A RTP gastou 13 milhões de euros no ano passado em rescisões por mútuo acordo, segundo o relatório e contas relativo a 2014 a que a Lusa teve acesso.

"Embora não afecte a conta exploração de 2014, de notar que a empresa despendeu o valor de 13 milhões de euros em rescisões por mútuo acordo, razão pela qual teve de conter as despesas de investimento e alargar a utilização de crédito de curto prazo, dado não estar ainda contratado o financiamento de médio e longo prazo previsto para apoio às medidas de reestruturação", refere o mesmo documento.

O número de trabalhadores da empresa no final de 2014 era de 1.689, menos 129 que em 2013 (1.818).

O lucro da RTP subiu 146,2% face a 2013 para 38,2 milhões de euros, enquanto os rendimentos operacionais, que são constituídos por fundos públicos (contribuição para o audiovisual [CAV]) e receitas comerciais, recuaram 9% para 213,5 milhões de euros.

Os fundos públicos registaram uma redução de 29,3 milhões de euros, ou seja, menos 15,1% face a 2013. "Esta variação deveu-se, sobretudo, à eliminação da indemnização compensatória de 42,3 milhões de euros, só parcialmente compensada em 2014 com o aumento do valor da contribuição para o audiovisual", refere a empresa.

No que toca aos gastos operacionais a estação pública registou um aumento de 0,7% para 211,9 milhões de euros.

Os custos de grelha subiram 22,9% para 84,1 milhões de euros enquanto que os gastos com pessoal recuaram 4,9 milhões de euros "devido ao efeito das rescisões efectuadas por mútuo acordo", traduzindo uma quebra de 6% para 75,8 milhões de euros.

Recorde-se que em 2014 a RTP deixou de receber a indemnização compensatória, passando a viver somente da taxa para a contribuição audiovisual (CAV) e das receitas comerciais.

Em 2014, os capitais próprios da RTP continuaram negativos, mas "apresentaram uma evolução positiva de 38,2 milhões de euros face a 2013, decorrente exclusivamente do resultado líquido positivo em 2014", refere a empresa no seu relatório e contas.

No final de Dezembro, o capital próprio da RTP era negativo em 29,6 milhões de euros, tendo diminuído 56,4% face a 2013.

"Este comportamento reflecte um dos grandes objectivos prosseguidos pela RTP desde 2003, o de conseguir a estabilidade financeira do serviço público, apenas possível com uma estrutura de capitais positiva", refere a empresa no relatório.

O documento refere ainda que a RTP atingiu "o menor passivo bancário da sua história e aproxima-se de ter capitais próprios positivos".

As contas de 2014 dizem respeito à liderança de Alberto da Ponte na administração da empresa de comunicação social pública, uma vez que o actual executivo de Gonçalo Reis só entrou em funções em Fevereiro último.

Fonte oficial da RTP explicou ao Negócios que as contas relativas a 2014 ainda não estão fechadas, faltando alguns pareceres que deverão estar concluídos em poucas semanas.