Notícia
Comida "verde" em busca de mercado
Dois adeptos da alimentação biológica apostaram em instalar máquinas para vender comida saudável. Estão em grandes empresas de Lisboa e, a prazo, acreditam que estes produtos deixarão de ser olhados com estranheza.
Dois adeptos da alimentação biológica apostaram em instalar máquinas para vender comida saudável. Estão em grandes empresas de Lisboa e, a prazo, acreditam que estes produtos deixarão de ser olhados com estranheza.
Há mais de 20 anos que Ana Paula, médica dentista, e Rui Chico, psicólogo clínico, estão unidos. Unem-nos laços familiares, são cunhados, a partilha do local de trabalho, uma clínica médica, e a incondicional adesão à alimentação biológica. Há muito que nos seus frigoríficos não entra um iogurte convencional, no congelador não há lugar para ervilhas normalizadas, os seus filhos comeram papa biológica e, hoje, seguem o caminho dos pais. "Ao fim de 10 vezes, o paladar habitua-se ao sabor de um alimento, portanto, é criar o hábito", garante Ana.
Nesta comunhão de ideias, era rara a reunião familiar em não se perguntavam: "e se levássemos este hábito ao dia-a-dia das pessoas?". Daí ao "vending" foi um passo. "Outsiders" neste mundo das máquinas de frio, só tinham uma certeza: não havia concorrência. Estudaram o mercado, as licenças necessárias, os preços e os fornecedores de máquinas e produtos. Equiparam um antigo armazém da família, na Portela da Azóia, com os meios para refrigerar estes alimentos que, sem aditivos sintéticos, têm prazos de validade mais curtos do que os convencionais. Máquinas e automóvel, para fazer a distribuição, foram adquiridos em sistema de locação financeira. Não recorreram ao crédito nem a apoios.
No mercado há ano e meio, o negócio teve altos e baixos. Retiraram máquinas de locais que veio a provar-se não serem os ideais, como escolas do 2º e 3º ciclos e uma loja da rede Fnac. Repensaram a estratégia. De início, os hospitais pareceram-lhes evidentes para esta oferta saudável, mas os entraves que encontraram, com concursos públicos em que o preço é o factor determinante, vedaram-lhes o acesso.
Optaram por colocar as máquinas em empresas com mais de 250 colaboradores "esclarecidos" e com poder de compra: "só quem percebe os benefícios desta alimentação aceita pagar mais 30 cêntimos por um iogurte". Há máquinas com o logótipo Biosphere na RTP, na Deloitte, na Somague, na Mafre Seguros, na Sonae Sierra, no Metro do Marquês, em Lisboa, a única fora de uma empresa, e noutros pontos, totalizando uma dezena de localizações.
A maior parte dos produtos "infelizmente" são importados da Alemanha, Holanda e Suíça. Em Portugal, a oferta é escassa. Iogurtes, barras de cereais, chocolate negro, que não provoca cáries, amêndoas de Trás-os-Montes ou pedaços de pêra-rocha, sumos 100%, produtos adoçados com seiva do agave, espessados com farinha de alfarroba, colorados com sumo de beterraba, suscitam a curiosidade de quem espreita do outro lado do vidro. Mas apenas 15 por cento dos trabalhadores das empresas onde está a Biosphere consomem os seus produtos.
"Muitos ainda olham esta alimentação como uma aberração", diz a médica. Fruto deste desconhecimento e de alguns erros, o primeiro ano de actividade não foi sustentável. No segundo, esperam equilibrar a facturação e a despesa. Uma coisa é certa: não é possível ter as margens do "vending" convencional, em que o preço do produto é duplicado: aqui rondam os 20% a 30%.
Estes empreendedores acreditam que, quando Portugal olhar para esta oferta como os holandeses ou os alemães, a Biosphere já estará bem presente. Até lá, é fazer pedagogia. As máquinas, estão equipadas com um LCD onde se faz a apresentação de cada produto. Comer biológico não será a fonte da eterna juventude, mas, Ana e Rui acreditam que é o que demais parecido haverá.
Há mais de 20 anos que Ana Paula, médica dentista, e Rui Chico, psicólogo clínico, estão unidos. Unem-nos laços familiares, são cunhados, a partilha do local de trabalho, uma clínica médica, e a incondicional adesão à alimentação biológica. Há muito que nos seus frigoríficos não entra um iogurte convencional, no congelador não há lugar para ervilhas normalizadas, os seus filhos comeram papa biológica e, hoje, seguem o caminho dos pais. "Ao fim de 10 vezes, o paladar habitua-se ao sabor de um alimento, portanto, é criar o hábito", garante Ana.
Nesta comunhão de ideias, era rara a reunião familiar em não se perguntavam: "e se levássemos este hábito ao dia-a-dia das pessoas?". Daí ao "vending" foi um passo. "Outsiders" neste mundo das máquinas de frio, só tinham uma certeza: não havia concorrência. Estudaram o mercado, as licenças necessárias, os preços e os fornecedores de máquinas e produtos. Equiparam um antigo armazém da família, na Portela da Azóia, com os meios para refrigerar estes alimentos que, sem aditivos sintéticos, têm prazos de validade mais curtos do que os convencionais. Máquinas e automóvel, para fazer a distribuição, foram adquiridos em sistema de locação financeira. Não recorreram ao crédito nem a apoios.
No mercado há ano e meio, o negócio teve altos e baixos. Retiraram máquinas de locais que veio a provar-se não serem os ideais, como escolas do 2º e 3º ciclos e uma loja da rede Fnac. Repensaram a estratégia. De início, os hospitais pareceram-lhes evidentes para esta oferta saudável, mas os entraves que encontraram, com concursos públicos em que o preço é o factor determinante, vedaram-lhes o acesso.
Optaram por colocar as máquinas em empresas com mais de 250 colaboradores "esclarecidos" e com poder de compra: "só quem percebe os benefícios desta alimentação aceita pagar mais 30 cêntimos por um iogurte". Há máquinas com o logótipo Biosphere na RTP, na Deloitte, na Somague, na Mafre Seguros, na Sonae Sierra, no Metro do Marquês, em Lisboa, a única fora de uma empresa, e noutros pontos, totalizando uma dezena de localizações.
A maior parte dos produtos "infelizmente" são importados da Alemanha, Holanda e Suíça. Em Portugal, a oferta é escassa. Iogurtes, barras de cereais, chocolate negro, que não provoca cáries, amêndoas de Trás-os-Montes ou pedaços de pêra-rocha, sumos 100%, produtos adoçados com seiva do agave, espessados com farinha de alfarroba, colorados com sumo de beterraba, suscitam a curiosidade de quem espreita do outro lado do vidro. Mas apenas 15 por cento dos trabalhadores das empresas onde está a Biosphere consomem os seus produtos.
"Muitos ainda olham esta alimentação como uma aberração", diz a médica. Fruto deste desconhecimento e de alguns erros, o primeiro ano de actividade não foi sustentável. No segundo, esperam equilibrar a facturação e a despesa. Uma coisa é certa: não é possível ter as margens do "vending" convencional, em que o preço do produto é duplicado: aqui rondam os 20% a 30%.
Estes empreendedores acreditam que, quando Portugal olhar para esta oferta como os holandeses ou os alemães, a Biosphere já estará bem presente. Até lá, é fazer pedagogia. As máquinas, estão equipadas com um LCD onde se faz a apresentação de cada produto. Comer biológico não será a fonte da eterna juventude, mas, Ana e Rui acreditam que é o que demais parecido haverá.