificação anti-roubo, em Mem-Martins, Sintra, há sete meses. O estudante do segundo ano de arquitectura soube da existência deste tipo de financiamento através da televisão e, juntamente com um colega, apresentou o projecto à ANDC. Como era um sistema inovador em Portugal, o projecto de Sidney Carvalho demorou algum tempo a ser aprovado, mas conseguiu o financiamento do Millennium bcp. "Achámos que o mercado português ia beneficiar de um sistema como este, até por causa do aumento do 'carjacking'. Temos tido uma grande aceitação em relação a este sistema, mesmo no estrangeiro", comenta Sidney Carvalho.

O estudante esteve três meses à espera que aprovassem o seu projecto, mas valeu a pena.

Hoje, tem parcerias com algumas seguradoras, bancos, Polícia Judiciária e Automóvel Clube de Portugal, entre outros. "Estas parcerias são recentes, as burocracias levam algum tempo, mas as entidades têm interesse no nosso serviço e apoiam a empresa", acrescenta.

Para Helena Mena, directora central, responsável pelo Microcrédito Millennium bcp, o microcrédito não se resume a um empréstimo. "Não é apenas um financiamento, é mais do que isso. Trata-se de um serviço personalizado de assessoria e acompanhamento contínuo disponibilizado pelo Millennium bcp a todos aqueles que não têm acesso ao crédito na banca tradicional, mas que apresentam uma ideia de negócios viável e perfil empreendedor." Em três anos de actividade, já beneficiaram deste tipo de financiamento 1.510 pessoas, num valor que atinge mais de nove milhões de euros. "A concessão de crédito tem como objectivo, a concretização de projectos de investimento viáveis ou a expansão dos já existentes, visando a integração económica e social dos seus destinatários", acrescenta Helena Mena.

No Millennium bcp, por exemplo, cada candidato pode pedir até 17.500 euros, com um prazo de reembolso de 48 meses, a quatro anos, e uma taxa que depende da natureza do projecto, perfil do candidato e consistente com o risco e nível de serviço oferecido. "Este tipo de crédito não é uma forma de solidariedade ou mecenato social, mas antes um conjunto de instrumentos estimuladores da responsabilidade, auto-estima e auto-suficiência das pessoas", conclui.

"Aconselhar, financiar e promover pessoas e microempresas com iniciativas empresariais viáveis, que de outras forma, não teriam acesso ao crédito" é o lema do banco.

Sidney Carvalho não é o único a singrar através do microcrédito. Só em Maio, existiam já 110 processos aprovados pela ANDC que aguardavam creditação pelas instituições bancárias. Destes, 88 foram aprovados ao longo de 2009 e os restantes são relativos a anos anteriores. A Sidney Carvalho junta-se Hélia Camões e Maria Trindade Lopes, duas microempresárias, apoiadas pela ANDC. Leia as suas histórias.

O futuro mora na Avenida de Roma

Bastou uma ida ao centro de emprego para Hélia Camões saber como dar a volta certa à sua vida. Agora, só falta abrir as portas e deixar que o futuro entre.

Depois de ir ao Centro de Emprego, pesquisar na Internet e projectar a sua ideia, Hélia Camões prepara-se para realizar um dos seus sonhos profissionais: abrir uma loja sua. Em breve, a futura microempresária vai vender acessórios para animais, incluindo rações, numa loja que promete ser diferente. A paixão por animais não é de agora e o facto de o seu namorado ser instrutor de cães veio ajudar. "Tenho trabalhado em hotelaria, telecomunicações, praticamente em tudo o que é comércio e também com animais. O meu namorado é instrutor, tem uma escola para cães e também me apoiei nisso", comenta. Aos 36 anos, Hélia Camões aproveitou o programa Novas Oportunidades para concluir o 9º ano e trabalha, actualmente, num restaurante, em Benfica, Lisboa. A loja, que se situará perto da Avenida de Roma, também na capital, só abre a 5 de Julho, ajudada pelo microcrédito contratado no Banco Espírito Santo. A ideia de contactar a ANDC surgiu no Centro de Emprego e depois de uma pesquisa pela internet, Hélia Camões resolveu arriscar. "Se não fosse o microcrédito, não teria outra hipótese, não seria tão fácil... Apareceu mesmo na 'hora H', porque, na altura, estava desempregada, a receber o subsídio de desemprego", explica. Em quatro a cinco meses, Hélia Camões transformou uma simples ideia numa loja real, ajudada pela ANDC. "O projecto não demorou muito tempo, porque a pessoa que estava a tratar do meu processo é excelente, indicou-me tudo o que devia fazer. Correu sempre tudo bem, não tive de alterar nada. O financiamento foi concedido pelo BES e também foi rápido, demorou 15 dias."

Quanto à crise em que o país mergulhou nos últimos meses, não chega para assustar a microempresária. "Eu estou confiante. Estou mesmo, até acho que é a melhor altura para abrir um negócio. Quero fazer algo diferente na loja, para não ser tudo igual. Normalmente, as pessoas não têm um sítio onde deixar os cães, [quando vão a uma loja de acessórios para animais]. Queria fazer um parque na loja, investir em algo diferente." A zona, perto da Avenida de Roma, foi escolhida a dedo: a loja de animais mais próxima fica no centro comercial de Alvalade.

A quem quer optar por esta forma de financiamento, para realizar um dos seus sonhos, Hélia Camões não hesita. "Primeiro, as pessoas devem ter a certeza daquilo que querem: o mais importante é saberem que tipo de negócio vão abrir. E, depois, recorrer ao microcrédito. Eles são super-eficientes. Eu não procurei outra forma de financiamento, se tivesse de ir ao banco, era um bocado difícil, eles não me emprestavam, de certeza. O microcrédito ajuda as pessoas que também estão desempregadas e isso é uma mais-valia."

Hélia Camões só começa a pagar o crédito em Agosto, porque ainda está a aproveitar os dois meses de carência. No início, só ela trabalhará na loja e, por agora, conta com a ajuda do namorado e com o financiamento do microcrédito. "As pessoas não devem desistir, devem ir em frente. Nada é impossível. O microcrédito veio realizar o meu sonho, a nível profissional." Acerca do apoio da ANDC, a microempresária só diz bem. "A pessoa que está a acompanhar o projecto tem sido impecável." A nova vida de Hélia Camões começou a 5 de Julho, com sede em Lisboa, e muitos novos amigos de quatro patas, entre os "clientes".
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