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Inovação na bagagem

Seis empresas nacionais estão a desenvolver um sistema que promete acabar com os milhares de bagagens perdidas nos aeroportos

12 de Março de 2009 às 16:41
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Passageiros enfurecidos, companhias aéreas sem mãos a medir para atender reclamações, centenas de malas espalhadas. É para acabar com este caos que muitas vezes se vive nos aeroportos de todo o mundo que seis empresas portuguesas se juntaram e apresentaram ao programa Eureka - uma iniciativa intergovernamental de apoio à inovação europeia - o projecto "Mala Segura".

O objectivo é o de criar um sistema de rastreamento e procura de bagagens através da incorporação de um sistema de identificação, que seja inviolável, compatível com os padrões internacionais e utilizando tecnologia de ponta. "O sistema permitirá saber, a qualquer momento, a localização das malas a partir do momento em que entrem no aeroporto", explica Leonel de Jesus, responsável da SET- Sociedade de Engenharia e Transformação, do grupo Iberomoldes, que lidera o projecto. Daí que para além de ter de ser criada tecnologia que permita colocar 'chips' invioláveis no interior das paredes das malas, é também necessário desenvolver o sistema que possibilitará a sua leitura e detecção em todas as áreas dos aeroportos.

O projecto "Mala Segura", adianta o responsável, prevê o desenvolvimento de dois diferentes sistemas: o que permite a identificação e rastreamento das bagagens com "chips" dentro dos aeroportos e o que passa pela personalização da mala, através de GPS/GSM para controle em qualquer parte do mundo.

Do consórcio fazem ainda parte a ANA - Aeroportos de Portugal, que, por dia, segundo dados de 2007, se vê confrontada com a perda de mais de 400 bagagens. Também o Pólo de Inovação em Engenharia de Polímeros (PIEP) da Universidade do Minho, o Inesc Inovação, Instituto de Novas Tecnologias, a Critical Software e a Tecmic - tecnologias de microelectrónica participam no desenvolvimento do sistema.

O projecto arrancou a 1 de Setembro de 2008 e prevê-se que esteja concluído em Fevereiro de 2011, altura em que serão utilizados protótipos para fazer testes reais. "Com bons resultados dos protótipos e a aprovação pela IATA (International Air Transport Authority) - que faz parte do 'adviser group' - será possível começar a produzir de imediato", afirma Leonel de Jesus.
O investimento nos primeiros dois anos do projecto é de 2,4 milhões de euros, tendo o agrupamento já assegurado um incentivo de 1,6 milhões junto do QREN.

O responsável da SET explica que o objectivo do agrupamento é que este sistema seja adoptado internacionalmente, adiantando que há interesse da IATA, com quem têm mantido contactos, de o implementar nos vários aeroportos. O responsável garante ainda que os custos para as gestoras de aeroportos com a instalação do sistema "será rentabilizado em poucos meses". E acredita ainda que "dentro de dez anos todas as malas do mundo terão esse 'chip'".

Se numa primeira fase o "Mala Segura" visa o controlo das bagagens nos aeroportos, Leonel de Jesus garante que poderá ser usado noutras áreas onde haja movimentação de malas, como os transportes rodoviários e ferroviários e também hotéis.




400 malas perdidas por dia em portugal

Nos aeroportos portugueses, mais de 400 bagagens foram perdidas, por dia, em 2007. Isto significa que, num ano, foram 146 mil as malas que desapareceram em Portugal. Já nos Estados Unidos, são mais de um milhão as bagagens que anualmente se perdem nos aeroportos sem que voltem a aparecer. Para as empresas gestoras dos aeroportos, este problema tem custos elevados, e não é só o reembolso aos passageiros. Há uma despesa logística, quer em termos de recursos como de comuni-cações, decorrente da procura destes milhares de malas e da sua devolução aos passageiros.







Os parceiros do projecto

Como injectar um "chip" no interior de uma mala se a injecção no plástico tem de ser feita à temperatura de 120 graus e o "chip" derrete aos 60 ou 70 graus? A criação de tecnologia que permita a injecção mais fria e que crie "chips" mais resistentes é um dos desafios das empresas que participam no projecto "Mala Segura". A SET, do grupo Iberomoldes, é uma empresa de engenharia que desenvolve produtos e que trabalha há 20 anos com a Samsonite. Vocacionada para as tecnologias de microelectrónica está a Tecmic e para o desenvolvimento de "software" a Critical. O agrupamento conta ainda com universidades: o Pólo de Inovação em Engenharia de Polímeros, da Universidade do Minho, e o Inesc Inovação, ligado às tecnologias de informação, electrónica e comunicações. A ANA é a única grande empresa do agrupamento.



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