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E o "óscar" vai para parceiros e clientes

A prática é comum nos Estados Unidos e começa a ganhar força em Portugal. Estar mais perto de parceiros e clientes passa, em algumas empresas, por premiá-los.

03 de Março de 2011 às 10:00
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Mesas decoradas, luzes na intensidade certa, animação a postos e estava tudo pronto para mais uma edição dos Optimus Innovation Awards. Este ano foi a sétima vez que a operadora de telecomunicações distinguiu projectos inovadores implementados em clientes, numa iniciativa que realiza em parceria com a Accenture. Fê-lo do e para o palco do Coliseu dos Recreios, onde foram assentes as mesas para o jantar e a cerimónia que se seguiu, assistida por camarotes vazios mas com um palco bem recheado.

"Com esta iniciativa, a Optimus transmite ao mercado e aos seus clientes que a inovação é um factor-chave de competitividade e reflecte uma atitude de ambição - chegar mais longe, fazer diferente, ser melhor", explica Manuel Ramalho Eanes, administrador da Optimus.

Desde o arranque que a operadora tem procurado comunicar uma imagem de inovação ao mercado e a iniciativa de premiar projectos desenvolvidos com apoio das suas soluções tecnológicas pelo carácter de inovação, acaba por surgir na sequência dessa estratégia. Começou por ser um encontro para apresentar projectos inovadores e "transformou-se num momento de referência para clientes, parceiros e convidados partilharem casos concretos de inovação nas mais diversas áreas", assegura o mesmo responsável.

Obviamente, a empresa ajudou a traçar o trajecto de reconhecimento dos seus Innovation Awards. A promoção junto da imprensa e na "web", completa-se com um "site" próprio da iniciativa e, em papel, num livro que reúne todos os nomeados de cada edição - com destaque para os vencedores - distribuído na noite da cerimónia.

"Esta iniciativa mostra ao mercado - não só aos nossos clientes, mas ao tecido empresarial em geral - que temos a plena capacidade para apoiar e impulsionar as empresas e as instituições públicas na sua actividade", sublinha Manuel Ramalho Eanes, que argumenta sobre as razões de ser da distinção.

"Não só assumimos o nosso papel como agente activo de inovação, como também contribuímos para aplaudir o que de melhor se faz em Portugal no âmbito das TIC", acredita o gestor.

Empresas reconhecem valor às distinções
Com mais convidados e mais participantes, de ano para ano, a Optimus não tem dúvidas sobre o interesse crescente dos gestores neste tipo de reconhecimento. Uma das premiadas já em 2011 confirma.

A Puratos começou em Agosto de 2010 a renovação tecnológica da sua infra-estrutura de comunicações, num projecto que envolveu toda a empresa. A operadora do grupo Sonaecom foi escolhida para acompanhar a mudança e da implementação surgiu um caso que a Optimus decidiu destacar nos Innovation Awards deste ano, atribuídos em Fevereiro passado.

João Garvão, responsável pela direcção de sistemas de informação da Puratos em Portugal, reconhece valor à distinção e já antecipa o destaque que esta terá na revista institucional do grupo a nível internacional. "Somos uma referência do grupo na área da produção e estou convencido que vamos passar a ser também nos sistemas de informação", defende.

"É interessante e importante e é também um incentivo para continuarmos no caminho da inovação", acrescenta João Garvão, à procura dos termos certos para descrever o significado da distinção.

Nelson Mendes é gestor de outro projecto, reconhecido por outra empresa, mas segue a mesma linha de argumentos para identificar as mais-valias para o IMI da distinção atribuída pela Outsystems. Como explica, a Imagens Médicas Integradas ao longo dos anos tem mantido uma postura de investimento na área da inovação, pelo que as iniciativas que reconheçam esse esforço são sempre bem acolhidas.

Os Agility Awards que a destacaram só existem desde 2009, mas já têm uma lista alargada de empresas distinguidas. A utilização da tecnologia Outsystems com sucesso e benefícios para a actividade do cliente também aqui dá o mote. E é mais um elemento na estratégia de "marketing" da empresa.

"Acima de tudo, os Agility Awards reconhecem a qualidade dos projectos realizados nos nossos clientes, permitindo a divulgação destes projectos para a comunidade", explica Mike Jones, vice-presidente e responsável de "marketing" da multinacional portuguesa, que quer fazer dos prémios um reconhecimento para o mercado do valor das tecnologias de informação para as organizações que os recebem.

A Outsystems especializou-se no desenvolvimento de metodologias ágeis, que permitem acelerar o desenvolvimento e implementação de projectos TI nas empresas. Os distinguidos pelos seus Agility Awards recorreram a essas metodologias e retiraram vantagens para o negócio dessa opção. Ganhos que os prémios procuram sublinhar.

"Com os Agility Awards queremos promover as práticas ágeis e reconhecer os projectos dos nossos clientes, onde a aplicação das metodologias ágeis tem sido usada para entregar projectos no prazo e orçamentos estimados, com 100% de adopção por parte do utilizador, agregando valor real ao negócio", admite Mike Jones. "O sucesso dos nossos clientes é o nosso melhor cartão de visita", acrescenta.

O despertar da Outsystems para este tipo de iniciativa acabou por fazer-se às custas da sua própria experiência. A empresa já foi premiada , sabe e reconhece a relevância desse reconhecimento de terceiros. Na lista de troféus contam-se um Jolt Award, uma espécie de Óscares da internet, ou um Codie Award.

Práticas internacionais contaminam mercado português
Atribuídas pela indústria - como as distinções referidas para a Outsystems - ou pelos fabricantes. A destacar a inovação ou práticas e "performance" de negócio, muitos dos prémios que distinguem o tecido empresarial português ainda vêm de fora para dentro. São uma prática comum, por exemplo, entre as multinacionais de tecnologia: a HP acaba de distinguir os melhores parceiros de negócio, algo que a Cisco, a Microsoft ou a IBM também fazem.

Mas, como mostram Outsystems e Optimus, o reconhecimento de parceiros e clientes tornou-se igualmente uma receita aplicada por empresas portuguesas. Noutros sectores de actividade também há exemplos disso, até com alguma tradição. É o caso da EDP que distingue este ano, pelo oitavo consecutivo, iniciativas empresariais que se destaquem pela eficiência e qualidade ambiental, entre os clientes da energia que distribui. Exemplos de prémios atribuídos por multinacionais mas que nasceram e mantiveram o âmbito de acção em Portugal, também existem. O Parceiro da Excelência da DHL é um deles.

A iniciativa fez a estreia em 2000 e nasceu para dar relevo aos fornecedores da fabricante que mais se destacam na respectiva área. "Temos critérios bastante exigentes na relação com os nossos parceiros e não trabalhamos com empresas que não nos dêem garantias de cumprir esses requisitos", explica Teresa Manso, responsável pela área de qualidade da DHL Express. "Os prémios acabam por ser uma forma de reconhecer o esforço dos parceiros para cumprir com essas exigências", continua.

À data, esta foi também a forma encontrada pela empresa para colocar no terreno um modelo de excelência que implicava parâmetros cuidados na gestão de parcerias. Nos dois anos anteriores, a DHL foi distinguida pelo sistema português de qualidade, primeiro com prata e a seguir com ouro, numa espécie de preparação para o prémio europeu da qualidade, que em 2001 acabou por receber da mão da Foundation for Quality Management.

Na incorporação do modelo de excelência que lhe valeu as distinções, a empresa aplicou a lógica aos parceiros e passou a gerir a relação com fornecedores por parâmetros inspirados nesses, ponderando aspectos como a gestão da qualidade, criação de valor acrescentado, ou responsabilidade social. Anualmente, começou a distinguir os que melhor se encaixam nas métricas definidas. Continua a fazê-lo até hoje, com os mesmos objectivos: manter a proximidade e assegurar um encontro de expectativas.
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