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Altronix investe 1,2 milhões na Trofa

A quebra nas encomendas de Angola e Moçambique em 2015 arrefeceu o crescimento da empresa de sistemas electrónicos, que abriu uma filial em Madrid e acaba de ganhar um contrato com o Inatel.

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06 de Abril de 2016 às 15:22
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A Altronix está a preparar um investimento de 1,2 milhões de euros para triplicar a dimensão das suas instalações, que há dois anos tinham sido ampliadas e entretanto "ficaram obsoletas". Num terreno de sete mil metros quadrados que já adquiriu no concelho da Trofa, onde foi criada em 2004, a empresa de sistemas electrónicos vai construir de raiz uma nova área de produção e armazém, assim como um prédio de dois andares para acolher a equipa de serviços.

Segundo adiantou ao Negócios o director executivo, a primeira fase das obras, correspondente à área fabril, vai arrancar no terreno "entre Agosto e Setembro". No ano seguinte prosseguem com o edifício de serviços, estando previsto "ter tudo a laborar em 2018". "Será feito à medida e a pensar no negócio de hoje e de amanhã. Estamos a ficar sem condições para conseguir crescer a produção e precisamos também de armazenar a matéria-prima", justificou Rui Fonseca.

Com uma oferta de produtos e serviços nas áreas de identificação, codificação e mobilidade – como sistemas de cartões magnéticos, gestão de filas, etiquetas, "scanners" e terminais de leitura de códigos de barras –, o volume de negócios da Altronix aumentou ligeiramente em 2015, para 3,6 milhões de euros. Um resultado que deixou o empresário nortenho insatisfeito.

A Altronix foi fundada em 2004 por Rui Fonseca, que se “apaixonou” pelo código de barras quando tinha 13 anos.
A Altronix foi fundada em 2004 por Rui Fonseca, que se “apaixonou” pelo código de barras quando tinha 13 anos. Direitos Reservados



"Pensava que o crescimento iria ser maior. Na minha opinião foi travado porque fizemos muito trabalho de negócio do dia-a-dia, mas fizemos poucos projectos. Isso tem claramente a ver com o Portugal 2020, que não alavancou os negócios porque as candidaturas não avançaram. Acredito que muitos projectos de clientes médios e grandes passaram para 2016 quando era suposto avançaram em 2015", fundamentou.

O ano que passou foi também de quebra na quota de exportação, que baixou para 18% devido à diminuição das encomendas de Moçambique (onde vendeu soluções para os cartões de contribuinte) e de Angola, onde fez os cartões para as forças armadas e já teve como clientes a Sonangol e o Banco Sol. De um portefólio com quase seis mil projectos em oito países, destacam-se clientes como a Bosch, TAP, FedEx, Sonae, Brisa, Embraer, Intermaché e Ministério da Defesa, a quem há dois anos vendeu terminais portáteis com leitura de código de barras para automatizar a gestão do imobilizado.

À filial em Lisboa, a empresa somou no final do ano passado uma outra em Espanha, que com a quebra dos dois mercados de língua portuguesa ascendeu à liderança dos melhores mercados externos e deverá ser a alavanca do negócio em 2016. "Já trabalhávamos com Espanha há muitos anos, temos grandes clientes, mas todo o processo era liderado por Portugal. Conseguimos abrir em Madrid depois de muito estudo do mercado, trabalho de ‘backoffice’ e com a alocação de capital humano da Altronix para lá", recordou o director.

Adeus "portuñol", olá móveis do Inatel

Com um modelo de negócios replicado do existente em Portugal, instalações em Madrid e a contratação de duas pessoas nativas – "o facto de falarmos ‘portunhol’ não ajudava o negócio" –, Fonseca tem a "expectativa de em dois anos chegar à mesma facturação" que tem no mercado português. O próximo passo, acrescentou, "é passar também o fabrico para Espanha para ter um prazo de entrega mais rápido e ter essa ligação de fabricante" do outro lado da fronteira.

Em Portugal, onde emprega 33 pessoas, um dos projectos em curso, com um valor que supera os 70 mil euros, resultou de um concurso ganho com uma solução desenvolvida de raiz para o Inatel, e integrada no software deles, para gerir todo o imobilizado nas diversas delegações. São 120 mil peças, como cadeiras, sofás ou televisões, que, em vez de terem uma etiqueta, vão passar a ser identificados por radiofrequência (RFID), disponibilizando toda a informação sobre elas, como a localização, quem foi o produtor ou se está no prazo de garantia. "Para o Inatel era um custo enorme porque tinham de estar constantemente a identificar as peças que eram retiradas pelos clientes ou mudadas de local", resumiu o gestor da Trofa.

Rui Fonseca é um dos impulsionadores do movimento "Vá lá, Portugal Merece", criado em 2014 e que reúne já perto de 200 empresas portuguesas. "Já existia o ‘Portugal Sou Eu’, mas este não tem uma componente política – nasce no tecido empresarial – e não só valoriza o produto mas também o capital humano português, que tem de ser preservado e enriquecido. O nosso talento fugir prejudica-me directamente porque não há boas empresas sem bom capital humano. Sou totalmente contra as pessoas emigrarem, só em último caso mesmo", detalhou. "Até as crianças têm orgulho em ser portuguesas" é o tema do último conteúdo em suporte vídeo criado por este movimento difundido através da Internet.

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