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Como transformar tecnologia em negócio

São investigadores e professores universitários, mas têm espírito empreendedor. Pedro Almeida, João Tedim e Manuel Coimbra tinham as ideias e o método, mas faltava-lhes o "know-how" para transformar a tecnologia em negócio. É para isso que serve o CEBT - Curso de Empreendedorismo de Base Tecnológica, a ponte que liga a Universidade às empresas.

04 de Novembro de 2010 às 10:33
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Pedro Almeida já sabia o que queria quando se candidatou ao Curso de Empreendedorismo de Base Tecnológica (CEBT): criar a Metatheke. Tinha a ideia, os incentivos, mas faltava-lhe a formação. Elaborar um plano de negócios ou proteger a propriedade intelectual dos seus produtos eram algumas das competências que lhe faltavam para fazer do seu projecto uma empresa de sucesso, mas conseguiu.

Criou o primeiro quiosque digital para venda de jornais e revistas em formato electrónico e a primeira plataforma desenvolvida para a comercialização de eBooks. Pioneira, a Metatheke Software é a única empresa em Portugal que disponibiliza estas soluções "chave-na-mão".

Transpor o conhecimento científico e tecnológico gerado nas universidades para o tecido empresarial não é fácil. Sobretudo, porque o investimento realizado em investigação e desenvolvimento nem sempre produz o retorno desejado para as empresas. Foi por isso que surgiu o CEBT, promovido pelas Universidades de Aveiro, Coimbra e Beira Interior, em parceria com o Conselho Empresarial do Centro e a Câmara de Comércio e Indústria do Centro. Objectivo: "disponibilizar a todos os interessados tecnologias desenvolvidas por si e um 'know-how' acumulado por um corpo de docentes com experiência em áreas diversas, como o empreendedorismo, propriedade intelectual, inovação, 'marketing' e gestão", explica José Paulo Rainho, coordenador executivo.

A edição deste ano começou a 7 de Outubro e é a quinta vez que dá aulas a potenciais empreendedores. "O balanço do CEBT é positivo, sendo que as últimas quatro edições contribuíram para a formação de 371 formandos provenientes das mais diversas áreas de actividade, de alunos finalistas e de pós-graduação a quadros de empresas e investigadores", comenta. Em 2010, o curso conta com 48 participantes. O número pode ser mais reduzido do que nos anos anteriores, mas o coordenador está convencido que o trabalho a desenvolver pelas 13 equipas já constituídas será "extremamente gratificante".

"Com a dinamização do Curso de Empreendedorismo, as entidades parceiras pretendem inverter a lógica de 'formação apoiada' para 'consultoria avançada'", diz Rainho. Como? Acompanhando e motivando as equipas que se candidatam ao programa através de uma relação de proximidade. Objectivo: desenvolver projectos de base tecnológica viável, a partir do conhecimento criado nas universidades da região centro. Mais: pretende desenvolver competências de avaliação de tecnologias, análise de mercado e desenvolvimento estratégico de negócios de base tecnológica. "O CEBT assenta numa metodologia que permite criar, na prática e em tempo real, uma empresa de base tecnológica de elevado crescimento", acrescenta.

Mais-valia para a região
O curso tem uma duração aproximada de 70 horas, distribuídas por "workshops", "mentoring sessions" e "coaching". Os "workshops" abordam temas como Proposta de Valor e Plano de Negócio, Estudo de Mercado, Propriedade Intelectual e Transferência de Tecnologia, Análise Económico-Financeira, Marketing e Estratégia e os 10 Must do Empreendedor.

Já as "mentoring sessions" vão permitir que os participantes troquem experiências com o Gestor da Tecnologia, que lhes dará retorno sobre o trabalho que têm vindo a desenvolver. Além disso, existe a possibilidade de as equipas reunirem com o coordenador executivo do programa em sessões de "coaching". As tecnologias em estudo resultam do trabalho desenvolvido pelos investigadores das universidades, bem como de conceitos de negócio de base tecnológica das equipas candidatas ao CEBT.

A quem se destina o curso?
"A todos aqueles que ambicionem vir a constituir uma empresa de base tecnológica ou que pretendam, numa primeira fase, obter 'know-how' na área do empreendedorismo e inovação", explica José Paulo Rainho. O coordenador acrescenta que o curso tem sido frequentado, maioritariamente, por alunos finalistas do Ensino Superior, investigadores e quadros técnicos superiores de entidades públicas ou privada. "O 'feedback' das edições anteriores é extremamente positivo", comenta José Paulo Rainho. O CEBT já possibilitou a criação de 64 conceitos e de sete empresas de base tecnológica (duas "spin-out" e cinco "start-up").

Em Fevereiro de 2009, o CEBT foi distinguido com o segundo lugar na categoria "Promoção da Iniciativa Empresarial" dos European Enterprise Awards. Os prémios promovidos pela Comissão Europeia visam premiar as iniciativas de destaque que apoiam o empreendedorismo a nível regional.

Para José Paulo Rainho, a distinção foi o reconhecimento do trabalho desenvolvido pelos parceiros do CEBT. "Num cenário de crise, como o que se vive actualmente, a promoção de iniciativas desta natureza, que impulsionem a criação de novas empresas é, sem dúvida, uma mais-valia para a região", adianta. Por isso, sublinha o trabalho que tem sido desenvolvido pelas entidades parceiras do curso, através das acções de formação em empreendedorismo e inovação e do apoio à constituição de novas empresas provenientes do mundo académico.



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