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Dos bancos da Universidade aos negócios

Uma Universidade pode ser o local certo para apoiar e dar forma a projectos capazes de alcançar sucesso. Entre incubadoras, cursos e intercâmbios, conheça exemplos de instituições e empresas que aproveitaram as mais-valias do ambiente académico para lançarem um negócio.

09 de Outubro de 2009 às 10:00
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Uma Universidade pode ser o local certo para apoiar e dar forma a projectos capazes de alcançar sucesso. Entre incubadoras, cursos e intercâmbios, conheça exemplos de instituições e empresas que aproveitaram as mais-valias do ambiente académico para lançarem um negócio.

A cultura empreendedora deve começar na escola e nada melhor do que aproveitar o ambiente universitário para apoiar e dar forma a projectos que podem revelar-se casos de sucesso. Entre incubadoras, cursos e intercâmbios, conheça exemplos de instituições e empresas que aproveitaram as mais-valias do ambiente académico para lançarem um negócio. Há empresas que dão razão a quem defende uma aliança mais estreita entre o mundo académico e o mundo dos negócios, sobretudo quando se pede às universidades que fomentem a cultura empreendedora e contribuam para o crescimento económico. A Tapestry Software é um dos muitos exemplos de como a transferência de conhecimento pode ser um motor de progresso e inovação.

A empresa é fruto do trabalho de investigação de Ana Sofia Almeida no Centro de Informática e Sistemas da Universidade de Coimbra, a que se aliou Licínio Roque, docente da universidade na área dos jogos. O resultado foi uma empresa que aposta no desenvolvimento e distribuição de jogos "on-line" para estratégias de "marketing "e formação.

Ateliê de arquitectura renasce
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Definiram um plano de negócios e Ana Sofia decidiu aproveitar a proximidade do Instituto Pedro Nunes, que se desenvolveu no seio da Universidade de Coimbra, e candidatar-se àquela que é considerada a segunda melhor incubadora de empresas do mundo. Esta é, aliás, uma prática comum a vários projectos vindos do meio universitário. "Do total de cerca 40 empresas actualmente incubadas, 60% são 'spin-offs' académicos", nota Paulo Santos, director da incubadora.


A IPN- Incubadora tem capacidade para acolher até 50 empresas. Mas nem todas conseguem lá chegar. Isto porque existe um elevado grau de exigência no acesso. "Todos os anos há cerca de 40 a 50 candidaturas, mas apenas seis ou sete entram em incubação física", diz Paulo Santos. Para ser aceite, um candidato terá de demonstrar que tem um projecto viável e promotores capazes de o executar.

Passada esta barreira, as empresas passam a beneficiar de um diálogo permanente entre a universidade e a incubadora, uma das grandes vantagens do empreendedorismo desenvolvido no âmbito universitário. Por um lado, a incubadora beneficia "do conhecimento da universidade, onde vai procurar competências sempre que as empresas não as produzem internamente". Por outro, há técnicos da incubadora à frente de cadeiras da universidade, que usam a sua experiência prática para ensinar e motivar os alunos.

Mas o fluxo de interacção funciona também entre incubadas, novas e antigas, o que propicia as parcerias e as sinergias. A Tapestry, por exemplo, está actualmente em contacto com duas empresas para o desenvolvimento de vertentes complementares ao seu negócio.

Ensinar a empreender

O desenvolvimento do ensino do empreendedorismo nas universidades tem vindo a ganhar dimensão a nível nacional e a sua importância começa a transparecer nos números. Paulo Santos enumera matematicamente: "Em 12 anos de incubadora, foram criadas 130 empresas e 80% estão vivas. Foram criados mais de 1200 postos de trabalho directos e são facturados acima de 60 milhões de euros por ano."

Incubadoras, cursos e intercâmbios são apenas exemplos das inúmeras iniciativas que têm vindo a ser lançadas ou apoiadas pelas universidades e que assumem até múltiplas facetas. No caso do Audax, o Centro de Empreendedorismo e Empresas Familiares do ISCTE, por exemplo, o programa criado visa essencialmente "ensinar o empreendedorismo como um comportamento", explica Virgínia Trigo, docente e membro da direcção científica do curso. "Isto significa não só a criação de empresas, mas também a adopção de atitudes diárias de resolução de problemas".

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Empresas, a que o 'In' assistiu, o ambiente é descontraído, mais de reunião de trabalho do que de escola. Ana Jara, uma das participantes do último curso, define as sessões como uma espécie de "'brainstorming' colectivo" em torno de conteúdos muito práticos como o "marketing", os recursos humanos ou a logística. A cada sessão, os alunos aprendem cada um dos passos para a criação de uma empresa, até à elaboração de um plano de negócios que possa ser apresentado a potenciais investidores.


Esta última fase é optativa e tem lugar na segunda metade do curso, mas no ano passado cerca de 60% dos alunos optaram por fazê-la. Sendo ou não um sinal de que vão surgir novas empresas, a verdade é que o número de pessoas que procura cursos de empreendedorismo tem vindo a crescer. Virgínia Trigo lembra-se de que, em 2003, quando começou a ensinar esta temática, "a palavra empreendedorismo nem sequer era reconhecida pelo Word". Hoje, está cada vez mais disseminada.

Empreendedorismo à escala europeia

E o ensino universitário do empreendedorismo não se fica pelas fronteiras nacionais. À imagem do programa de intercâmbio universitário Erasmus, está neste momento a decorrer um projecto-piloto que pretende juntar jovens empreendedores e empreendedores experientes de vários países europeus.

Chama-se Erasmus for Young Entrepreneurs e conta com a ajuda de organizações intermediárias nacionais, cuja tarefa é fazer a correspondência entre novos empreendedores e empresas de acolhimento. Em Portugal, a Universidade de Aveiro é uma das parceiras que ajuda a possibilitar este encontro. "Um dos objectivos da Universidade de Aveiro é o fomento do empreendedorismo qualificado como motor do desenvolvimento regional e nacional. Por isso, este programa vem totalmente ao encontro das nossas intenções", salienta Marlos Silva, gestor do programa na Universidade de Aveiro.

O projecto, aberto em permanência durante três anos, consiste na permanência de um jovem empreendedor numa empresa de outro país da União Europeia, durante um período que pode ir de um a seis meses. O que se pretende é que o empreendedor regresse a casa com mais ferramentas para abrir ou desenvolver a sua própria empresa, pelo que, para ser aceite, "terá de apresentar um projecto minimamente estruturado e sólido", salvaguarda Marlos Silva.

Para a Universidade Aveiro, o objectivo traçado é, até ao final do projecto, enviar seis empreendedores para intercâmbio e encontrarem colocação para seis candidatos. "Estamos no caminho certo para o conseguir", congratula-se o responsável pelo projecto.

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