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"Procura-se" para a indústria real e para o comércio virtual
Nichos da indústria direccionados para a exportação e serviços de comércio electrónico estão na lista restrita dos sectores mais activos e promissores no recrutamento, juntando-se assim às tecnologias de informação e Comunicação (TIC), que continuam a contratar em Portugal. No trabalho temporário, o maior número de vagas direcciona-se para "call centers" e departamentos comerciais, independentemente do sector de actividade.
Carlos Maia, "office manager" da Hays, apontou ao Negócios que várias empresas ligadas ao desenvolvimento de "software" têm crescido muito orientadas para o mercado interno e externo, sustentadas no crescimento do segmento "mobile". Dentro da indústria orientada para a exportação, existem actualmente "nichos particularmente activos", como calçado, indústria química, metalomecânica, papel e equipamentos médicos. No grande consumo destaca-se quem produz e vende as "marcas brancas" e o comércio electrónico (E-Commerce) tem tido "um enorme crescimento no último ano, com múltiplas empresas a apostarem seriamente neste canal comercial", acrescentou.
Em termos de funções, detalhou, os comerciais de exportação são cada vez mais procurados, enquanto as tecnológicas têm uma "escassez crónica de profissionais em tecnologias mais recentes, muito associadas à Internet móvel". Perfis de controlo e avaliação de custos e riscos, especializados em recuperação de crédito e que contribuam para aumentar a eficiência e optimizar processos em ambiente industrial têm motivos para sorrir. Se não chegar, podem fazer-se valer da fluência em inglês, espanhol, alemão, italiano e francês, pois são muito procurados para facilitar as vendas ao exterior e a internacionalização.
Industrialização já mexe
O consultor da Michael Page (MP) Porto, Carlos Andrade, corrobora que o sector mais activo é a indústria, essencialmente a exportadora, sublinhando "bons exemplos na área do calçado, têxteis, química, alimentar e ligadas às tecnologias da informação". Já no que toca às funções, detecta "dois paradigmas distintos".
É que, por um lado, há um "volume de recrutamento interessante em funções especializadas de cariz mais operacional" (como engenheiro de processo, melhoria contínua, supervisores de produção, técnico comercial e gestor de mercado externo ou "controller" de gestão industrial). Por outro, acrescentou, há "alguma oferta" para gestão de topo e funções com "algum impacto estratégico ao nível da organização", como direcção financeira, de logística, de produção e comercial.
Perspectivando o futuro próximo, o responsável da MP frisou que as TIC vão "continuar a ser a área onde a investigação, investimento e crescimento será ‘exponencial’", antecipando, contudo, que "vão surgir mais empresas ligadas à área de ‘e-commerce’ e empresas que desenvolvam soluções que permitam a realização de quase tudo a partir de casa e local de trabalho".
Em termos geográficos, o Grande Porto e a Grande Lisboa concentram a maior parte das ofertas, ainda que Carlos Maia, da Hays, aponte "‘clusters’ industriais e empresariais dispersos, mas de valor económico em Aveiro, Setúbal, Viseu, Leiria, Braga e Viana do Castelo". A nível internacional, completou Carlos Andrade, são Angola, Brasil e Moçambique quem mais recruta os candidatos portugueses. Na Europa, os destinos são a Alemanha, a Suíça e os países escandinavos.